— Pai, o que acha que ouve? — questionei quando entramos no carro.
— Sabendo que você será o próximo Capo Cosa Nostra, pode ser um atentado. Mas, não fique preocupado. Seu casamento ocorrerá em breve, eu vou resolver antes de você se tornar o chefe. — ele murmura me olhando, com um olhar indescritível.
— Obrigada, meu pai! — suspiro fundo. — Tem certeza que eu tenho que me casar? Com essa garota?
Meu pai me observa por alguns segundos, creio que procurando palavras para me falar, Alessandro sendo ele mesmo.
— Lorenzo, meu filho. Eu não vi nada demais na jovem, Alice. Ela é uma mulher empoderada, muito forte, te desafiou na frente de todos. Impedindo que você fizesse algo. Corajosa demais. — ele sorriu. — Sua mãe me desafiava sempre, acredite, eu me apaixonei mais e mais por ela.
— Então, eu vou me casar? — a pergunta sai dos meus lábios mais como uma confirmação.
— Isso, só você pode decidir.
***
— Tudo bem, por aí? — Mattia questiona, do outro lado da tela do notebook.
— Sim, mano! — digo movendo meu corpo mais rápido, dando um soco no saco de treino. — Só estou com raiva, muita raiva.
Mattia solta uma gargalhada alta, sei que minha mãe já adiantou o assunto para ele. Sempre fui o mais sensível em relação a mulher, da minha primeira namorado até hoje. Meu irmão não, ele sempre foi o mais frio e calculista. Transava com elas e não ligava no dia seguinte, sempre um cafajeste de uma figa.
— Vou levar Natasha, para seu casamento. Se case, não atrapalhe meus planos com minha noiva. — ele resmunga sério, paro na mesma hora, o olho sorrindo.
— Não acredito, já estou até vendo você querendo quebrar as regras. — digo pegando uma toalha, limpando o suor do meu rosto. — Que feio para um chefe, meu irmão.
Ele sorri.
— Aquela atrevida precisa me conhecer, ela não cansa de me desafiar. Me disse que vai transar com outro homem, só para eu não ter que casar com ela. — ele murmura irritado, nunca vi meu irmão agir assim. Prevejo que ele está se apaixonando. — Mas, algo nela me intriga. Meu irmão, ela esconde algo e eu vou descobrir o que é.
— Desejo sorte para nós dois então. — digo. — Vou te que resolver o negócio do atentado. Até mais.
— Até, tenho um jantar e depois reunião na cápsula. Mande um beijo a todos.
Dizendo isso ele desliga a chamada de vídeo, e eu fecho a tela do notebook. Caminho até o chuveiro da sala de treino, e me apresso a retirar o short e a cueca. Me jogo na água gelada, me lavo com o sabonete e tomo um banho de meia hora. Só saio quando meu celular começa a tocar, sinto meu corpo pegar fogo quando vejo o nome de Alice.
— Alô, Lorenzo? Está tudo bem como você? Fiquei sabendo do atentado. Desculpe pela minha atitude ontem, eu só não queria ver desgraça. Marco e eu fomos namorados, mas ele também é primo da minha mãe. Namoramos escondidos, e ele foi embora quando meus pais descobriram. — ela dizia sem para, quando terminou de falar eu apenas desliguei a chamada.
A pergunta frequente que não sai mais da minha cabeça é, aonde eu fui me meter. Ela me intriga a ponto de me deixar alucinado. Não a conheço o suficiente para fazer acusações, mas namorar o próprio primo. Ainda mais aquele canalha, drogadinho de merda.
***
Alice Moretti
Não sei porque estou tão aflita, deveria ficar feliz dele não querer falar comigo. Afinal não fiz nada para ele agir assim. Movo meu corpo lentamente para fora da cama, guardando meu diário no criado mudo. Visto um pijama rosa com, e me deito. Resolvi espera para ver no que vai dar. Afinal, falta pouco para o meu casamento com Lorenzo. O que mais pode dar errado?
Algumas semanas depois :
02/07
Fecho o diário o guardando dentro da mala, minhas mãos trêmulas e meu corpo todo arrepiado. Amanhã é o dia do casamento com Lorenzo.
Estou sendo levada hoje para mansão que ele mora, sua mãe veio me buscar com alguns seguranças. Hoje é meu último dia de liberdade, estou completamente sem força de vontade para nada. Terei que casar e ser a mulher mais feliz do mundo inteiro.
— Filha, você está sendo muito forte. Obrigada! — meu pai me beijou na testa. — Me perdoe por te obrigar a isso, viu! Mas lembre-se precisamos de proteção.
Não o respondo, saio com minhas malas para fora de casa, dois seguranças ao me ver correm em minha direção. Pegam as malas de minhas mãos e sou guiada para o carro, a senhora que mais parece uma jovem para ser mãe de Lorenzo. Sorri para mim, me abraçando seu toque é suave e me trás uma paz reconfortante.
— Sei como é difícil isso tudo, há 28 anos atrás eu também fui obrigada a me casar com Alessandro. — murmurou limpando minhas lágrimas. — No começo é bem difícil, querida. Com o tempo vocês vão se apaixonar, eu criei meu filho para cuidar e respeitar uma mulher e sei que ele vai fazer isso.
— Eu tinha tantos planos e sonhos, perdi tudo por causa da minha família. — digo desviando meu olhar do dela, limpando uma lágrima que caiu dos meus olhos.
— Quem disse que você não pode ter? Em? Querida, sonhos a gente realiza. Conversa com meu filho, e peça a ele que continue com sua vida fora do casamento. Ele concordará tenho certeza, criei um homem não outra coisa.
Assinto sorrindo, ela limpa minhas lágrimas, volto a minha atenção para o caminho. Ela será uma ótima sogra, nunca pensei que eu teria uma, mas aqui estou eu com uma sogra e amanhã um marido.
Mais ou menos, 40 minutos de distância a casa dos meus pais, chegamos a mansão de Lorenzo. Aurora me explicou que a casa é novo, e que ele só veio para cá hoje. Trouxe o irmão e a noiva, que vieram para o casamento. Eu só assenti, porque Lorenzo não voltou a falar comigo depois do que ocorreu no restaurante.
— Seja bem vinda, a sua nova casa! — ouço a voz de deboche de Lorenzo, vindo da ponta da escada.
Ele simplesmente estava irresistível, usando usando uma calça jeans, sem camisa. Na sua cintura havia duas armas, uma em cada lado, ele havia cortado o cabelo e estava mais do que gostoso.
Puta que pariu, aonde eu vim parar?