Justiça

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Duas semanas haviam se passado desde a morte de Dioni e o bruto e inabalável Tomas já não era mais o mesmo. Havia passado cada hora dos últimos dias mexendo seus pauzinhos e puxando fio por fio da extensa teia do grande esquema que estava se desenrolando na cidade. Estava exausto mas sabia que logo aquilo teria um fim, havia conseguido provas suficientes para um mandado para o clube. Sabia que não acharia mais nada lá, eles não seriam burros de manter as garotas lá depois de toda a movimentação do FBI na cidade. Tomas tinha um plano e esperava muito que desse certo.
Chegaram ao clube armados e bem equipados. Mostraram o mandato pra uma câmera que ficava no topo do portão de entrada este foi destravado e eles entraram. Melques em pessoa os aguardava na entrada da boate.
- Ora, ora. Meu velho amigo Bruto em pessoa vindo me fazer uma visita.
- Melques. Eu espero que você tenha tido tempo de limpar tudo muito bem e apagado todos os vestígios do que você andou aprontando aqui, porque eu vou revirar isso aqui de cabeça para baixo.
- Fique a vontade. Você não vai encontrar nada. Sou um cara limpo agora. Não tenho nada a esconder.
- Muito bem. Vocês - Disse apontando para os policiais mais próximos - Vão lá pra cima, olhem tudo e eu quero os computadores para serem analisados pelos peritos. O resto vai comigo para o porão.
E assim eles fizeram. Não era surpresa nenhuma que não haveria nada no porão. Quando chegou ao último degrau da escada Tomas sentiu o cheiro de produtos de limpeza.  Tudo parecia limpo, limpo demais.
Ligou para um dos peritos e pediu que ele viesse analisar o lugar em busca de resíduos de sangue e outra coisa que pudesse ser usada.
Tomas foi até um canto da parede e encontrou um pequeno objeto que estava oculto entre um tijolo e outro. Parecia um olho de urso, um pedaço de brinquedo esquecido ali. Mas, não era. Aquele detalhe foi algo que somente ele ouviu de Dioni. Este não queria contar para ninguém, queria usar aquilo como forma de chantagear Melques e ter uma maneira de se manter vivo, não teve tempo de fazer isso, então contou a Tomas, mas ele não tinha provas suficientes ainda para um mandado, Dioni precisou morrer para que isso acontecesse, as câmeras do hospital mostraram os capangas de Melques e a partir deles Tom conseguiu provas, inconclusivas, mas provas, e só queria entrar ali para pegar aquele objeto. Uma câmera que Dionizio deu para a garota e ela escondeu ali.
Eles terminaram a busca e levaram tudo que poderia esconder alguma informação. Tom foi para a sua sala e deixou os técnicos analisando o que haviam encontrado.
Ligou seu computador e conectou a câmera, haviam horas de gravação. O rosto da garota presa era o mais próximo, ela chorava e gemia e vez ou outra alguém aparecia para jogar comida para elas. Então depois de algumas horas muitos passos são ouvidos e Melques aparece na filmagem e com ele três homens com ar imponentes e ternos de aparência cara.
- Essas aqui chegaram recentemente. Vocês vão gostar delas, a maioria acabou de fazer 18 anos. Vão poder ser bem aproveitas.
- Vou levar cinco agora. Na próxima vez eu quero pelo menos uma brasileira, dizem que elas são as melhores.
- Vou cuidar disso. E os senhores? Vão levar alguma? Aproveitem que estamos com desconto hoje.
- Muito bem. Vou levar cinco também.
- E eu levo as que sobrarem.
- Muito bem senhores. Elas serão entregues aos senhores limpas e bem vestidas.
Vamos lá pro meu escritório para tratarmos do pagamento.
