Hospital.

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Acordei em um hospital com Jake sentado ao meu lado, de cabeça baixa chorando, ia chamar por seu nome, mas não tinha forças, e minha cabeça doía, eu o escutava dizendo baixo que não aguentaria mais uma perda, meu coração doeu ao ouvir isso.

Mas estava feliz por ele estar ali, nada de ruim havia acontecido e eu estava aliviada.

Mexi a mão pra que ele pudesse perceber que estava bem, ele olhou pra mim de uma forma que jamais tinha olhado antes, ele se levantou e me abraçou, senti seu ar de alívio, apontei para garrafa de água e ele então me deu um pouco, com a voz fraca só o disse que o amava e que não ia o deixar, ele sorriu pra mim e me abraçou novamente, depois de me explicar que passei dois dias desacordada, disse que teria de ir trabalhar pois ja estava atrasado mas que a tarde voltaria, eu apenas concordei e sorri de volta.

Quando vi que ele ja tinha ido, pensei no que havia acontecido, e sem que percebesse voltei a dormir.

Acordei com Bea me abraçando e chorando, ja me sentindo um pouco melhor, eu sorri pra ela.

- Eu estou bem, para de chorar - eu disse com um tom divertido e ainda com a cabeça doendo.

— O que raios você tem na cabeça?  — ela pergunta e ao lembrar daquela coisa me arrepio.

— Está todo mundo bem? — falo.

Ela não responde.

- Agora você tem de descansar — ela muda de assunto — Depois conversamos — beija minha testa.

Eu sorrio forçada,  Karl não saia da minha mente, como Annie pôde deixa-lo lá?

- Se lembra como veio parar aqui? - ela pergunta.

- Não foi Jake? - disse pensando.

- Não, Jake estava em casa quando ligaram pra ele dizendo que você estava aqui, eu estava junto dele, te esperando.

Fico em silêncio.

— Depois conversamos — ela sai da sala.

Alguém praticamente salvou a minha vida e eu não sabia quem era, de certa forma estaria totalmente grata a tal pessoa por que sei que pouca chance de sobreviver eu teria se tivesse ficado lá.

Durmo outra vez e sonho com Karl.

Ele estava de joelhos chorando muito,  eu o abraçava mas ele não me sentia, ele reclamava por estar sozinho e eu dizia que ele não estava, mas era em vão.

Acordei de madrugada e Jake estava do lado.

— O que houve com Karl? E Annie?  — pergunto ao ver de olhos abertos.

- Então Jane, iamos dizer sobre isso depois.. - estava estampado seu nervosismo.

- Pode falar - disse seria e calma.

- Bem, como você sabe, uma pessoa ligou me informando onde você estava e além disso, falaram que Karl havia batido forte a cabeça e como não foi socorrido rapidamente, ele.. - eu o corto.

- Já entendi. - eu viro para o outro lado e fecho os olhos, suspiro ao me lembrar, foi culpa minha, tudo culpa minha.

Eu não sei nem o que pensar, parecia que toda pessoa que se aproximava de mim, morria.

Eu poderia ter tirado ele dali, nem que fosse arrastando, ou pelo menos ligado pra alguém, por que não pensei nisso antes!?

Lembro do nosso rápido beijo, como pude imaginar que minutos depois, isso aconteceria?

E por que Karl? Logo ele que era um bom rapaz.

Imagine seus familiares como estão..

— E que eu saiba, Annie está bem — ele finaliza e eu me viro.

Não queria mais conversar.

Ele repara que nao queria conversa e logo pega no sono.

Eu ainda fico algum tempo pensando como aquilo tudo era possível.

De manhã cedo, a enfermeira chega me dizendo que terei alta hoje pois estava muito bem e não havia quaisquer sequelas. Bea aparece com uma sacola, imaginei que eram roupas, mas era meu sorvete preferido, em meio a risos, nós três comemos e arrumamos juntos a sujeira que fizemos, ele sentou ao meu lado e pediu pra que eu descansasse mais um pouco antes de receber alta, e foi o que fiz.

Já a tarde, ele me acorda com tudo arrumado, ainda sonolenta, coloco minha sapatilha e pego a minha bolsa, ele pega em minha mão, agradece a enfermeira que nos entrega alguns papeis e saímos de lá. Bea está no carro nos esperando, sento ao lado dela, conversamos sobre as recomendaçoes do medico que ela fez questão de ouvir, até que ela comenta de Annie.

- Ela pediu desculpas por não ter vindo te ver.

Não digo nada.

- Mas que iria em breve lá na sua casa.

- Tudo bem então, obrigada por avisar - me limito em dizer.

Percebi então que Jake havia dormido, olhei pra ele e imaginei a preocupação e medo que deve ter passado.

- Ele não saiu do teu lado esses dois dias - Bea me desperta dos meus pensamentos e vi seus olhos marejados.

- Ele deve estar muito cansado, e por culpa minha. - acaricio de leve o rosto dele.

- Não importa o cansaço, o importante é que você está aqui. - vejo as lágrimas descendo e ela tentando disfarçar olhando pro trânsito.

- Eu não sei o que faria sem vocês em minha vida.

- Vamos parar com essa melação - Jake fala gritando e nos dando um pequeno susto.

- Não estava dormindo? - olhei pra ele com cara de confusa e ao mesmo tempo rindo.

- Vocês falam demais, é imposível dormir - ele brinca conosco e depois me da um beijo na testa - eu te amo irmãzinha - ele pisca pra Bea e ri dela por ter chorado - também te amo sua chorona - meu irmão não sabe ser carinhoso.

- Ta, e o que vamos comer hoje ? - Pergunto sentindo meu estômago roncar.

- Que tal um lanche? - Jake recebe um soco de Bea.

- Você ta doido? Jane não pode comer nada disso. - sua cara de responsável e mandona me faz rir.

- Por que não? Vai Bea, deixa de ser chata - ele a provoca

- Verdade Bea, eu estou bem.

Ela não diz nada, mas sorri.

- Isso - Jake celebra e ri, eu rio junto.

Vamos pra casa rapidamente, pedimos os lanches e depois de muita conversa e risada, Bea se vai, restando apenas nós dois, pergunto a ele sobre a tal ligação mas ele não dá muitos detalhes, diz que era uma voz grossa, talvez de um homem, mas estava muito nervoso pra reparar, eu assinto com a cabeça quando ele diz depois que ia se deitar, então faço o mesmo, foi um dia cheio, nada melhor que uma boa noite de sono.

Acabo sonhando com aquela coisa, eu estava correndo e ela me seguia, dizia que iria me pegar de qualquer jeito, eu me escondi no meio de árvores mas sabia que estava perto daquilo.

Despertei num susto, quando ouvi alguém batendo na janela, de certa forma eu estava satisfeita por aquele sonho ter acabado, quando levantei para ver não tinha ninguém, apenas um bilhete.

" Tudo ainda só está começando, você pode evitar ficando apenas longe dele "

Aquilo me assustava, não mais que ver aquela coisa ou o sonho, mas me assustava.

Respirei fundo e pensei que isso era da mesma pessoa da ligação, Aaron disse que daria um jeito nisso.

É, ele não deu.

A Culpada.Onde histórias criam vida. Descubra agora