A doutora Mel esperava que aquele dia fosse minimamente tranquilo, havia dormido mal e tinha tomado tanto café na tentativa de se manter ativa durante o dia que estava começando a ficar extremamente irritada. O turno estava prestes a acabar, haviam mandado um médico extra para ficar no turno da noite e ela agradeceu aos céus por não precisar dobrar seu turno.
Toda a tranquilidade foi embora quando as portas do hospital se abriram e uma maca foi empurrada pelos paramédicos.
- Ferimento de bala na região do tórax, perdeu muito sangue - Informou o jovem que empurrava a maca.
- Vamos levá-lo ao centro cirúrgico para avaliar a situação.
Enquanto a maca era levada, ela percebeu que o rapaz ferido era extremamente jovem, talvez uns 20 anos, e sua magreza dava a impressão que era ainda mais jovem.
Felizmente a bala não havia atingido nenhum órgão vital, e a cirurgia só foi necessário para retirar o projétil e foi preciso uma bolsa de sangue para recuperar o sangue perdido.
Mel estava no leito do seu mais novo paciente fazendo as últimas anotações em sua prancheta quando ouviu um barulho vindo de fora e de repente a porta se abriu em um estrondo. Ela tomou um susto, mas reagiu imediatamente, mesmo depois de constatar que o invasor era um armário de grande e tinha cara de poucos amigos.
- Mas o que é isso? O senhor não pode entrar em um hospital dessa maneira.
- Tô com cara de quem tá preocupado com isso?- Pois o senhor deveria. E se retire imediatamente, antes que eu chame a polícia.
- Não precisa. Ela já está aqui. - Afirmou ele, levantando a barra da blusa e revelando o distintivo.
- Então terei que denucia-lo aos seus superiores.
- Você é nova aqui, certo? Não se preocupe, logo vai aprender como as coisas funcionam.
Mel sentiu que estava ficando roxa de raiva.
A cafeína surgiu com toda a força. Arrumou a postura, respirou fundo e levantou o dedo indicador apontando para o peito do invasor.
- Escuta aqui, seu desgraçado. Eu tô pouco me fudendo pra quem você é. Se é grande ou pequeno, policial ou bandido, aqui você tem que ter educação igual a todas as outras pessoas, então eu sugiro que você saia pela merda dessa porta, assine os papéis lá fora e espere a autorização para entrar, se você quer tanto interrogar o garoto, você vai esperar pelo menos ele se recuperar, porque se você insistir em ficar aqui e piorar o estado de saúde dele, eu juro que eu vou te denunciar na porra do FBI. E você nunca mais vai prender nem uma barata. Você me entendeu? Pois nem o papa pode entrar aqui sem ser autorizado! - Ela terminou o desabafo com um grande suspiro e esperou a reação do ogro, ele estava sério, mas seus olhos estavam com um brilho diferente, um Q de admiração.
- Ele vai se recuperar? - Perguntou como ela não tivesse dito nada.
- O projétil não pegou em nenhum órgão, ele perdeu muito sangue, mas não corre risco de vida.
- Gostaria que isso fosse verdade ...
Disse isso e saiu. Deixando uma Melissa completamente sem reação.
Era só o que faltava, um policial que se achava o dono de tudo. Ela decidiu que depois daquilo, poderia muito bem encerrar seu turno.
Conferiu o garoto mais uma vez e o deixou sob os cuidados das enfermeiras. Guardou o jaleco, pegou suas coisas e seguiu para casa. Estava quase entrando na garagem, quando viu o carro do vizinho chegar também, ela ainda não havia conhecido nenhum dos seus vizinhos, as outras casas estavam distantes, a do lado era a mais perto, mas pelo estado do jardim e da casa ela achava até que estava abandonada, só havia percebido que morava alguém lá por causa da luz.
Resolveu que ia dar um oi e se apresentar, então foi até a cerca e esperou o dito cujo sair do carro, quando ele saiu ela levantou a mão e disse um:
- Boa ... - Que morreu nos seus lábios quando o tão misterioso vizinho se virou para ela.
- Merda - xingou baixinho, ao ver que o seu vizinho era ninguém mais ninguém menos do que o policial ogro.
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Bruto
Nouvelles🥇#Contos de 22k no dia 05/07/2020 O investigador Tomas é famoso em Amerville, uma das cidades mais violentas do estado, sua fama se deve aos métodos controversos que ele utiliza para prender os malfeitores, as pessoas o respeitam, mas o principal...