capítulo 8

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POV Ana

- Eu estou te avisando! - Christian grita logo atrás de mim. Acabamos de chegar em casa da escola.

- É melhor cuidar da sua vida garoto! - Digo apontando o dedo na direção dele. - Eu não fico te perseguindo por todo o colégio. Será que precisarei te denunciar as autoridades? - Ameaço.

- Muito engraçada! - Ele diz cruzando os braços e mais uma vez sou atraída para aqueles montes bem trabalhados e cheios de veias. 

- Você acha? Obrigada! - Provoco retomando meu foco.

- O que está acontecendo aqui? - Grace pergunta com sua calma habitual.

- É só o Christian sendo um babaca, Grace. - Respondo. - Ele deu agora para seguir todos os meus passos.

- Meu filho, por que você está fazendo isso? - Ela faz a pergunta de um milhão de dólares.

- Eu estou cuidando dela, mãe. - Diz se fazendo de inocente.

- Eu recuso o seu cuidado. - Falo já me preparando para subir para o meu quarto.

- Jack é ardiloso, Anastácia. - Christian diz, porém o ignoro e subo as escadas. Jogo minha bolsa na minha cama e rapidamente me tranco no banheiro para tomar um bom banho, mas não demoro muito, uma vez que pretendo assistir o pôr do sol. Os dias tem passado rápido aqui e eles me fizeram ver que viver no litoral tem suas vantagens, como por exemplo contemplar o mais lindo pôr do sol já visto em todo país.

Coloco um short jeans e uma regata branca, pego meus chinelos de dedo e desço rapidamente as escadas. No andar de baixo vejo Raymond, Grace e Christian com copos na mão.

- Ana, você quer chocolate quente? - Grace oferece.

- Quando eu voltar. - Respondo.

- Onde você vai? - Raymond e Christian perguntam juntos. Reviro os olhos.

Já não bastava um controlador?!

- Vou ver o pôr do sol da praia. - Digo correndo para abrir a porta. Ainda ouço Grace comentar algo relacionado a ela também adorar assistir o pôr do sol.

Nunca pensei que diria isso, mas estou gostando de viver aqui. A paz que este lugar transmite eu nunca tive em todos os meus quase dezessete anos de vida, pois me conectar com a natureza me fez ser mais grata pelas mínimas coisas que possuo, pelos meus novos amigos, por cada minuto que passo ao telefone com a minha mãe, por ela estar feliz por enfim ter encontrado um cara que a está fazendo bem... Sim, minha mãe está namorando sério, e isto é inacreditável! Sempre soube de todos os rolos dela e ela dos meus, mas ela nunca namorou com ninguém além do meu pai, eu acredito que ela não tinha se curado dele totalmente, e as pessoas sempre dizem que um grande amor é difícil de esquecer, bom... eu acho que finalmente ela conseguiu seguir em frente.

Saber que José tinha um caso com a minha melhor amiga Helena foi difícil, mas não tanto quanto deveria ser. No fundo eu agradeço a Helena por isto, por me fazer terminar com alguém que além de não gostar suficientemente para pensar em construir um futuro não me respeitava quanto mulher. Ele ainda agiu como um verdadeiro idiota ao usar o mesmo discurso clichê de todos os homens cafajestes "Eu tenho necessidades, Anastácia". É claro que eu mandei ele se foder até a próxima geração e agradeci aos céus por não ter passado de alguns amassos com ele mantendo assim, minha virgindade intacta, porque por mais que eu pudesse vir a esquecer da maioria dos detalhes que tornavam o momento especial, isto não anula o fato de ser um momento importante e delicado na vida de uma garota e ele nunca seria digno de participar de algo tão marcante na minha vida.

- Foi este pôr do sol que me fez decidir ficar aqui definitivamente. - Ouço Raymond falar já sentando-se ao meu lado. - Espero não ter te assustado e nem te incomodar sentando aqui. - Diz cauteloso.

- Não incomoda não. - Falo. - Eu não te ouvi chegar. 

- Você estava imersa em seus pensamentos. - Ele diz justificando a minha distração. 

