chapter 2

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"Era como todo dia, mas nesse, Nelly iria para a terapia de eletrochoque pela última vez..."

Enquanto o professor falava, s/n só conseguia prestar atenção nos jardins da escola, tinha a impressão que o gramado verde e molhado pelo orvalho a chamava, seus devaneios iam longe olhando para lá.

— S/n, pode me responder essa questão? — Ela olha para o homem que usava óculos, era magro e tinha vinte e poucos anos.

— Qual seria? — Alguns alunos riram, outros focaram seu olhar na garota.

— O que acha que Nelly sentiu em seus últimos segundos de vida? — O professor pensava que usaria a garota como exemplo para os outros, exemplo para que prestassem atenção em sua aula de sexta-feira às sete da manhã.

— Se como o senhor disse, ela tinha sociopatia, era suicida e só matou aquelas pessoas para que os policiais a matassem, provavelmente ela sentiu alívio, mas... Ela pensava que era só mais uma terapia de eletrochoque, isso deve ter deixado Nelly confusa... Eu diria que ela sentiu um misto de confusão e alívio. — O homem tira os óculos, logo dando um sorriso.

— Parece que eu não te peguei dessa vez, quem sabe na próxima. — O sinal toca, indicando o final da aula de literatura. Entre todos os alunos ali, quem mais se interessou pela resposta da garota foi ShuYang, que mesmo prestando muita atenção no professor, não entendeu quase nada.

— Ei! — Ele para a garota que ia em direção ao laboratório de química, sua próxima aula. — Você é a s/n, certo? 

— Ahm, sim, quem pergunta?

— ShuYang, eu ouvi sua resposta, como sabia daquilo?

— Eu prestei atenção no que o professor falava, por mais que não parecesse, e... Pelo o que ele lia eu tirei minhas conclusões, foi só um chute, não se impressione tanto.

— Ahm, certo, mas um chute certeiro eu diria. — Ele sorri, um sorriso doce, típico de Ren ShuYang. — Enquanto eu não entendi nada da aula, aqui é bem diferente das escolas na China.

— Das do meu país também, talvez seja porque a gente vai sair matando pessoas depois daqui.

— O quê? Como assim?

— Não estava no refeitório na hora do jantar?

— Ah... Bem 

Dia anterior-hora do jantar

quarto 420

Os garotos se encontravam discutindo, pois queriam a mesma cama, não todos, mas os três que chegaram por último.

— Eu sou sete anos mais velho que vocês, posso pegar a cama que eu quiser. — Richard discutia com ShuYang.

 Eu sou mais novo, mereço mais conforto.

— Eu só não vou te xingar porque não quero dar esse exemplo... Quer saber? Dane-se, fique com a cama que quiser, eu vou comer. — Dick sai do quarto batendo os pés. ZeYu e ZiHao usam a mesma "gíria" para definir o rapaz mais velho, a mesma que só havia no dialeto de Tianjin.

— Você também vem de Tianjin? —ZiHao olha para o garoto, que acena positivamente.

Dia atual-aula de química

corredores do segundo andar.

— Então vocês passaram uma hora discutindo sobre uma cama? Uau. — ShuYang ri, meio sem graça. — Dick parecia ser tão maduro, não consigo imaginar ele discutindo durante uma hora por causa de uma cama.

— S/n! — Sam vai em direção aos dois.

— Oi Sam.

— Minha próxima aula é artes então, a gente se vê por ai s/n, foi bom te conhecer.

— Igualmente, ShuYang.

— Uhm, quem é aquele?

— ShuYang, colega de turma na aula de literatura. — Sam a olha com um sorriso ladino. — Ah, não! Nem começa! — Ela começa a rir enquanto acompanhava os passos da outra.

7:30 pm 

A escola havia escurecido, os alunos veteranos faziam apostas de poker, outros até lustravam armas, aquela escola parecia fardada ao fracasso, como eles conseguiram manter assim por tanto tempo?

S/n e Samantha  se sentam em um sofá, extremamente cansadas e entediadas.

— Ei, sabe o que eu descobri? — Ela pergunta animada.

— O que?

— Bem, primeiro, descobri que não há registro nenhum da minha professora de artes e segundo, descobri que aqui antigamente era um manicômio.

— Não brinca, sério?

— Sim, fui com o Dick e outro garoto na ala interditada, descobri até alguns registros de pacientes, e é claro que eu trouxe alguns. — Ela mostra três fichas de pacientes.

— Você é louca? E se alguém pega vocês?

— Eu fingiria um desmaio. — Começam a analisar as fichas. Dick se aproxima delas.

— Contou pra s/n o que a gente viu?

— Nem me contem, eu quero ver por mim mesma. 

— O quê? — Os dois olham para ela confusos.

— Vocês vão me levar lá, né? Não me deixem curiosa assim.

— Bom, a gente pode passar lá antes de ir pro dormitório

— Então tomem cuidado, por favor.

— Pode deixar. — As duas falam e uníssono enquanto analisavam as fichas.

10:01 pm

Sam leva s/n até o escritório do diretor, ela move um arquivo, que dava passagem para um grande corredor, que dava para um porão. O cheiro de mofo estava deixando-a tonta, era escuro e só iluminado pela lanterna dos celulares das duas. O corredor frio e as portas macabras davam um ar aterrorizante para o local.

— Nunca me arrependi tanto na minha vida.

— É porque você não viu a sala de eletrochoque.

Elas andaram até a tal sala, na porta havia uma caixinha com o nome dos próximos pacientes.

"Jully Queen;"

"Harvey Robbert;"

"Faith Willians;"

"Nelly Campbell"

— Sam... A gente tem que voltar... Agora!

— S/n, onde você tá? — Samantha havia saído de perto de s/n, que nessa altura já estava dentro da sala de eletrochoque.

— Na sala de eletrochoque. — A porta da sala bate com força, trancando s/n lá dentro. — Sam, isso não tem graça, abre logo essa porta!

— Não sou eu. — A voz parecia distante. — Eu estou presa na sala de lobotomia.

𝑺𝒄𝒉𝒐𝒐𝒍 𝒐𝒇 𝒅𝒆𝒂𝒕𝒉 |boystory|Onde histórias criam vida. Descubra agora