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Filipa

Acordo com o som do despertador do João porque eu certamente não tinha um despertador para tão cedo. No momento em que me ia virar, sinto-o a sair delicadamente da cama e a caminhar até à porta praticamente como quem anda de pantufas. Certamente achava que eu estava a dormir e por isso tentou ao máximo não fazer barulho, pena que eu tenho um sono extremamente leve e acordei com o som do telemóvel dele.

Mesmo assim continuei deitada na cama como se tivesse a dormir para não estragar todo o cuidado que ele estava a ter, no entanto é inevitável que um sorriso se forme no meu rosto no instante em que ouço a porta a fechar novamente e estou finalmente sozinha.

Levanto-me lentamente, sem qualquer tipo de pressa vesti o primeiro fato de treino que me apareceu à frente e desço para fazer o meu pequeno almoço porque o Tiago iria comer com a restante equipa no caixa antes de entrar no autocarro rumo ao aeroporto.

Estava sem fome e por isso preparo apenas um chá, enquanto os pensamentos invadem a minha cabeça, por mais que tentasse disfarçar era impossível não sentir uma leve angústia devido a esta situação.

Minutos depois ouço o barulho do jogador a descer as escadas e tento forçadamente mudar a minha cara, mesmo a tempo de ele entrar na cozinha.

- Bom dia - ele fala beijando a minha testa e agindo de uma forma estranha

- Bom dia - respondo com uma leve sensação que algo me está a escapar - O que é que se passa? - pergunto depois de não conseguir segurar a minha voz

- Nada, estou no carro à tua espera - ele responde com um sorriso, que eu sei que não tinha genuíno, e desce até à garagem

A minha vontade era chamá-lo e obrigá-lo a falar antes mesmo de entrar naquele carro, mas não queria atrasar o jogador encarando. Portanto pego no meu telemóvel e faço o mesmo trajeto que ele tinha feito, desço, entro direta no banco do condutor do carro e poucos segundos depois Tiago acaba de arrumar a mala na mala e sentasse ao meu lado.

- Podemos ir - ele fala assim que aperta o sinto

- Não, não podemos - afirmo tirando a chave da ignição e perante a cara dele prossigo - Não vou a lado nenhum até me dizeres o porquê dessa cara

- É a minha cara - ele mantem a sua postura no entanto não acredito 

- Não me convences com essa, estou à espera que me digas o que é que se passa - volto a insistir o que faz com que ele apenas revire os olhos - Se chegares atrasado depois arranja uma boa desculpa para dares ao meu tio

- Filipa eu não sei o que se passa - ele finalmente dispara respirando fundo - Acordei com esta sensação estranha, sinto que não quero ir embora agora que estamos tão bem. Não me quero afastar de ti - ele diz olhando bem no interior dos meus olhos

Aquelas palavras tocaram-me mesmo de uma forma que eu nunca esperei  e também queria que ele ficasse comigo, mas era o trabalho dele e por isso precisava de manter a normalidade na situação

- Anda cá - falo puxando-o para um abraço e volto a falar assim que sinto o perfume dele nas minhas narinas - É o teu trabalho e tens que ir, para além disso nem sequer chega a ser um mês, consegues sobreviver sem mim 

Lentamente ele afasta-se de mim e leva as mãos até à parte de trás do seu próprio pescoço, puxando a corrente que andava consigo todos os dias, retirando-a e repetindo o mesmo movimento desta vez no meu pescoço. Apenas sigo o seu movimento com os meus olhos e espero que ele justifique o que quer que seja que estava a fazer, no entanto ele apenas me encara

- O que é isto? - pergunto colocando a corrente fria para dentro da minha camisola

- É uma garantia que não te vais esquecer de mim até eu voltar  - ele sussurra e sorri no fim

Reviro os olhos mas não de uma forma negativa, sorriu e coloco a minha mão na nuca do jogador, que logo percebe o recado e trata de tornar a distância que nos separava nula, beijando-me.

Separamo-nos, alguns instantes depois, devido à falta de ar e logo arranco o carro porque, por muito que eu quisesse, o tempo não parava de avançar e certamente ele já chegaria atrasado alguns. 

(...)

O caminho foi silencioso, ambos pensávamos como iam acontecer as coisas daqui para a frente e tudo o que poderia mudar nestes tempos, e por isso permanecíamos calados. Em 10 minutos estava no centro de estágios do Benfica, como sou estagiária tenho o cartão que me dá acesso ao parque de estacionamento por isso é lá que paro o carro.

- Tenho que ir - ele fala assim que desligo o carro e ele retira o cinto aproximando-se de mim 

- Vai porque já deves estar atrasado - digo e nesse instante vejo o carro da minha irmã passar na barreira de segurança atrás de nós

- Se calhar não estou assim tão mal - ele brinca assim que repara no carro de Sofia, que logo estaciona ao nosso lado

Decido sair do carro para me despedir também da minha irmã, enquanto Tiago vai buscar a sua bagagem à mala do carro

- Não sabia que vinhas mana - Sofia fala ao sair do carro, dirigindo-se a mim

- Tinha que me vir despedir de ti - falo sorrindo e abraçando-a

- Podes dizer que te vieste despedir do Tiago, todos sabemos - ela sussurra antes de me soltar 

- Então Filipa, por aqui? - é a vez de João se aproximar de mim

- Parece que sim - respondo porque sei que era impossível esconder ao João

- Não te preocupes que eu tomo conta dele - o número 79 sussurra também enquanto me abraça, deixando um beijo na minha testa antes de caminhar até Sofia - Vamos que já estamos atrasados - fala para a minha irmã 

- Se precisares liga-me - ela fala já longe e ao lado de João, deixando-me sozinha com Tiago 


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Não era suposto  ||  Tiago DantasOnde histórias criam vida. Descubra agora