Tom Ⅳ

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De noite, as velas acesas na mesa de cabeceira não eram o suficiente para clarear aquele quarto decentemente, mas, por sorte, havia uma lua grande e bonita que iluminava o ambiente com uma leve penumbra, através da varanda que estava com as cortinas e portas abertas. As cores no ambiente escuro também não eram muito bem distinguíveis, mas talvez isso acontecesse pelo fato de Tom estar prestando atenção a outra coisa naquele momento.

Os lábios de Matilda com toda certeza eram bem mais importantes do que descobrir qual era a cor do lençol de cama.

Tinha ido até os aposentos da princesa a pedido dela e quando chego, ela estava com aquele vestido branco perolado que valorizava a cintura e mostrava os ombros, junto com os cabelos laranjas soltos. Não houveram muitas trocas de palavras, pois logo Matilda já tinha chegado perto demais e Tom não foi capaz de segurar as mãos, mas também não houve reclamações quanto a isso, muito pelo contrário, a jovem nobre apenas abriu um sorriso pequeno e cheio de coisas não ditas, deixando Tom ansioso para descobrir cada uma delas.

"Você está linda" o rapaz disse e a forma que a ruiva respondeu com um "eu sei" foi charmosa de uma jeito que ele não sabia que era possível.

Todos os beijos foram de tirar a fôlego e os dois estavam naquela cama grande e fofa, pois Matilda tinha lhe puxado pela camiseta para que ficasse por cima dela, isso enquanto ainda se beijavam. Havia tanta certeza em cada gesto dela que apenas isso afastou qualquer dúvida que Tom pudesse ter.

A pele era macia por baixo da saia branca e quando tocou, deslizando a mão e tirando parte do tecido de cima, pode senti-la estremecer, mas não esperava que ela fosse lhe afastar. Foi com as duas mãos, de um jeito pesado e devagar, por isso Tom ficou sem entender nada e se perguntou se tinha feito algo de errado, especialmente depois que a princesa sentou-se na cama e encolheu as pernas. Tom também se sentou, ao mesmo tempo que ela disse:

Eu não consigo fazer isso...

Olhou para o rosto de Matilda conseguindo distinguir mais detalhes agora que tinha se habituado com o ambiente escuro, mas ela estava com os olhos fixos em outro lugar.

— Eu fiz alguma coisa errada?

— Por Deus, Tom, você não fez nada de errado. — A ruiva se sentou na cama com uma perna dobrada na frente e a outra pendurada para fora do colchão, então pegou a mão de Tom e segurou com as duas enquanto falava daquele jeito tranquilizante. — Eu só achei que conseguiria fazer algo que sempre tive vontade, mas receio. — Houve uma pausa rápida, com ela olhando para a sua mão. — Agora vejo que não esse não é o caso.

Se fosse ser honesto, não estava entendendo muito bem do que ela falava, mas isso também não importava. Se Matilda não estava bem fazendo aquilo, Tom apenas iria compreendê-la e pois queria fazê-la se sentir confortável, mas a próxima coisa que ela falou lhe pegou completamente de surpresa:

Sinto muito...

— Você não tem que se desculpar por nada, tá' tudo bem.

Ela sorriu balançando a cabeça negativamente algumas vezes, então deu um riso fraco e soltou a sua mão.

— Eu deveria ter mostrar uma coisa.

A vergonha subiu pelo rosto do rapaz quando viu a princesa colocar as mãos atrás das costas para desamarrar aqueles cordões que mantinham o vestido branco acinturado, por isso ele virou o rosto para outro lado, sem saber muito bem o que fazer. Mas se viu obrigado a olhando quando a ruiva chamou pelo seu nome.

Ela estava despida apenas da parte de cima da roupa, com duas mechas volumosas de cabelos laranja descendo sobre os ombros, cobrindo boa parte do tronco completamente plano, e o que parecia uma franja longa quase escondendo um dos olhos. Tom não conseguiu parar de olhar depois disso, apenas pensando em como Matilda estava absolutamente linda, porém ela tinha desviado os olhos e segurava a saia do vestido, cabisbaixa.

Tom ousou se aproximar mais dela e apenas tirou aquela franja que escondia parte do rosto da princesa, ganhando um olhar surpreso em troca. Sorriu para a ruiva e, pela primeira vez entre tantas outras, teve a iniciativa de beijá-la primeiro e quando se afastou ela estava com os olhos arregalados.

— Você é maravilhosa, minha princesa.

E absolutamente nada iria mudar isso. Aos poucos um sorriso surgiu nas feições de Matilda e Tom poderia jurar que tinha visto ela corar, mas em meio a penumbra não poderia ter certeza, e por último ela riu:

Eu sei.

Os próximos segundos foram de silêncio, com a ruiva vestindo a parte de cima do vestido mais uma vez e arrumando o cabelo apressadamente.

— Você pode ficar aqui comigo, Tom?

— Seria um prazer.

A ruiva estava sorridente quando se deitaram na cama e ficou muito feliz em aceitar o abraço que o rapaz de olhos negros deu a ela, mas acabou adormecendo primeiro, com uma expressão completamente tranquila. Tom continuou olhando para o rosto dela por alguns minutos, sem conseguir não admirá-la o tempo inteiro, até que também dormiu, mas nem por isso soltou Matilda daquele abraço.

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