Dois corações com frio

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Vegeta abriu a porta para Bulma, quando ela chegou ao apartamento e seu coração batia acelerado, ele mesmo não sabia porquê. O vestido azul envolvia seu lindo corpo como uma luva, molhado e colado a ela, os cabelos escorriam pelos ombros, agora num penteado visivelmente desfeito pela chuva. Seus olhos estavam vermelhos, injetados de chorar e a maquiagem escorrida, deixando-a com um ar devastado e tristonho. Ela trazia os sapatos de salto na mão e parecia perdida como um cãozinho na chuva, e ele teve vontade de aconchegá-la em seus braços e dizer a ela que estava tudo bem, mas, em vez disso apenas falou:

- Você quer tomar uma chuveirada quente? Quer roupas secas?

Ela abriu a boca e não saiu som algum, Vegeta estendeu a mão para ela, que segurou e ele disse:

- Vem, entra.

Ela entrou e ele fechou a porta. Àquela hora o apartamento estava quase todo escuro, apenas umas poucas luzes no mezanino. Ele fechou a porta e viu Bulma diante de si, ainda parecendo arrasada e disse:

- Vá já tomar um banho, mulher. Antes que eu te atire na piscina para que acorde.

Ela olhou para ele e finalmente esboçou uma reação, dando um ar de riso. Ele sorriu para ela:

- Por favor, reaja. Eu sou péssimo em consolar pessoas.

- Ok, Vegeta... mas eu não tenho nada aqui a não ser uniformes.

- Eu te consigo alguma coisa.

Ele subiu e ela o seguiu ela parou, hesitante, diante do quarto de enfermagem e ele disse:

- Tem roupa íntima aí, não tem?

- Sim – ela disse, sentindo-se meio patética.

- Pegue. Eu espero.

- Eu posso...

- Vá lá. Não discuta, mulher.

Ela foi e voltou com uma toalha e lingerie embalada, que havia no armário.

- Vem – ele disse e ela o seguiu. Ele entrou no quarto dele e ela o seguiu, hesitante. Ele abriu um armário e pegou uma longa camisola feminina e um roupão felpudo cor de rosa numa gaveta e entregou a ela, que ficou olhando, perplexa. – que foi? – ele perguntou e ele mesmo respondeu – houve uma época em que mulheres esqueciam coisas aqui.

Ela riu, pela primeira vez.

- Pode usar meu banheiro. Vou preparar o quarto de hospedes para você.

- Você vai preparar? – ela riu.

- Pode não parecer, mas eu não tenho criados arrumando minha bagunça 24 horas por dia – ele disse, rolando a cadeira para fora do quarto – esvazie a banheira quando sair.

- Tá bom, chefe – ela disse e ele sacudiu a cabeça.

A suíte de Vegeta era grande, luxuosa. Uma porta de vidro dava acesso a um banheiro privativo que tinha um chuveiro adaptado para ele e banheira, não era uma jacuzzi imensa como a do spa, mas ela achou boa a ideia de entrar numa banheira. Melhor que seu chuveiro patético que às vezes esfriava a água de repente.

Quando estava imersa na banheira usando a espuma que achou numa prateleira, começou a pensar sobre tudo que havia acontecido. Yamcha a estava traindo, sabia-se Deus desde quando. Os plantões que ele cobria, as ligações que ele demorava a atender... lágrimas vieram aos seus olhos de novo, mas dessa vez, de raiva. Ela tinha se deixado ficar demais naquele namoro. Quanto tempo havia que ela já não se sentia tão amada? Que ela já não se sentia amando?

Pensando honestamente, Yamcha nunca havia sido um namorado ardente, e nem ela. Uma relação confortável, um casal bonito... mas nada além disso. Mergulhou a cabeça na banheira, a água quente e borbulhante era um delicioso conforto. Esfregou o rosto e tirou o que restara de maquiagem. E relaxou, pensando apenas nela e apenas naquele momento por um instante.

As Paredes do AquárioOnde histórias criam vida. Descubra agora