chapter 12

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Os olhos foram custando a abrir, ouvia vozes em coro à distância e uma luz  avermelhada passava pelas pálpebras, eram muitas vozes, só conseguia entender pelo fato de todas falarem a mesma coisa, os sons de tambores ressoavam alto e cada vez mais alto, um violino começa a tocar, e assim que toca, as vozes masculinas se calam, deixando apenas as femininas, falavam coisas e não entendia de maneira nenhuma. Sentia um medo avassalador, talvez fosse por causa das vozes em volta, o pelo o que poderia enxergar caso abrisse os olhos, resolveu pegar o pouco de coragem que lhe restou e abriu os olhos. Assim que os abriu, se viu em um quarto iluminado por um tom sépia, como se tivesse em uma foto antiga, ao tentar levantar e se mover, percebeu que as mãos estavam imobilizadas, olhando tentando identificar o que estava acontecendo, percebeu que usava uma camisa de força, extremamente apertada, o quarto não era completamente branco como se lembrava de filmes e jogos em que já virá isso, tinha uma cama e uma janela, onde a visão era estritamente limitada.
A porta foi aberta derrepente, como não tinha suas mãos como equilíbrio, acabou caindo para trás. Se olhando no espelho em sua frente, não se reconhecia, a visão que tinha era de uma jovem, muito pálida, com olheiras profundas, lábios roxos, provavelmente de frio, já que a roupa era mais gelada que ferro, os cabelos eram completamente raspados e os olhos não tinham brilho algum.
— Nelly! Já havia lhe dito para não sair de tua cama até minha chegada, não que ser presa de novo, presumo. — Uma mulher adentrou a sala, junto com um carrinho cheio de instrumentos médicos, seringas e remédios. Ela vai até ti e lhe levanta sem dificuldade alguma, colocando sentada na cama. — Hoje é a sua cirurgia, está feliz? Quem sabe assim você não consiga sair dessa situação deplorável. — Por mais que você tentasse falar, era como se não conseguisse, uma tristeza enorme te acobertava, como um cobertor de espinhos ou um guarda-chuva numa tempestade de adagas, era simplesmente desesperador, não havia felicidade alguma, o sentimento que tinha quando olhava para aquela mulher era apenas puro nojo, a voz dela revirava teu estômago, lhe deixava com ânsia de vômito, e nesse momento se perguntava o que Nelly havia passado na mão daquela mulher para simplesmente a odiar nesse nível.  — Fale comigo, sua casca vazia estúpida! — A mulher continuava sem resposta. Enquanto estava olhando em volta, confusa, recebeu um tapa da enfermeira, que respirou fundo. — Logo, logo, sua mente será renovada querida, logo, logo. — Acariciou o lugar onde lhe deu um tapa, lhe fazendo recuar assustada até a parede. — Pff, ser estúpido, venha logo aqui! Pare de sujar as calças como um porco imundo, antes que eu tenha que te levar para ver os peixes de novo.
Ela não lhe colocava medo, pelo menos, não em você, mas a situação fez com se levasse a pulso para perto dela. Com um sorriso diabólico, ela fincou uma seringa em teu braço, no começo não houve muito efeito, mas depois de algum tempo, tudo ao seu redor começou a mudar, a aparência do lugar ficou completamente distorcida, grotesca, a própria mulher em sua frente tinha face de porca, mãos ensanguentadas, cheias de calos, com unhas pretas e putrefas. Ainda em choque, você nem sequer conseguia se mexer, a mulher lhe sentou numa cadeira de rodas, sem luta de sua parte, já que estava chocada demais para fazer algo.
Passando pelo corredor, não sabia se era efeito da seringa, mas havia sangue por toda parte, pessoas gritando, criaturas grotescas, que assim que viam vocês passando pelas celas, se jogavam nas portas e batiam contra elas, como se fossem animais, mortos de fome, que acabará de achar uma presa fresca, vão chegando cada vez mais perto de uma sala onde vinha vários gritos.
Assim que chegaram, foi presa numa maca também bem ensanguentada, amarram teu corpo, não conseguia enxergar ao certo quem lhe prenderá ali, sons metálicos de instrumentos inundaram o local, não conseguia enxergar o teto, já que havia uma luz intensa vindo dela, não sabia se isso era bom ou ruim, logo uma sombra esguia entrou em sua frente, ainda não conseguia enxergar muito bem, porém, a visão que tinha era de olhos vermelhos e dentes completamente afiados, um fio de saliva cai em seu rosto. Ele pega um bisturi e continua lhe olhando com um sorriso assustador, quanto mais se aproxima, mais gritos são escutados, deixando tudo muito perturbar, sentia um profundo desespero, já que iriam lhe operar sem nem ao menos lhe dar anestesia, e olhando ao redor com a única parte que ainda conseguia mover, seus olhos, conseguia enxergar criaturas bizarras, lhe olhando com sorrisos mais perturbadores ainda.
Tentava desesperadamente sair, porém não conseguia, as cordas eram apertadas demais, sendo qualquer movimento brusco capaz de fazer elas perfurarem tua pele, olhando novamente para o bisturi, ele estava cada vez mais perto do seu crânio, quando finalmente alcançou, tudo ficou escuro.
Acordou assustada com uma mão em teu ombro, que sem enxergar muita coisa, gritou, por medo de ser um dos enfermeiros, prontos para lhe furar novamente com um alucinógeno, deixando tua mente mais confusa e a beira da loucura.
— CALMA, s/n, calma!
Coçou os olhos e se sentou, procurando novamente o celular com a lanterna, que para a tua infelicidade, estava sem bateria, só conseguia enxergar graças a três lanternas apontadas diretamente para ti.
— Que momento pra tirar uma sonequinha hein, não tinha outra hora não? — Se levantou com a ajuda da mão de XinLong, encarando de forma nada gentil o segundo mais velho entre os cinco ali.
— Acharam ShuYang? — Espalmou a roupa que estava cheia de resíduos de madeira.
— Bem... Sim e não... A gente achou um lugar que ele pode ter caído.
— E por que não foram lá?! Espera... COMO ASSIM CAÍDO?!
— Se acalme, se estressar não vai ajudar em nada, ele deve estar atrás dessa... Coisa de metal que parece ser uma porta.
— Não tem como ser uma porta, não sinto corrente de ar passando pelas minhas costas. — Zi limpa a garganta, chamando atenção de todos ali.
— Luzes em mim, por favor, senhores. — Assim que as luzes foram apontadas, o garoto passou os dedos pela fresta no meio da porta, revelando que poderia haver maneira de abrir as duas. Ele tentou forçar para abri-las, porém, sem sucesso.
HanYu e XinLong deixaram os celulares que usavam como iluminação com os outros e foram pra porta, um puxando para cada lado e conseguiram abrir, revelando uma atmosfera extremamente ameaçadora, como se a escuração estivesse pronta para engolir os seis sem misericórdia alguma, se olharam e engoliram em seco, mirando a luz de suas lanternas no corredor em sua frente. Viram novamente um corredor de celas, cobertas de dentro a fora por sangue dentre outros que não conseguia identificar.
— Eu sei que querem ir embora... — Os cinco rapazes a olham. — Mas lembrem-se, se voltarmos agora e deixarmos ele aqui, nunca vamos nos perdoar.
— Deixar ele aqui nunca foi uma opção, s/n. — Han adentrou o corredor, logo sendo seguido pelos outros.

𝑺𝒄𝒉𝒐𝒐𝒍 𝒐𝒇 𝒅𝒆𝒂𝒕𝒉 |boystory|Onde histórias criam vida. Descubra agora