O GUARDIÃO DE CORAÇÕES

MEUS QUERUBINS

Fui pra uma cidadezinha no interior dos EUA.
Passei una dois dias sem pensar em nada. Ou pelo nada que fizesse sentido. Depois resolvi repensar todos os passos da minha vida desde menina assim poderia encontrar a resposta da charada de Bruna.
Escrevo uma carta pra Luan, sei que nunca iria ter coragem de entregar, mas era preciso colocar aquilo pra fora.
Carta: meu amor, meu anjo guardião... um dia foste isso pra mim e mesmo reescrevendo sua história sem mim e me fazendo sofrer, ainda te vejo assim. Não mais como um anjo, mas como meu amor. O que é o amor? Me pergunto. Deve ser algo tão louco que não tem como descrever porque somente a insanidade pode explicar eu ainda sentir isso por você. Lembro de cada dia de nossas vidas, só me lembro de você me amar até em meio as incertezas que lhe deixei quando entrei em sua vida. Me amou mesmo sem de fato me conhecer, me amou quando não deveria, quando não queria, quando achou que nunca mais fosse me ver. O que fez com todo esse amor? Eu te pergunto. Por que me faz sofrer assim? Combinamos que sempre falaríamos a verdade. Confiaríamos um no outro. Se ela te ameaçou por que não me falou? Poderíamos juntos bolar um plano.
Imaginava nosso amor como o mar, infinito. Ele era realmente grande, mas não como o oceano, era apenas um rio que por sua extensão parecia não se acabar, mas secou.
Lembro que um dia tudo foi cartas, até...
Lembrei do dia que descobri que estávamos sendo vigiados e falamos por bilhetes. E se fosse isso? E se ele tivesse realmente sendo monitorado e por isso não conseguiu falar a verdade pra mim. E se nem teve tempo pra pensar em outra saída? Será? Será que ele aprendeu mesmo a jogar e tudo era uma farsa pra nos proteger?

Vítor tinha razão. Longe de tudo eu poderia ver a verdade. Ai Senhor, se tudo não passa de um plano meu anjo está correndo o maior perigo.
- Ai amor, quem mandou eu te chamar de anjo? Quem disse que era pra acreditar nisso? Cê é apenas um cantor, homi de Deus, ela é uma criminosa. Meu Pai protege meu anjo.
Agora eu tinha que ter mais foco, mas já estava vendo com mais clareza. E até já sabia quais os próximos passos a seguir. Primeiro reforçar o pedido pra Vítor proteger Luan a qualquer custo e segundo ir ver Bruna. Eu já estava nos EUA mesmo e ela não ia conseguir mentir pra mim me olhando nos olhos. Só precisava ver uma forma de vê-la sem ela fugir de mim e também sem chamar atenção.

- ENQUANTO ISSO NO BRASIL-

LUAN

- É seguro mesmo, Vítor?
- Precisava falar pessoalmente.
- Ela tá bem?
- Quando pensei que estava, ela está prestes a colocar tudo a perder.
- Como?
- Tá indo ver sua irmã.
- Cê me prometeu cuidar dela. Quando vi aquela reportagem dela mal no parque quase não consegui prosseguir. E agora essa.
- Não tem como segurar ela.
- Nem a Rita. Já fiz de tudo, mas ela não esquece a Bianca. E não consigo descobrir como sair dessa.
- Isso não cabe a você. O que pode fazer agora é falar com sua irmã e pedir que suma com todos.
- Como se fosse fácil.
- Se Bianca chegar até eles, Rita também vai chegar, aí sim tudo fica fora do controle, Nicole e Breno tornam-se vulneráveis e perderemos o foco que é Rita.
- É difícil falar com Bruna sem que ninguém perceba, ela está vigiada também.
- A única saída é ir pra lá também.
- Bianca dizia que a saída era a verdade.
- Não nesse caso.
- Se todos descobrissem poderia ser mais fácil. Num acha?
- Tem forças muito grande envolvida, poderiam acabar com a Bianca em dois tempos para não serem descobertos.
- Não sei se consigo mais. Tô com medo.

BIANCA

Nem imaginava o que se passava no Brasil. Fui mais rápida que todos poderiam imaginar. Pensei como uma agente, me fantasiei e penetrei no estúdio que Bruna gravava, peguei ela de surpresa.
- Não fala nada. Não temos tempo, fingi está com uma grande amiga, comece a sorrir e entre no carro comigo.
Ela ficou pasma me olhando.
- Vai Bruna, mas que nunca cê precisa atuar.
Ainda tensa, ela me abraçou, sorriu e fomos para o carro, saí de lá arrancando e já fora do alcance de todos comecei a falar.
- Eu já sei de tudo. Cadê eles?
- Eles quem?
- Meus filhos.
- Eu não sei de nada.
- Bruna, eu sou mãe, não aguento ficar longe deles. Vão estar seguros comigo.
Ela se emociona.
- Eu sei que Luan te instruiu não falar nada.
- Ele acha que tô sendo vigiada.
- Também pensei nisso, porém achei que não estão com segurança máxima senão teria descoberto.
- Eles tão bem. Deixa eles lá.
- Não dá. Por favor, Bruna.
Ela acabou me guiando até lá. Eu mal pude acreditar que minha pequena estava na minha frente.
- Mamaaaaãe - feliz da vida correu até mim.
- Como assim? O que faz aqui? – Mari falou ao me ver.
- Primeiro me mostra Breno, depois explico tudo.
Meu príncipe sorriu pra mim e me deu os braços, me chamou de mãe. Depois de matar um pouco a saudades, conversei com seu Amarildo e Marizete.
- Eu entendo que eles estavam seguros aqui, mas eu estava pirando sem eles.
- As coisas não podiam sair do controle assim. – Mari fala ainda sem acreditar que estou diante de seus olhos.
- A senhora é mãe. Tenta entender.
- Eu até entendo.
- Luan...
- Ele não falou muito pra gente. Quando menos soubéssemos, mais seguro estávamos, foi só o que ele disse. – Amarildo me explicou.
- Ele tinha razão.
Durante a noite, enquanto todos dormiam, peguei as crianças e parti dali. Eu sabia que não era mais seguro para eles. Eu não deixei rastros. Sei que eles iriam sofrer sem saber dos netos e Luan sem saber de nós. Mas ia ser temporário. Se Luan estava mesmo em um plano, uma hora aquele pesadelo iria acabar e nós iriamos voltar.