- Você tem razão. - Digo.

- Você está concordando comigo? - Pergunta com um sorriso lindo no rosto.  É mesmo impressionante o quanto o tempo tem sido generoso com Raymond. - Estava pensando em alguma forma de fugir daqui? - Brinca.

- Não, não estava. Eu não posso ir embora uma vez que as aulas já começaram, não tenho costume de deixar as coisas pela metade. - Respondo. As aulas tinham começado a quase dois meses e eu poderia sim ir para outro colégio, porém estava gostando de viver aqui, mas jamais admitiria isso.

- Isso me faz lembrar de mim, de como conheci a sua mãe. - Diz e olha para o horizonte e eu logo imito seu gesto. - Eu vivia para o surf e de repente por conta de uma lesão não podia mais fazer aquilo que mais amava, me mudei com os meus pais para Nova York tentando a todo custo retomar o controle da minha vida e ai conheci a garota mais linda, bondosa e meiga. - Fala no que sorrimos juntos. - A mais divertida, obstinada, companheira, sensata, madura... 

- A mamãe é tudo isso mesmo. - Concordo novamente.

- Ela não resistiu ao meu charme, mas quem em sã consciência resistiria? - Provoca me fazendo sorrir.

- Bem que a mamãe falou que você é convencido. - Digo.

- Falou, foi? - Pergunta sorrindo. - Eu amo a sua mãe, Annie, eu nunca deixe de amá-la. - Revela ainda sorrindo e me encarando. - Éramos muito novos, tínhamos sonhos diferentes e precisávamos vivê-los, entende? Eu não tinha o direito de anular os desejos da sua mãe e fazê-la viver os meus, ela sempre foi uma mulher forte e obstinada, igual a você. Então, certo dia a gente conversou e resolvemos nos separar... a dor que eu senti foi muito maior do que quando ouvi dos médicos que eu nunca mais surfaria profissionalmente. - Diz emocionado. - Eu ainda tentei reatar, tentei achar alguma solução para a gente quando descobrimos a gravidez dela, mas Carla sensata do jeito que sempre foi não permitiu, ela disse que eu era um espírito livre, que eu não combinava com muros de concretos e que a minha felicidade estava muito distante dali. - Fala e vejo a primeira lágrima derramar de seus olhos. -  Eu fui egoísta em ter deixado vocês duas sozinhas, eu deveria ter me adaptado por vocês. Provavelmente teria até gostado de viver lá. - Completa após um longo suspiro.

- Você fez o que foi certo. - Afirmo. - Você pertence a tudo isto aqui. Foi aqui que você construiu uma família, realizou a maioria dos seus sonhos e é feliz. Não se sinta mal por isto. - Falo tentando consolá-lo. 

- Mas isso me distanciou de você. - Responde me olhando fixamente. - Me perdoe.

- Nós vamos perder o pôr do sol. - Digo a primeira coisa que vem a mente para fugir daquela situação. Eu nunca havia tido uma conversa tão franca com Raymond antes. Estava apavorada por sua sinceridade e surpresa por enxergar ali, naquele momento características que só ouvia minha mãe falar, porém nunca as tinha visto.

- O Sol está quase se pondo. - Diz chamando minha atenção novamente. - As pessoas costumam dizer que todo pedido feito no momento em que ele desaparece no horizonte se realiza, então faça um pedido, Annie. - Diz me encorajando.

- Você não vai fazer o seu? - Pergunto enquanto o sentia me observando contemplar o show no céu.

- Eu faço todos os dias o mesmo pedido, filha. - Revela me fazendo sentir pela primeira vez como alguém importante na sua vida.



~•~


Não sei vocês, mas eu acho que o coraçãozinho da Ana começou a amolecer 💕 🙈
Será o início de uma trégua?
Outra coisa que também estou achando é que vocês estão gostando da fanfic, pois ela ainda se encontra em 1° lugar no ranking #fanfic2020

Obrigada ❤️
A gente se lê em breve 🏄

I Saw The Love In Your EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora