33.

1.1K 47 1
                                    

Filipa

Conduzo até aquele que tinha definido como o meu destino sem nem sequer perguntar ao Tiago se o mesmo concordava, a  viagem passa num silêncio confortável e nada estranho, totalmente ao contrário daquilo que eu achava que ia acontecer à uns dias atrás.

Finalmente estaciono o meu carro, num dos lugares disponíveis junto à praia. Desligo o motor do carro e deixo todos os meus pertences no porta-luvas, assim como Tiago, levando apenas a chave do carro no bolso interior do meu casaco. Saio do carro, abro a porta a Mel para que ela nos acompanhe e pego na sua trela colocando-a apenas cruzada no meu tronco passando por baixo do meu braço direito como se fosse uma carteira, pois a canina estava totalmente habituada a andar solta e seguir-me sempre.

Assim que iniciamos a nossa marcha até à zona onde eu queria iniciar a corrida decido interromper aquele silêncio que nos envolvia

- Vais aguentar ou queres desistir já? - pergunto em forma de total provocação

- Tu é que não vais conseguir aguentar o meu ritmo de jogador profissional - ele fala e eu apenas solto um riso, mudando a trajetória para umas escadas que dariam acesso direto à areia, que estava totalmente deserta - Vamos para a areia? - ele faz uma pergunta retórico soltando a risada logo de seguida - Só vais complicar a tua vida

- Isto aqui vai-se até ao limite amigo - digo iniciando o meu cronometro de treino no relógio - Repito, se quiseres desistir é agora. Anda Mel - falo um pouco mais alto antes de começar a correr em direção à zona onde as ondas desaparecem e a areia começa a ficar ligeiramente húmida  

- Não trouxe música é bom que a tua companhia compense - o jogador fala após correr até ao meu lado

- Vais passar a querer vir comigo todo os dias - digo continuando a correr

- Coitadinha, sonhar é gratuito

(...)

Algum tempo depois de ter começado a correr, olho para o cronómetro apenas para ir controlando a situação e reparo que estávamos a correr, acompanhados pela Mel, à quase uma hora e meia. O objetivo estava nitidamente terminado e eu pensava que ainda nem tinha chegado a meio, afinal a companhia tinha resultado bem porque se não tivesse desviado os olhos da minha trajetória não tinha parado tão cedo. Contudo não queria exagerar para não alterar os níveis a que o corpo do Tiago estava habituada, ainda para mais poucos dias antes dele viajar para uma competição.  

- O meu treino habitual acaba aqui - digo abrandando o ritmo até passar a andar 

- Afinal a tua resistência não é assim tão má, estou surpreendido - ele afirma olhando para o meu relógio - Uma hora e meia? - pergunta espantado

- Parece que a companhia rendeu, não? - pergunto provocando novamente 

- É, na verdade eu ia dizer que uma hora e meia não era nada para mim - ele respondo com um ligeiro sorriso no canto da sua boca contudo não consigo evitar de revirar os olhos

- Podes sempre continuar - falo, mudando a direção da minha trajetória para o sentido inverso com o objetivo de voltar apo meu carro

- Ei, espera lá - ele dá dois passinhos de corrida para me alcançar o suficiente para pegar no meu braço - Bom treino e sim, a companhia ajudou 

- Bem me parecia - digo com um sorriso vitorioso, continuando a andar com o braço de Tiago por cima dos meus ombros 

Continuamos a andar pelo mesmo caminho que tínhamos feito anteriormente em corrida e o calor ia tomando conta do ambiente, cada vez mais. Parecia quase impossível que com aquele calor todo, a praia estivesse totalmente deserta; talvez não tivesse assim tão quente mas a nossa temperatura corporal tinha subido devido ao esforço e era normal que isso influenciasse um pouco.

Poucos minutos depois de iniciarmos a caminhada, o braço de Tiago desliza libertando os meus ombros, o que faz com que olhe para ele e repare no jogador a retirar a sua camisola, ficando apenas de calções pretos do clube. Aproveito a deixa para retirar as minhas sapatilhas e casaco, visto que não tinha camisola, restando-me apenas o top de desporto e as leggings pretas que usava; iniciando logo de seguida os alongamentos que até então não tinha feito e era um grande habito meu no fim de cada treino.

Logo de seguida, Mel entende o momento como a nossa pausa habitual, quando eu me sento apenas a olhar para o mar atirando uma vez ou outra, um pau qualquer que a mesma me trouxesse; por isso, trata de procurar rapidamente o pedaço de madeira e aproximasse de mim. Mesmo não estando programado, faço a sua vontade e sento-me lançando o seu mais recente brinquedo, alguns metros pelo ar. 

Seguidamente, Tiago sentasse ao meu lado também descalço e observa igualmente a linha do horizonte, pelo menos é nessa direção que olha. Porém não deixa que o silencio reine por muito tempo

- É agora que vamos falar sobre as nossas vidas? - ele pergunta não desviando os olhos , deixando-me na duvida sobre se a conversa seria séria ou não passava de mais uma das suas brincadeiras

- O que é que queres saber da minha vida? - respondo com uma outra pergunta

- O que contaste ontem sobre a Rita e o teu ex... - ele inicia mas logo interrompo-o

- Sim, aconteceu mesmo. Quando eu vivia no Porto e eramos melhores amigas, tal como contei - agilizo para que logo mudássemos de tema de conversa

- Como é que descobriste? - ele volta a perguntar desta vez comum tom de voz diferente, talvez mais delicado

- Ele era demasiado burro - digo soltando um pequeno siro, no entanto não era algo que eu achasse engraçado - Um dia cheguei a casa dos pais dele e entrei diretamente para o jardim porque a empregada já me conhecia, o que foi o azar dele, porque ele e a Rita estavam enrolados num dos sofás perto da piscina 

- Que otário, como é que ele foi capaz? - ele pergunta para si próprio um pouco revoltado

- Não sei, nem quero saber. Não é uma situação recente, nunca mais o vi e eu não costumo falar sobre ela, portanto está superado - digo tentando sorrir

Logo sinto a sua mão acariciar a minha bochecha, o que faz com que os meus olhos fossem em direção aos seus, estabelecendo um contacto visual tenso. 

- Tudo bem - ele fala quase que a sussurrar - Não vai voltar a acontecer 

- Como é que podes garantir isso? - pergunto de uma forma inocente enquanto grande parte de mim quer acreditar nele

- Porque eu não vou deixar - ele fala convicto, tão convicto que chega até a convencer-me, acolhendo-me no seu abraço seguidamente




-------------------------------------------------------------------Perdoem algum erro possível e ajudem me a corrigi-los e melhorar para vocês.

Não se esqueçam de ★!

Deixar a vossa opinião nos comentários ou mandem-me mensagem porque eu tento responder o mais rápido possível!

Até breve!

NÃO COPIES, CRIA! ♡

Não era suposto  ||  Tiago DantasOnde histórias criam vida. Descubra agora