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"Terroristas são adolescentes querendo atenção, para mudar o pensamento do público através do medo."

Naquela noite Minho havia chegado em casa com outro carro, ele havia trazido consigo uma pasta da delegacia, uma pasta do caso Ângela. Minho se deixou aproveitar o momento, ele se sentou com um copo de uísque e reviveu aquela noite lendo o relato da vítima.

Minho se lembrava exatamente de tudo, de cada segundo, cada arfada, do som estridente da derrapada.

" - O que você está fazendo?! - perguntou Jisung.

- Eu preciso de um carro. Pare de fazer barulho. - frio, respondeu Minho.

- Qual é o plano?

- Quando um carro se aproximar, eu quero que se jogue na frente dele, eu vou cuidar do resto. - Minho explica tirando um revólver da cintura.

- Ok."

O carro de Ângela se aproximava há alguns quilômetros dali, o farol denunciava e Jisung já estava pronto. Quando o carro se aproximou, Jisung se jogou na frente dele sem ao menos exitar. Ângela desviou do corpo assim que percebeu sua aproximação, Minho nem teve tempo de agir e seguir seu plano. Ele foi pego de surpresa.

Jisung não se feriu gravemente naquele dia, mas ao notar a mudança drástica dos ideais de seu parceiro, decidiu que era melhor deixá-lo seguir sozinho. Ele foi preso meses depois.

O fato era que depois daquela noite, Minho tomou um gosto pelo não pensado, pela falta de regras e expectativa. Ele não esperava que caísse um bom número no dado, ele jogava e se virava bem com o número que caía. Ele decidiu a partir daquele incidente que nunca mais seria pego de surpresa, pois ele odiou a sensação. Minho trazia com essa aversão à surpresa um outro sentimento que envolvia a doutora Ângela Ramírez, ele não sabia o que era e odiava isso, ele odiava ela. Ele queria fazê-la sentir essa falta de apoio, ele a queria tão perdida quanto ele ficou naquele instante.

- A vítima não falava muito, seu choro pouco nos deixava entender o que saía de sua boca... - Minho lê as palavras com gosto, sua satisfação era tão grande quanto sua vontade de vê-la desesperada daquele jeito pessoalmente.

No quarto, Ângela dormia profundamente. A mulher esperou até onde pôde para vê-lo chegar e espiá-lo, mas ele demorou. Ela sentiu medo, pois agora estavam mais perto de seu amigo e ainda tinha Hyunjin, ela sentia que eles corriam perigo com Minho à solta pela cidade.

Em seus sonhos Ângela se via nos braços de Hyunjin, longe daquilo tudo. Mas diferente de tudo que ela achava, uma afeição pelo maníaco ou algo em sua personalidade já se acomodava dentro dela. Achar interessante por ser um desafio, quase uma incógnita, ou por se surpreender a cada segundo com ele.

(...)

O detetive foi chamado naquela noite. Christopher acordou atordoado, o coitado estava prestes a aproveitar seu primeiro dia de folga em meses, ele se encaminhou para a delegacia com o pensamento de que desta vez Minho não iria escapar. Ele percebeu que havia algo errado com aquela ocorrência, não teve bagunça, ninguém morreu e pelo depoimento curto da moça, ele agiu de maneira maliciosa mas não ameaçadora. Um comportamento estranho para um meliante qualquer. Naquela noite Christopher ficou até amanhecer pensando no que poderia ter acontecido, até dar falta do caso Ângela nos arquivos. Ele estava de volta.

- Não acredito que ele teve a ousadia de vir aqui... e fazer isso... - Bang disse enquanto sua cabeça balançava para os lados, em sinal de descrença.

Nesse momento, tudo o que ele mais queria era entender. Ele precisava estar a um passo à frente de Minho para isso, e sem Ângela ao seu lado era difícil ver além de apenas um lado. Ele se sentia impotente, fracassado. Mas com tudo isso acontecendo Christopher não tinha tempo para esses pensamentos auto depreciativos, ele começou a ligar oa fatos, estudou tudo sobre o cara sem identidade com o que estava ao seu alcance, pensou como ele achava que a racional Ângela pensaria e somente quando o sol estava se pondo ele chegou à uma conclusão que o levaria à ponta solta de todo esse novelo de lã.

