Inesperado.

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Acordei um pouco tarde, devido os meus pensamentos não saírem dele.., depois fiz minhas obrigações domésticas diárias, tomei banho, fui ao mercado, fiquei um tempo com Jake e ao escurecer fui ver Bea, queria contar sobre Aaron, quando chego, vejo Annie, uma amiga do colégio.

- Oi Jane, como está ? - ela diz com um sorriso enorme no rosto.

- Estou ótima, e você ? — respondo com outro sorriso.

— Ansiosa para o evento?

— Que evento?  — pergunto.

- Aquele da casa abandonada, como você pôde esquecer? — ela ri.

O evento da casa abandonada é uma festa que ocorre todo ano na maioria das cidades, eu nunca fui pois sempre achei desnecessário esse tipo de evento, eles reúnem a maioria dos jovens, compram bebidas, drogas e tudo que eles puderem usar pra sair da sobriedade.

— Falta muito tempo ainda — digo tentando disfarçar meu desânimo.

— Promete que vai mesmo assim? — ela diz sorrindo.

— Tudo bem.. — falo vencida.

Ela sorri e eu me sento no sofá, conversamos sobre inúmeros assuntos, até que Bea finalmente resolve aparecer.

— Vamos? — ela chama e eu não faço ideia do que ela está falando.

—  Pra onde ? — pergunto confusa.

— Vem, vamos sair — ela me puxa e Annie também, estava com um vestido, dependendo de onde iriamos, não estava mal arrumada.

Chegamos ao destino e quase as matei.

— Um bar? Sério ? — falo frustrada.

Elas sorriem e me puxam pra dentro.

— Eu não posso beber, vocês são loucas? 

— É só um pouco Jane, você já é quase maior de idade — Annie diz.

— Quase? Vou fazer dezessete ainda! — falo ao ver as bebidas chegando.

— Eu ficarei de olho em você — Bea diz e me dá o copo — Você merece isso depois de tudo que já passou.

Ela tem razão.

Um copo não me faria mal, por mais que tinha medo de ser como meu pai, eu sabia como me controlar e também sabia que ali seria a primeira e a última vez.

Bebi o primeiro copo.

Senti uma leve queimação na garganta, era bom, eu não podia negar.

Segundo copo.

Annie ria pra mim dizendo que aquilo ainda era fraco.

Pediu algo para o garçom mas eu não tinha conseguido ouvir, ele trouxe um copo pequeno, o líquido era transparente,  diria até que seria água se o cheiro não fosse tão forte.

Terceiro copo.

Aquilo era ruim, mas eu queria mais, pedi mais daquilo, Annie chama de doses, algumas coisas ja rodavam mas eu dizia que estava tudo bem.

Quarto copo, depois o quinto, o sexto, e o sétimo.

Eu já não aguentava mais, tudo parecia confuso e já havia uma pontada de arrependimento em mim, Bea estava me olhando e eu dizia a ela que estava tudo bem,mas não estava.

Em um momento veio uma onda de tristeza,  queria chorar mas logo em seguida senti vontade de sair pulando.

— Vamos embora — Bea fala me puxando e puxando Annie pelo braço, antes de sair vejo o relógio marcando quatro e meia da manhã,  ou pelo menos achava que estava marcado isso.

Eu conseguia andar normalmente mas não sentia, era como se eu estivesse flutuando.

Quando chegamos, Bea mandou eu e Annie se ajeitar no sofá por que ela iria buscar cobertores, em segundos, Annie caiu no sono, e eu simplesmente me levantei e fui embora, eu morava no final da rua mesmo.

Queria ir pra casa, precisava ver Jake.

Atravessei a rua, estava um pouco enjoada e com muita dor de cabeça, ando devagar, mas quando vejo que estou perto,  sinto que vou cair, minhas vistas do nada escurecem, e quando estou quase no chão sinto alguém me segurando.

— O que aconteceu com você?  — Não consigo abrir os olhos, reconheço Aaron pela voz.

— Por que ta fazendo isso ? — disse encostada em seu peito, tentava me levantar mas não conseguia — Deixa eu levantar.

- Claro, assim que conseguir se manter em pé - disse levantando e me levando até em casa.

Ele estava ali de novo e por mais que não esteja totalmente sóbria, estava feliz, meu coração estava um pouco menos acelerado e eu sentia muita vontade de perguntar inúmeras coisas a ele.

Quando chegamos, abriu a porta com a chave que estava em meu bolso e antes perguntou se podia entrar, respondi que sim e ele me colocou deitada no sofá, pedi pra que ele ligasse a luz mas não quis, apenas ficou la, sentado em minha frente, me olhando, e quando viu que estava com frio, ele então pegou o cobertor que estava dobrado no outro sofá e me cobriu.
Aaron era estranho e não sabia se era isso que me fascinava, ele me passava medo e ao mesmo tempo confiança, eu o queria ali, queria ele perto de mim mas não sabia se era o certo. Não o conhecia, o máximo que sabia era o seu nome.

Eu o encarava, e ele o mesmo.

- Por que fez isso ? — repito a pergunta, tento me manter se olhos abertos.

— Porque eu quis — por um instante me arrependo de ter perguntado.

- Você deve ter algum problema - disse revirando os olhos e percebendo o que eu havia acabado de falar.

- Vários - ele respondeu sério.

Quando pensei em dizer algo, reparo em seus olhos, eles estavam negros, totalmente negros, pisco algumas vezes pra ter certeza do que estava vendo, ou era só efeito do álcool.

- Tem uma menina lá em cima e está sangrando .. - ele disse pausadamente , fui me levantando mesmo cambaleando e me aproximando devagar, eu percebia seu nervosismo.

Ignoro sua fala.

— Aaron o que você tem ? - estava perto e encostei minha mão em seu rosto, ele suava frio, e estava de cabeça baixa, até que rapidamente ele me encara, abre os olhos que estavam negros, na pouca luz que tinha na sala, conseguia ver, eram tão escuros, eu me senti mal quando os encarava, era algo bizarro e assustador.

Ele segurou meu pulso tirando minha atenção de seus olhos e apertou.

— Está machucando Aaron — disse tentando me soltar.

Ele não diz nada e só me solta quando Rachel está descendo as escadas chorando com Jake atrás, ela esta com a barriga sangrando, tinha se cortado, eu estava mais surpresa com ele.

Como que ele sabia que estava sangrando?

Depois de ajudar ela, voltei pra sala e ele não estava lá, chamei por seu nome e nada, me sentei novamente com Jake e Rachel ao lado, enquanto falavam e se explicavam.

Aaron tinha alguma coisa escondida e eu precisava descobrir, como uma pessoa normal descobriria que outra está sangrando? 

Tem algo errado com ele, e eu preciso descobrir.

A Culpada.Onde histórias criam vida. Descubra agora