Capítulo 16

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Capítulo 16

Lillian acordou poucas horas depois, ao olhar para o lado viu Catherine dormindo profundamente na poltrona ao seu lado.
- Kate...-sussurrou.
Tudo que ouviu como resposta foi um leve ronco.
- Kate!- falou mais alto.
Catherine acordou em um pulo, quase caindo da cadeira.
- Preciso falar com Michael, onde ele está?!- disse em um leve tom de desespero.
Não poderia ser diferente. Em um momento estava descobrindo o amor novamente, pronta para largar tudo que preciso pelo seu salvador. E no outro ela estava noiva de outra pessoa...
NOIVA.
Só conseguia imaginar no que ele estava pensando naquele momento...
- Lilly... - ela passou a mão pelos cabelos, se arrumando- ele partiu, faz algumas horas..., ele ainda não voltou, e acho que não voltará, sinto muito.
  Lillian apenas começou a chorar.
  Não havia mais o que fazer.
  Ele a deixou, por culpa de Alexandra e John.
  Lillian levantou a cabeça ao ouvir alguém bater na porta.
  John.
Como ele ousava mostrar a cara para ela após aquilo.
- Catherine, preciso de um momento com sua irmã- disse apenas.
Catherine se levantou rapidamente, olhando para a irmã com certa pena em seus olhos, mas seguiu em direção a porta e a fechou após sair. John ficou observando a noiva com muita atenção, seus cabelos ruivos estavam soltos, usava apenas a chemise e o espartilho, e suas lágrimas escorriam pelas sardas em sua bochecha.
Lillian o olhou com desgosto, e revirou o olhar.
  - Fica linda com seus cabelos soltos, Lilly.
Ela ficou em silêncio, virando a cabeça para o lado, para não o ver.
  - Realmente devo ser sortudo em poder ver você assim todas as manhãs após nosso casamento na sexta.
Sexta? Mas hoje era quarta!
  Quando ouviu sua última declaração, Lillian voltou a olhá-lo com certa dúvida, não poderiam se casar ainda! Quer dizer, não poderiam se casar nunca!
   - O que quer dizer com isso?- foi tudo que disse.
   - Nos casaremos na manhã de sexta feira, resolvi tudo com sua irmã- explicou, se aproximando aos poucos- Lillian, sei que não acredita em mim, mas vou fazê-la feliz, darei todo o amor que você merece, irei cuidar de nossos filhos... farei tudo que quiser- ele se sentou na beirada da cama ao lado dela, e segurou sua mão- pois eu a amo mais que tudo, há anos...
  Ama.
  Se a amasse não a faria sofrer desta forma.
  Ela retirou a mão das dele e limpou seus olhos que ainda saiam lágrimas.
  - O que disse a ele, John?
  - Não sei sobre o que está falando, meu amor.
   Ela o olhou com ferocidade.
   - Não me chame de "meu amor", nunca mais me chame assim.
   - Se assim deseja.
   - Vou perguntar novamente, o que disse a ele, e onde ele está?!
  John passou as mãos pelos cabelos antes de responder.
   - Disse a verdade, que estamos apaixonados e felizes com o noivado- ele se levantou, arrumando a gravata- agora para onde Thomas foi eu não sei dizer, ele saiu sem dar notícias se voltaria ou não.
  Thomas?!
O que ele queria dizer com isso?
- Thomas?
- Ah, sim- ele soltou uma risada- aquele homem que estava convivendo com você nesses últimos dias, Lilly, é na realidade Thomas, não sabia por conta das cicatrizes, não é, meu bem?
- Está dizendo bobagens! Thomas está...
- Morto?- ele a interrompeu- é o que todos pensam querida, mas de alguma forma do destino, ele voltou, e lhe encontrou.
  Se Thomas estava vivo, o que esperava que fosse verdade de John, ela poderia se casar com mais ninguém, pois legalmente era a única esposa de Thomas. Precisava vê-lo. Precisava contar a ele tudo. Precisava fazê-lo se lembrar quem era. E precisava agora!
Lillian se levantou rapidamente e o seguiu até a entrada do quarto, desesperada por informações.
- Se ele está vivo, eu não posso me casar com você, sabe disso!- ela o olhou com um olhar feroz.
- É aí que você se engana, meu amor- ele colocou uma mecha de seu cabelo para trás- toda a sociedade ainda acha que ele está morto. Apenas você e eu sabemos da verdade- ele se abaixou, chegando perto de sua orelha e sussurrou- e se você sabe o que é melhor para si mesma, Lillian, eu não abriria a boca- ele deu um sorriso malicioso e deu um beijo rápido em sua testa.
- Você é inacreditável, John- murmurou- como pode fazer isso comigo? Pensei que fossemos amigos.
- E somos, Lillian. Mas experimente desejar uma mulher por anos e anos e não poder nem sequer beijá-la pois a mesma está casada com outro, você faria de tudo para ter essa pessoa nos braços pelo menos uma vez.
   Lillian não sabia o que dizer, apenas abaixou a cabeça e cruzou seus braços. John por outro lado apenas caminhou até a porta, fechando-a. Alguns segundos depois, Lillian ouviu-a sendo trancada. Ela correu até lá, tentando abrir, e batendo como se não houvesse amanhã.
    - Nem pense em me trancar aqui, John!- ela gritou.
John ficou em silêncio por vários segundos antes de responder:
    - Não quero você indo atrás dele, meu amor. Ponha uma coisa nessa cabecinha, agora você será minha, e irá obedecer a mim. Tente ver que faço isso pelo nosso bem.
    Ao ouvir isso, Lillian começou a chorar.
   Chorava de desespero.
   Chorava de raiva.
   Seu melhor amigo havia a traído.
   O homem que ela confiava mais que tudo no mundo.
   Lillian se encostou na porta, e levemente foi deslizando para o chão, onde ficou encolhida
, chorando, até adormecer no chão frio de seus aposentos.
   Neste momento não havia mais esperança. Sua única opção era aceitar seu destino. Que era longe de Michael... Thomas...
   Os próximos dois dias se tornariam sua ruína.
    A não ser que...

Memórias de um amor perdido (irmãs Benningfield, livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora