19.

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Tiago

Liguei para o meu restaurante de sushi preferido e encomendei aquilo que comia habitualmente, vou até ao balneário, tomo banho, garantindo ao Nuno que amanhã iríamos jantar juntos e eu lhe contaria tudo. Passo no restaurante para levantar a minha encomenda e fazer o pagamento e logo dirijo novamente para casa. Assim que estaciono o carro no interior da garagem, subo até ao andar de cima e tudo estava igualmente calmo, tal como quando eu saí, por isso olho para o relógio e vejo que já são 19:30.

"Estava na hora de ser feita uma pausa nos estudos antes que a rapariga fique sem os poucos neurónios", penso e logo sorrio com a maldade do meu pensamento

Filipa

Estava no silêncio do meu quarto, tão concentrada naquilo que estava a fazer, que acabo por não reparar que Tiago tinha já voltado a casa.

- Ainda aí? - ele pergunta apanhando-me de surpresa

- Não é fácil estar numa faculdade pública por mérito próprio, sabes? Nem toda a gente acaba o 12 ano numa equipa principal de futebol - digo revirando os olhos no final

- Pronto fera, calma - ele responde com as mãos no ar em sinal de rendição

- Acho bem - falo séria logo terminando com o meu teatro e passando à verdadeira pergunta - É estás aqui a fazer o quê? Já com saudades minhas?

- Não te aches nada de especial - ele responde logo saindo do meu raio de visão - Preciso que venhas cá em baixo ligar a máquina de lavar, por favor - ele grita por já estar possivelmente a meio das escadas

- Não sabes fazer nada sozinho miúdo - falo enquanto solto um largo suspiro e me levanto da minha cadeira espreguiçando-me por ter lá estado tanto tempo

Assim que acabo de descer as escadas e entro na cozinha vejo pequenos pratos de sushi distribuídos pela mesa enquanto Tiago se encarrega de colocar os copos em cima da mesa.

- O que é isto? - pergunto com um enorme sorriso na cara por colocar os olhos em cima da minha comida favorita de sempre

- Uma pausa nos teus estudos e o jantar - ele responde olhando para mim - Não me esqueci que te estava a dever um prémio

- Sempre é melhor do que seres tu a cozinhar - digo em forma de provocação enquanto me sento na cadeira de um dos lados da mesa e ele se senta à minha frente

- Estás a duvidar dos meus dotes para fazer arroz de atum? - ele pergunta gozando com ele próprio fazendo com que eu não conseguisse conter a gargalhada

- Como é que sabias que gostava de sushi? - pergunto mudando de conversa enquanto bebo um pouco do meu copo de água

- Conheço-te mais do que aquilo que tu achas - ele tenta convencer-me do que tinha acabado de dizer mas perante a minha cara de não convencida, tenta outro tipo de respostas - Tenho as minhas fontes

- Fontes? Acabaste de vir do clube por isso só pode ter sido alguém da equipa e ninguém me conhecesse a esse ponto - penso em voz alta - À exceção do João - digo olhando para ele mas logo ele nega com a cabeça, fazendo com que eu pensasse mais um pouco restando-me apenas mais uma pessoa - Tu foste falar com a minha irmã?

- Como bom colega de casa, tive de te trazer o jantar

- Colega de casa? - pergunto ironicamente - Ela acreditou nisso?

- Claro, é isso que somos não é? - ele responde com outra pergunta e eu sabia perfeitamente que aquilo era um teste e ele esperava um deslize meu

- Depois do sushi, acho que devíamos ser amigos - respondo naturalmente, o que não deixava de todo de ser verdade

- Amigos? Sei... - ele responde e logo faço questão de mudar de conversa enquanto vários temas fluem como desenrolar do tempo

(...)

Após o jantar eu disponibilizo-me para arrumar a cozinha e assim ele conseguia ir mais cedo para o quarto e descansar, no entanto insiste em ficar a fazer-me companhia e acabo por ceder, reforçando que não me responsabilizava se ele tivesse quebras de rendimento

- Tudo bem, tudo bem - ele concorda apenas para me calar e muda logo de tema - Mas diz lá, o que é que estavas a estudar?

- Anatomia, mas acho que já tive a minha dose por hoje porque aquilo já me estava a matar - digo enquanto solto um pequeno riso - Por isso quando subir vou passar para fisiologia - afirmo pousando o pano de cozinha na banca após secar as mãos e virando-me para a sua direção - São disciplinas muito parecidas, mas a fisiologia é menos científica mas mais esclarecedora, percebes? Consegues entender como todo o corpo se liga e trabalha para que tudo se processe corretamente e exista o sucesso humano. Para mim isso é absolutamente fantástico - digo e reparo que me estou a entusiasmar demasiado quando olho para ele e o mesmo estava com um sorriso nos cantos da sua boca - Isto suou demasiadamente estranho?

- Não, não - ele responde apressadamente após abanar a cabeça como se estivesse a tentar concentrar-se - Eu sinto-me dessa mesma forma com o futebol, são coisas que não conseguimos explicar. Gostas do que fazes, é totalmente normal

Após a fala dele ambos sorrimos e encaramos os olhos do outro fixamente; mesmo que uma distancia considerável nos afastasse, era possível sentir o ambiente pesado e tenso à nossa volta dentro daquela divisão. Até que o som de notificação do telemóvel dele, acaba por nos acordar daquele momento.

- Obrigada pelo jantar - respondo enquanto caminho até aos primeiros degraus das escadas

- Quando é que admites? - ele pergunta olhando fixamente para mim como tinha passado a ser habitual ultimamente

- Admito o quê? - pergunto verdadeiramente confusa

- Que no fundo toda esta conversa de não falarmos mais do que o necessário e de passarmos a sermos "amigos" - ele diz a última palavra fazendo o sinal de aspas com as mãos - não passa de um teatro gigante para chegarmos ao que nós dois queremos - ele termina de falar já encostado a mim

Sou obrigada por mim a dar consecutivos passos atrás para manter uma margem de segurança, no entanto cada passo meu originava outro passo dele na minha direção, até eu estar totalmente encostada à parede e sem escapatória possível, por isso não me restava nada para além de entrar no jogo e depois tentar de alguma forma esquivar-me o mais rápido possível.

- Nós queremos? - pergunto levantando a minha cara para olhar diretamente nos seus olhos diminuindo ainda mais a distância dos nossos narizes - Porque é que não começas por dizer o que tu queres? - faço outra pergunta enquanto apoiava o meu cotovelo no seu ombro e a minha mão passava na sua nuca

- Tu sabes perfeitamente o que eu quero e sei que queres tanto quanto eu - ele responde colocando também a sua mão na minha face

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Não era suposto  ||  Tiago DantasOnde histórias criam vida. Descubra agora