Tomas pausou o vídeo. Sabia que havia muito mais ali. Mas, aquilo era o suficiente para iniciar uma profunda investigação. Não queria prender só Melques, queria derrubar toda aquela rede de tráfico humano. Sentiu náuseas só de pensar no que aquelas garotas estavam passando. Fez uma cópia do vídeo e em seguida chamou o agente do FBI para lhe mostrar o que havia descoberto.
Então iniciaram um verdadeiro esquema, descobrir quem eram os compradores, de onde eles eram, o que estavam fazendo com as meninas e em que lugar elas poderiam estar.
A investigação durou mais uma semana, eles estavam prontos para por fim aquilo. Tomas estava pronto para prender Melques e finalmente fazer justiça por Dionizio.
Eles haviam conseguido interceptar algumas ligações, não imaginavam que Melques era burro aquele ponto, mas aparentemente sim, ele era, haveria um "carregamento" chegando naquela noite, e eles estavam prontos para pegá-lo em flagrante.
Tomas estava comandando a operação e esperou o caminhão entrar na garagem do clube para então invadir o local, houve troca de tiros, mas conseguiram chegar ao caminhão e como esperavam estava lotado de jovens assustadas. Tomas foi atrás de Melques e este quase conseguiu escapar, estava quase chegando ao carro para fugir quando Tomas surgiu atrás dele e o atingiu com um tiro certeiro, ele morreu ali mesmo.
Os dias seguintes foram intensos. As garotas foram interrogadas e devolvidas aos seus respectivos lares, Tomas foi convidado a se juntar ao FBI, mas recusou, lembrou das palavras de Melissa, ele também queria estar onde era útil e sabia que aquela cidade precisava dele.
Um mês se passou, as coisas já haviam voltado ao seu ritmo normal. A cidade estava mais tranquila e aparentemente estava começando a melhorar. Só uma coisa não saía da cabeça dele, o fato de que faltava alguém ali. Sentia falta dela. Mesmo tendo convivido pouco tempo, ele tinha que admitir que aquela mulher mexeu demais com ele.
Então em uma tarde, depois de sair da delegacia ele resolveu fazer uma visita a Nova Iorque, mas antes decidiu que estava na hora de começar uma mudança, foi em casa e pela primeira vez em mais de um ano, ele fez a barba, então se olhando no espelho e gostando daquele novo homem ele disse a si mesmo que conquistaria aquela mulher.
Chegou já era noite a dentro, parou em frente ao prédio e ficou olhando para a entrada, havia chegado lá e agora? O que faria.
Então para sua enorme surpresa viu um certo gato sair do prédio. O danado estava fugindo. Ele reconheceria aquele trapaceiro em qualquer lugar, ele havia dado comida para ele várias vezes antes de Melissa se mudar. Saiu do carro e chamou o bichano, este veio e aceitou o carinho que lhe era oferecido.
Tomas foi até a portaria e pediu ao porteiro que chamasse a dona do gato e lhe dissesse que ele havia encontrado o fujão.
o porteiro fez o que ele pediu e alguns minutos depois uma Melissa completamente diferente apareceu, ela havia cortado o cabelo e eles estavam no ombro, parecia mais magra também. Seus olhos se arregalaram ao ver quem segurava seu amigo e mais ainda ao notar o quanto ele estava diferente.
- O que você está fazendo aqui?
- Queria ver como você estava.
- Estou ótima. Pode ir agora. E me dê meu gato - Disse pegando-o dos braços dele.
- Será que podemos conversar?
- Não tenho nada para conversar com você.
- Mas eu tenho.
Mel parecia indecisa, então resolveu ouvir o que ele tinha a dizer.
Subiram para o apartamento dela ela entrou e sentou em uma das pontas do sofá, ele sentou na outra.
- Parabéns por tudo que você fez. Você realmente conseguiu prender os bandidos. Eu vi na televisão.
- Obrigada.
- Então o que você quer conversar?

- Então o que você quer conversar?

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BrutoOnde histórias criam vida. Descubra agora