Quebrando de vez as paredes do aquário

571 40 29
                                    

- Quero fazer um pacto pré-nupcial – disse Bulma, sentada no colo de Vegeta e sorrindo para ele.

Ele a encarou desconfiado. Então disse:

- Pactos pré-nupciais normalmente são propostos por homens na minha condição para protegerem seus bens quando se casam com mulheres mais pobres, mas eu confio em você, Bulma.

Ela riu e disse:

- Não é esse tipo de pacto, seu bobo. – ela deu nele um beijo de leve – eu não estou falando de bens materiais ou dinheiro. Estou falando de confiança.

- Ok – ele murmurou, ainda irritado.

- Eu gosto da sua mania de segredos quando se trata de boas surpresas, como essa – ela mostrou a casa – ou a caixinha de música que eu ganhei de Natal. Mas não quero nunca descobrir que você escondeu de mim uma recaída da depressão ou um novo pensamento suicida. Promete que vai confiar seus sentimentos a mim, Vegeta?

Ele a encarou, sério. Ele era um ser humano naturalmente fechado, desde criança. Orgulhoso, muitas vezes arrogante, e que sempre tinha acreditado que podia resolver tudo, inclusive o que guardava dentro de si mesmo, sozinho. Mas tinha sido justamente esse jeito de ser que o confinara naquela torre por cinco anos. Tinha sempre escondido seus sentimentos, frustrações e dores todas dentro dele como uma grande arca que ele trancara e decidira esquecer em algum lugar do porão da sua alma.

Só que Bulma tinha trazido luz para aquele porão. Ela tinha se interessado por ele como pessoa, sem nenhum interesse no que ele tinha, em quem ele era. Ela havia apenas se proposto a cuidar dele, e cuidara tão bem que ele havia se apaixonado por ela. Quando começou o caminho de volta, ele não sabia que ela estaria esperando por ele de braços abertos no final, apenas queria sair daquele estado de raiva e tristeza permanente, tinha começado o tratamento em busca de paz de espírito e tinha sido bom que ela só tivesse, de fato, se envolvido com ele no final do processo.

De repente, Vegeta sorriu para ela porque a entendia. Puxou-a para seu abraço e sussurrou no seu ouvido:

- A minha vida toda sempre acreditei em resolver tudo sozinho, e não depender de ninguém. Mas foi só quando você estendeu a mão para mim e me ajudou que eu percebi que não iria chegar a lugar algum sozinho. Eu prometo que se a escuridão voltar, eu te pedirei ajuda, e peço que também confie em mim. Aquele dia em que você chegou aqui, molhada e chorando porque tinha sido enganada foi muito importante para mim, porque mais cedo eu achei que você iria embora depois da grosseria que eu te fiz. Que bom que você não desistiu de mim e lembrou de mim pra pedir ajuda.

Ela o abraçou com mais força e ele disse:

- E sabe de uma coisa? Depois que você me deu aquela caneta nunca mais tive problema para assinar nada. Jamais me atreveria a perder a caneta que você me deu.

Ela riu e fechou os olhos, em paz finalmente nos braços fortes dele.

***

Ela optou por não se mudar imediatamente para o apartamento dele, e, pelo menos duas vezes na semana dormiam juntos no apartamento dela. Era como quando ele passava noites na casa do amigo Kakarotto quando era criança: havia um pouco de caos sem criados para arrumar tudo assim que necessário, mas havia vida e graça naquele ambiente.

Bulma tentava cozinhar para os dois, e ele ainda se divertia mais quando dava tudo errado e eles eram obrigados a pedir comida com ela choramingando que precisava tomar aulas com Chichi. Então, viam filmes juntos, na sala dela que parecia um ovo perto da dele, ou simplesmente ficavam juntos.

Numa dessas noites, estavam beijando-se no sofá dela quando ela começou a tirar a camiseta de malha dele que murmurou:

- Mas no sofá?

As Paredes do AquárioOnde histórias criam vida. Descubra agora