(XVI) Azul é a cor mais quente

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(Jeongguk POV)

🐇🐤
   

A última vez que precisei usar terno foi aos 8 anos de idade, quando meus pais viraram testemunhas de Jeová. E o trauma de bater na porta das pessoas em pleno domingo de manhã e usar gravata borboleta me acompanha para todo o sempre.

Até hoje tenho medo de tudo que aperta meu pescoço desde golas rolês, gargantilhas e claro, a maldita gravata.

Mas, naquela noite eu teria que aguentar por tempo indeterminado, ou pelo menos até começarmos a ficar bêbados e já não ser tão importante assim ficar bonito pras fotos.

Sim, meu amigos, o tão aguardado baile de formatura. Eu já estava no pique para dar adeus ao ensino médio (que se foda todo mundo, nunca gostei de vocês mesmo) e que venha o chefão aka a faculdade.

— Ansioso?

— Tá brincando né? Tô suando igual um condenado. — Afrouxei a gravata, esperando Lisa arrumar a saia do vestido para entrarmos juntos.

Me virei para olhar a entrada dos fundos do colegio, cheia de balões e corações pendurados —  meu dedão doía há dois dias ininterruptos por ter cortado aquilo só com a ajuda da minha fiel tesourinha cega. E a rua lotada mais parecia o tapete vermelho de alguma premiação que eu via na TV, carros de luxo e limusines parados no acostamento.

O nosso uber só parecia sem graça no meio deles.

Lisa segurou minha mão suada com a sua e eu me permiti sorrir, porque ela também sorria, nervosa. Era uma fase importante que passamos juntos.

Eu me sentia pateta demais passando a mão nos meus fios desbotados com uma só unha azul, que eu havia pintado essa manhã num novo ritual de sorte, esperando que o baile dê bons frutos. Porque, depois da raiva que passei no sábado por uma caralhada de fatores, todos eles com o tokinho envolvido, eu merecia ter uma boa festa. Queria me distrair do meu tormento mental que se chamava Park Jimin, aquele que se tornou o meu pior — ler-se gostoso — pesadelo.

Contrataram uma equipe de fotógrafos a serviço dos alunos e também cabines para fotos instantâneas, mas a fila para tirá-las estava lotada demais para esperar, então demos a volta e entramos direto no baile.

O pancadão do MC Kevinho já tomava conta na quadra de futebol americano — a maior do colégio e a que foi escolhida para sediar o baile —, devidamente decorada, obrigado. As mesas de comida foram espalhadas pelos quatro cantos do lugar e era só nelas que eu me importava naquele momento, mas logo o empurra-empurra me fez pensar que talvez, ficar em casa assistindo a nova temporada do De férias com o Ex, teria sido mais proveitoso.

— Larga o celular! — Lisa gritou no meu ouvido. O aparelho estava tão grudado na minha mão que poderia se transformar em uma extensão dos meus dedos.

E longe de mim estar com ele na mão esse tempo todo olhando as notificações de cinco em cinco minutos esperando algo que eu nem sabia direito o que era. Não sou esse tipo de cara.

Porra, olhei de novo.

— É que tô meio preocupado com os meus irmãos.

— Mentiroso! — Ela me puxou, entramos com tudo no meio do pessoal dançando e tenho certeza absoluta que recebi uma sarrada assim… de graça. — Seus irmãos estão muito bem seguros com o seus pais.

Lisa parou no meio da pista de dança, logo me puxando com mais força quando voltou a andar.

Yoongi estava perto da mesa de frios, com um terno branco composto por uma camisa florida em conjunto de uma gravata vermelha e amarela. De alguma forma bizarra, tudo ornava. O Min era o tipo de cara que ficaria bonito com o meu uniforme do posto e ainda lançaria tendência.

Disputa Acirrada •Jikook•Onde histórias criam vida. Descubra agora