Hyunjin estava enlouquecendo, se afundando em teorias sobre onde Ângela estava e como estava. O rapaz perdeu algum peso, era notável, seu rosto estava mais fino. O rapaz mal conseguia se concentrar no trabalho, logo agora que seu caso estava em um ponto decisivo, ele nem se importava em ganhar. As ligações de sua cliente o chateavam de um maneira que ele nunca imaginaria, ele mudou o toque várias vezes, para ver se deixava de ser irritante. Hyunjin estava cansado, pensou diversas vezes em procurar por conta própria, e estava ficando cada dia mais certo disso, apesar de todos os avisos do detetive. Ele leu e releu a ficha que disponha sobre o último paciente de Ângela, ele precisava entender... e se Ângela estivesse morta? Porque haviam muitas linhas com a palavra "instável" sublinhadas nas anotações da Doutora. Qualquer coisa poderia ter acontecido e polícia não estava ajudando muito. Hyunjin conversou com Christopher muitas vezes, ele sabia que o detetive estava tão exausto quanto ele, mas poxa, ainda era o amor da sua vida lá fora, perdida com um estranho psicótico.

Ele estava lutando como se soubesse que a cada dia ficava mais distante dos pensamentos de Ângela. Eles se amavam, se precupavam um com o outro, mas nessas circunstâncias era difícil. Ele precisava focar no trabalho, até porque, com noiva desaparecida ou não, as contas sempre chegavam. Ela precisava compreender o jogo de Minho para se afastar de uma possível morte, aliás Minho é instável.

- Vou sair, você já sabe o que fazer. - Minho diz enquanto abotoa sua camisa, dando a Ângela uma visão de sua cicatriz.

- O que vai fazer? - ela pergunta com um fio de medo em sua voz.

Ele nada respondeu, apenas virou as costas e saiu. Ângela quase se desesperou, mas lembrou que manter a calma era o melhor a se fazer enquanto estive com Minho ao seu redor. A mulher suspirou, acalmando-se com uma respiração ritmada, logo se pôs a procurar por alguma coisa que a ajudasse a sair dali mais rápido. Minho não iria até a cidade apenas para mudar de carro, ele estava em outro local marcante para ele, era óbvio que alguma coisa ele aprontaria. Um papel rasgado com um rascunho de plano, palavras soltas serviriam também, uma foto, um endereço, um nome... qualquer coisa seria útil a essa altura. Ângela revirou cuidadosamente cada canto daquele imóvel, mas nada achou. Resolveu se sentar no sofá, um suspiro derrotado deixou seus lábios. Ela pôs os braços sobre o rosto e recostou no sofá, seus pensamentos precisavam ser organizados. Estava em sua cidade, perto de Bang, de Hyunjin, de uma escapatória. Pensou em como era arriscado Minho tê-la trazido de volta para esse lugar, ela não podia confiar, ele definitivamente estava planejando algo e seria logo, ela não tinha tempo.

Mal sabia Ângela que os papéis que Minho roubou estavam debaixo do sofá onde ela se encontrava sentada.

Enquanto isso, Minho passeava pelas ruas como se estivesse de férias. As flores cheiram bem nessa época do ano, pensou ele. Os óculos escuros escondiam sua cicatriz, os cabelos longos ajudavam nisso também, quase caindo sobre seu rosto pálido. Ninguém suspeitava de nada.

Mais tarde, quando Minho chegou em casa, Ângela o esperava sentada no sofá. Ele quase riu ao lembrar que ela poderia ter achado, mas não o fez. O rumo que as coisas tomam é realmente fascinante.

Ele se deixou encarar por alguns minutos antes de se sentar ao lado dela de maneira preguiçosa.

- Está nervosa. Não se preocupe. - ele assegurou, risonho.

- Eu não... - ela começou, seu tom de voz alterado. - Eu não estou preocupada com você.

- Oh! Suas palavras são como facas. - ele se levantou, mudando totalmente de humor.

Ela ainda o encarava, um tanto surpresa com sua mudança repentina.

- Não explodi nenhuma delegacia desta vez. - Minho exclamou.

- Isso é terrorismo. - sentenciou Ângela.

Ele se divertiu com aquilo e, se virando lentamente para ela, agora com a blusa de botões totalmente aberta com os dois lados da camisa dando forma à sua cintura invejável, a encarou com um sorrisinho brincando em seus lábios rosados.

- Terroristas são adolescentes querendo atenção para mudar o pensamento dos outros através do medo. Eu pareço um adolescente pra você? Eu pareço estar querendo provar alguma coisa pra alguém? Uhn? Eu pareço estar implorando por atenção aqui?! - ele se aproximava dela a cada pergunta, até parar com o rosto à centímetros do dela. Sua respiração ofegante, por um misto de sentimentos negativos, se chocando com a dela, de medo. Ângela realmente sentiu medo naquela hora. Com toda a certeza o maior medo humano é não saber com o que está lidando, a falta de conhecimento sobre qualquer assunto, assombra. Naquele momento, Ângela se sentiu assombrada.

Smile :) [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora