Capítulo 10

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" Meu amado noivo, Thomas. Minha mãe me contou a triste notícia sobre seu pai, e eu sinto muitíssimo pela sua perda. George era como um segundo pai para mim, não consigo imaginar a grande dor que você e sua família está passando, principalmente a pequena Rose. Sei como você nunca quis ter o título de conde, se eu pudesse, tiraria você desse fardo, mas sabemos que é praticamente impossível. Se você preferir, podemos adiar o casamento, não me importaria, afinal, seu pai era de certa forma parte de minha família. Quando puder, venha para nossa casa, e vamos lhe ajudar com o luto. Eu te amo muito, meu amor, e prometo lhe ajudar em tudo que precisar, posso não ter experiência como condessa, mas ao seu lado, sei que aprenderei.
                                                         Para sempre sua, Lillian Benningfield"

  Lillian sofreu muitas perdas desde muito nova. Quando tinha 4 anos, perdeu sua avó, sua melhor amiga e confidente. Foi uma grande perda para ela, mas tudo de ruim pode piorar ainda mais.
  George Benningfield, pai de Lillian e marquês, decidiu junto de seu melhor amigo partir para a guerra para quê assim protegesse sua família e país. Como era de se esperar, Elizabeth, a marquesa não apoiou a decisão do marido e o chamava de egoísta.
  Apenas 2 meses após a sua ida, George Headstone, melhor amigo do marquês e pai do noivo de Lillian, morreu no campo de batalha. O Sr. Benningfield não demorou para declarar sua morte, o que fez ambas as famílias se desabaram em lágrimas e no luto.
   Lillian e Thomas se deram grande apoio o tempo todo e também adiaram diversas vezes seu casamento por conta do luto.
  Mas apenas alguns meses após seu casamento, Elizabeth foi encontrada morta em sua casa. Fazendo assim Lillian perder as pessoas que mais amava. E Thomas, apenas ficava ao seu lado, lhe dando todo o amor e carinho que podia se dar para alguém em períodos difíceis.
  Mas mesmo depois de tanto tempo, Lillian ainda não havia superado o luto dos pais.
  Lillian estava dormindo tranquilamente com a mão esquerda em cima do livro lido por Michael mais cedo naquela madrugada. Thomas estava ao seu lado, também dormindo na poltrona, era certo que iria acordar com uma grande dor de pescoço.
  - Mamãe...?- sussurrava ela enquanto dormia.
  Ela geralmente falava enquanto dormia, mas falava tão baixo que nem mesmo seu marido a escutava.
- Mãe...- sua voz começou a criar mais volume.
- Mãe...?!- ela falou mais alto.
Thomas começou a acordar conforme o volume da voz de Lillian aumentava. Ele piscou os olhos algumas vezes antes de tentar chamá-la:
- Lillian?- ele balançou levemente o braço dela- está tudo bem?
Como resposta ela falou mais alto:
- Mamãe!- ela gritou e acordou no mesmo instante.
  Em seguida começou a chorar, e se encolheu por inteira, abraçando suas pernas e colocando seu rosto entre seus joelhos.
- Lilly...?- ele tocou o braço dela.
Ele levou um susto, Lillian simplesmente se jogou nos seus braços e começou a chorar mais.
- O que aconteceu?
- Eu... eu...- ela soluçou.
- Calma- ele fez carinho no cabelo dela, para ver se ela se acalmava.
  Lillian percebeu que o estava abraçando, e se afastou, isso não era permitido, e se fossem vistos causaria um grande escândalo para ela.
- Eu sempre tenho esse mesmo sonho...- falou ela- minha mãe morreu um tempo depois de meu casamento, e eu...- ela voltou a chorar.
Michael apenas ficou em silêncio e a ficou observando, era horrível vê-la chorar, ele se sentia sendo esfaqueado por dentro a cada lágrima que escorria em seu rosto. Por que sentia isso por ela? Qual era o sentido?
- Fui visitar ela um dia, com minhas irmãs- continuou ela- não havia ninguém lá, estava tudo em silêncio- eu subi para o quarto dela e...- ela começou a soluçar- ela estava morta, deitada em sua cama- e ela desabou novamente.
- Eu sinto muito, Lillian...
- E eu... nós, nunca descobrimos o motivo de sua morte, ela não estava doente, tinha certeza disso- ela limpou os olhos- mas... por que ela me deixou...?
                                                                 ~
Elizabeth bateu na porta do escritório de Thomas, e em seguida entrou.
- Ellie- disse ele, surpreso- o que te trás até aqui?
- Eu preciso que entregue esta carta para Lilly- ela lhe entregou o envelope.
- Claro, entregarei assim que eu for para casa- ele pegou o envelope e guardou em seu bolso.
- Não!- protestou ela- eu te peço para entregar apenas depois que seu primeiro filho nascer.
- Como assim?
- Apenas faça o que eu mandei, e guarde isso em um lugar que ela não vai achar- e em seguida saiu.
Ao chegar em casa, Thomas guardou a carta debaixo de uma taboa de madeira solta do chão do quarto, e a carta, nunca foi aberta.
                                                             ~
  De novo isso? Por que estava tendo essas pequenas cenas na cabeça? Será que sua memória estava voltando? Seja o que for, mas ele não poderia falar dessa carta para Lillian, pelo menos não agora, não poderia ferir mais ainda seu coração.
  - Tente descansar, Lilly. Se você já estiver boa amanhã, podemos ir andar a cavalo, como você queria- ele deu um sorriso tímido.
Ela assentiu, e limpou as lágrimas que ainda escorriam.
- Obrigado por ficar aqui, eu sei que para um criado não é muito comum.
- Tudo bem Lillian.
- Pode ir dormir, Michael, ficarei bem.
- Tem certeza?
Ela assentiu.
- Qualquer coisa, pode me chamar- ele seguiu em direção a porta e pegou na maçaneta- Boa noite, Lillian- ele abriu a porta e saiu.
- Boa noite- disse ela para si mesma- e boa noite, Thomas, seja lá onde você esteja- ela sussurrou e voltou a dormir.

Memórias de um amor perdido (irmãs Benningfield, livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora