27.

1.1K 41 1
                                    

Filipa

Depois do Tiago eu senti que a qualquer momento ia entrar em colapso total, que ia cair e agora não havia forma nenhuma do precipício no qual eu ia cair. O que significava que isso não podia acontecer, não podia deixar que isto me afetasse tanto como estava a acontecer e por isso ia respirar fundo e acalmar-me. No fundo não aconteceu nada que eu não soubesse ou não esperava, logo teria que estar preparada; mas a verdade é que nunca ninguém está pronto para ser enganado e bater com a cabeça na parede.

A vida era mesmo assim, dava-nos partidas que nós não esperávamos e não temos uma verdadeira escolha, não passava de uma ilusão de liberdade, de uma ilusão que tu tinhas o comando da tua própria vida e podias mudar de rumo como quem muda tão facilmente de canal; quando na verdade tratava-se apenas de um falso livre-arbítrio. Eu estou cansada desse falso comando, tinha que criar o meu próprio comando, que só eu tivesse acesso, sem horários, teria que funcionar durante 24horas por dia e eu seria dona dele durante todo esse tempo; ah e sem pilhas, porque cada vez que uma delas acabasse existiria uma janela de poucos minutos em que eu estaria fora do controle de mim mesma; o que não poderia acontecer nem numa situação de extrema urgência.

Eis que me levanto da minha cama, vou até à minha casa de banho, passo àgua na cara, troco de roupa para umas leggins pretas e um top de desporto igualmente preto, volto para o meu quarto, pego num casaco de fato de treino, nos meus airphones e telemóvel e saio de casa no meu carro sem qualquer tipo de destino, só queria correr durante uma hora, regressar a casa, jantar e dormir; na pobre esperança que amanhã seja um novo dia, totalmente diferente e definitivamnete mais positivo do que hoje.

Tiago

Quando a Rita me tinha ligado no dia anterior eu não queria acreditar naquilo que via na tela do meu telemóvel, não era possivel que ela tivesse lata para me ligar depois da forma como as coisas acabaram e tomaram o seu rumo. Por isso desliguei a chamada, mas perante a insistência acabo por atender o telemóvel na terceira tentativa

- O que é que se passa? - pergunto assim que atendo a chamada, deixando a simpatia e compreensão de lado

- Nós precisamos de falar, por favor. Eu não estaria a pedir se não fosse um assunto de extrema necessidade - ela fala com uma voz rouca e de choro que logo despertou a minha preocupação, porque apesar de tudo eu não me tornei uma pessoa insensível. 

Talvez antes eu fosse desligar o telemóvel e seguir com a minha vida, ignorando qualquer que seja o problema; mas agora, depois de ter conhecido a Filipa, eu senti que estava mudado e já não era capaz de fazer uma coisa tão fria.

- Tudo bem - respondo pensando em possibilidades que não envolvessem a Filipa descobrir alguma coisa; neste momento o que eu menos queria era estragar a confiança dela que eu tinha conquistado - Vou te buscar a casa daqui a 15 minutos e podemos ir jantar ao seen

- Pode ser, avisa-me só quando chegares - ela fala e logo desligo o telefonema desconfiado daquilo que me esperava

(...)

Quando chegamos ao restaurante eu vi que a cara de Rita não era boa e eu não queria acreditar que aquilo fosse tudo um teatro apenas para voltar à conversa que merecíamos uma segunda oportunidade , por isso assim que nos sentamos eu passo logo à pergunta que estava a encher a minha cabeça e a resposta não podia ser mais diferente daquilo que eu esperava. Rapidamente ela coloca um teste de gravidez em cima da mesa e eu fico perplexo com os cenários que me passavam na minha mente. Sem deixar muito tempo para raciocinios ela logo explica que está grávida de quase 5 semanas e que não haveria outra hipótese para além daquele filho ser meu; fico algum tempo sem palavras enquanto tentava pensar numa solução daquilo parecer menos dramático, porque sendo honesto, não era uma coisa que eu quisesse tão cedo nem com uma pessoa que já não tinha nenhum tipo de relação

- Tiago, se tu não quiseres assumir esta criança, eu não consigo sozinha - ela fala enquanto começa a chorar - Se a negares, eu vou abortar

Aquela última frase era nitidamente uma ameaça e aí eu percebi que estavam de volta as estratégias da Rita e que eu estava entre a espada e a parede, nunca me passaria pela cabeça abandonar uma criança que poderia ser minha, mas com o que ela tinha dito eu percebi completamente que era mais uma forma de me prender. Por isso eu teria que ter a certeza absoluta que a gravidez era verdadeira e neste momento mesmo que o filho não fosse meu, não iria deixar que ela matasse aquela criaça desnecessariamente.

(...)

Agora que Filipa conhecia apenas uma parte da história, sinto que não podia ter feito as coisas desta maneira, não podia ter escondido a verdade nem o verdadeiro motivo do jantar. Percebo que ela esteja desiludida e magoada comigo, contudo espero que lhe consiga explicar que não foi uma coisa escolhida por mim; porém teria que resolver primeiro o drama com a Rita e perceber o fundamento desta história.

Tinha-me informado sobre tudo o que poderia fazer ou não numa situação destas, por isso sabia que a primeira ecografia só poderia ser feita daqui a praticamente 1 mês mas poderia ser feito um exame sanguíneo daqui a uma semana que indicaria se exitia de facto a gravidez ou não.

Ainda não tinha falado das minhas pesquisas com a Rita e não tencionava fazer tão cedo, porque tenho viagem marcada daqui a 3 dias para os estados unidos e só voltaria quase um mês depois. Por isso, deixaria que ela pensasse estar no controle durante este tempo, evitando que surgissem mais imprevistos ou que Rita imaginasse uma forma de virar o texto. 

Desço as escadas, depois da discussão com Filipa e Rita estava na sala à minha espera

- O que é que estás aqui a fazer? - pergunto sem paciência para ouvir a voz dela

- Estava a pensar que podiamos ir passear e ter um jantar mais calmo - ela fala caminhando na minha direção

- Hoje não vai dar - respondo ouvindo a porta principal ser fechada, o que significava que Filipa tinha saido de casa

- Vá lá, acho que nós merecemos - ela fala mas rapidamente a corto

- Entende uma coisa, isto não vai mudar nada. Não existe um "nós", nunca mais - falo duro e levando-a até à porta - Depois falamos  

-------------------------------------------------------------------Perdoem algum erro possível e ajudem me a corrigi-los e melhorar para vocês.

Não se esqueçam de ★!

Deixar a vossa opinião nos comentários ou mandem-me mensagem porque eu tento responder o mais rápido possível!

Até breve!

NÃO COPIES, CRIA! ♡

Não era suposto  ||  Tiago DantasOnde histórias criam vida. Descubra agora