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- Jisung. - ele responde fazendo uma careta.

Mentiroso.

Falta de firmeza, tom duvidoso, falta de contato visual. Ele está mentindo.

Me levanto e caminho em direção à porta. Tudo sob seu olhar.

- Ângela. - ele me chama e eu o olho.

Num estalo, ele se levantou da cadeira, correu até mim, me agarrou e me jogou na cama ficando por cima. Seu rosto perigosamente perto, suas mãos uma em cada lado da minha cabeça.

- Sabe... - ele passou os olhos escuros sobre a minha face. - eu fiquei muito tempo naquela prisão, te vendo todo dia sem poder te tocar, sem poder me tocar, sem poder... - ele abaixou seu rosto, logo passando seu nariz pelo meu pescoço. - sentir o cheiro de uma mulher.

Minha respiração se descompassou, meu coração batia mais rápido. A vontade de chorar veio junto com todo o pânico que eu sentia.

Ele sorriu ali. Se levantou, caminhou até a porta e se virou pra mim novamente.

- Espere aí.

Eu queria fugir. Eu tinha que fugir. Mas pular a janela não era uma boa ideia. Me levantei e fui até a porta, logo deixando aquele cômodo. Ele havia fechado as cortinas e acendido as luzes.

- Você não lida muito bem com ordens. - ele diz, chamando minha atenção para o sofá onde ele se encontrava. - Jogue comigo, Ângela.

Olhei para a mesa de centro, onde as peças estavam uma sobre a outra. Me aproximei, logo me sentando à sua frente.

- Cuidado com a peça que tira. - ele ri. - Ou tudo pode desabar bem diante dos seus olhos.

Não entendi muito bem, mas logo algo clareou minha memória. Jisung, como ele me disse se chamar, levantou o quarto dedo de sua mão, foi então que eu me recordei das outras três vezes.

- Infelizmente eu não pude ver como foram as suas outras três quedas, mas, desta vez eu estarei na primeira fila, isso, se não estiver participando do show. - ele diz, jogando na minha frente.

- O que você quer dizer com isso? - questiono.

- Mas eu tenho uma ideia de como foram. Escute com atenção. - ele me alertou. - A primeira queda houve depois do solo preparado, admito ser um bom jardineiro. - ele ri. - O brilho nos seus olhos, o brilho sumiu... onde foi parar essa esperança, Ângela? Ou será que... - ele sorriu e pôs a mão na boca como se estivesse prestes a contar um segredo. - o causador da felicidade se foi, levando consigo toda a cor do seu mundinho? - ele sussurrou.

Dei impulso, batendo minhas mãos na mesa, espalmando-as, levantando parcialmente meu tronco e ficando de cara a cara com ele.

- O que você fez com ele?! - exclamei, a raiva ultrapassando o medo.

Ele fez o mesmo, o sorriso sumiu por segundos de seu rosto, antes de voltar com mais deboche, seu rosto à poucos centímetros do meu.

- Vamos lá, eu adoro as regras... - ele umideceu os lábios. - vamos criar algumas, Doutora.

- O que você fez com ele? - repeti, pausadamente, enquanto tinha meus olhos nos seus.

- Você não tem poder sobre mim. Entenda isso e ficaremos bem... entenda isso e ele ficará bem. - ele diz e se afasta.

Meu sangue ferveu nas veias. Eu queria estapear ele, senão matá-lo.

- Ta legal. O que você quer? - me sentei novamente.

- Agora sim. - escuto sua risada.

(...)

Senti seus braços ao meu redor e tudo que eu queria era vomitar. Jisung pediu para dormir comigo, apenas isso. Estranhei, mas não vi tanto problema, até porque a cama em que ele dormia parecia ser muito desconfortável. E também não era como se eu pudesse fazer muita coisa.

- O que eles já fizeram de bom pra você? Fala sério, você é tão dependente. - ele diz, calmamente. - Não estou te humilhando ou debochando de você. Você se acomodou, Ângela. Você é uma mulher forte e tem muito potencial, mas prefere ser uma cadela domesticada.

Ouvi tudo quieta. Era algo a se pensar, mas ele não sabe das minhas dores e cicatrizes. Fingi estar dormindo até de fato pegar no sono.

Acordei com o som da televisão. Era música. Era animado. Saí da cama, desci as escadas e o encontrei dançando no meio da sala. Jisung dançava como se sua vida dependesse disso e o melhor de tudo era que não estava ruim, ele dança bem.

- Bom dia. - disse para ele, assim que ele se jogou no sofá, ofegando.

- Bom dia! - ele disse animado e eu apenas o encarei.

Outra música começou, mais animada que a anterior. Ele veio até mim, me puxou e começou a me girar na sala, antes de começar a "dançar" comigo.

Nem se eu quisesse eu poderia segurar o riso. Era caótico, inesperado, mas, apesar de tudo, era divertido.

- A doutora Ângela Ramirez não sabe dançar? - ele debocha.

Logo eu me imponho, ficando ereta e domando a dança. Senti seu corpo enrijecer de primeira, mas logo estávamos rindo novamente.

- Olha, - passei meu dedo pelo canto da sua boca. Ele recuou com o toque. - seu deboche está escorrendo.

Ele me olhou incrédulo.

- Sabe fazer piadas. - ele diz incrédulo e admirado. - Você é uma caixinha de surpresas, não é mesmo?

- Não é como se eu me escondesse, fingisse ser outra coisa. - dou de ombros.

Ele se afastou, se largando no sofá. Seus olhos estavam fechados, seus braços atrás de sua cabeça lhe davam um ar despojado. Sai da sala, indo em direção à cozinha, onde comecei a fazer o café da manhã.

No meio de todo o ato, me senti estranha. O que eu estava fazendo, afinal? Eu deveria expulsar ele, fugir e chamar a polícia. Mas pensando melhor, ele tinha Hyunjin na mão, e logo me tinha na outra. É realmente melhor passar por tudo isso sem estar presa ou com o namorado morto. Já vi do que Jisung é capaz.

Terminei o café, ia avisá-lo, mas ele já estava entrando na cozinha. O silêncio me surpreendeu, mas me reconfortou. Eu não estava aberta a conversas de qualquer forma. Tomamos o nosso café, eu subi para tomar banho e me demorei por lá.

Ao descer, devidamente vestida, não notei nenhuma movimentação, por mínima que fosse. Discretamente o procurei, até não achar e começar a fazer isso descaradamente. Ele havia ido. Tranquei a porta e liguei para Bang, depois de ligar a televisão e ver as reportagens sobre a explosão. Então ele não mentiu.

- Ângela?! Eu te liguei diversas vezes, você está bem? - ele perguntou, desespero em sua voz.

- Eu... eu pensei que estivesse morto, meu Deus, Christopher, você nem imagina o conforto que sua voz me trás. - digo, alívio presente no tom.

- Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou. Depois de anos juntos ele me conhecia como ninguém.

Quase marquei um encontro, mas tinha medo de Jisung. Tanto por Chistopher, quanto por Hyunjin.

- Hyunjin desapareceu, faz semanas e agora esse negócio da fuga e a explosão... - suspiro. - Tudo de uma vez, sabe?

- Estou indo ai. - ele disse.

Meu coração saltou, e ele desligou antes mesmo de eu poder argumentar contra. Se Jisung voltasse, se Jisung visse, se...









E a maluca perdeu o dia da atualização.

Foi mal ai, gente. Eu estou escrevendo esse bilhetinho aqui um dia depois do dia da atualização, mas só vou publicar só daqui uns dias, vou recompensar. Amo vcs e desculpa.

Smile :) [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora