Memórias de um amor perdido (irmãs Benningfield, livro 1)

Capítulo 13

Foi de repente, segundos antes estava olhando para os cabelos loiros dele, e agora estava sendo beijada por ele. Provavelmente ela iria descrever isso como loucura, pois realmente era.
Fizera um juramento de não amar ninguém após à morte de Thomas, mas não havia conseguido evitar por mais nenhum instante, então ela retribuiu as carícias.
Já Thomas, se desligou de tudo em seu redor, apenas focava nela, Lilly. Como foi possível isso acontecer? Decidir beijar a mulher que o estava ajudando a se lembrar de quem era. Era um absurdo, e sabia que provavelmente iria para o inferno por causa desse simples gesto, mas se fosse mesmo, não se arrependeria nunca daquele momento mágico com ela.
Lillian, sendo tímida, apenas levou uma de suas mãos para o encontro dos cabelos dele, esse ato era algo simples, mas foi o suficiente para levá-lo à loucura.
- Lillian...- sussurrou ele, se apenas se afastando o suficiente dela para retomar o controle.
Enquanto isso, ela só tentava recuperar o fôlego que lhe havia escapado de seus pulmões. Michael ficou observando-a por vários instantes antes de se abaixar e beijá-la novamente, em que novamente ela retribuiu.
Mas aquela dor de cabeça que havia sentido dias atrás retornou.
~
Tudo que estava conseguindo ver era ele mesmo em um altar com Lillian, dando seus votos. Mas ele estava sem nenhuma cicatriz em seu rosto...
- Você, Lillian Benningfield, aceita Thomas Headstone como seu marido?- perguntou o vigário.
~
Thomas?!
Ele se afastou dela, o que havia acabado de acontecer? Ele não poderia ser o perdido marido de Lillian, não podia...
- Michael?- sussurrou.
- Devemos voltar- foi tudo que disse ao se levantar.
- Está tudo bem?
- Vamos voltar, Lillian...
Ela assentiu e se levantou.
Ambos voltaram para casa em total silêncio, nenhum som foi feito por nenhum dos dois. Lillian queria respostas pelos acontecimentos que ocorreram mais cedo, mas achou melhor não tocar no assunto. Já Michael, estava assustado com a última "visão" que teve, não fazia sentido, não poderia ser...
Mas e se fosse?
Seria tão ruim assim?
Sentia uma conexão com Lillian, ela era uma mulher encantadora e incrível, o homem casado com ela seria o mais sortudo e feliz de Londres. E se fosse ele, poderia finalmente parar de se preocupar com os escândalos que poderiam ocorrer e ficar com ela para sempre.
- Lilly, já voltaram?- James estava no jardim frontal brincando com Beatrice- como foi o passeio?
- Foi... encantador.
- Queria ter ido junto com você, tia Lilly!
- Da próxima vez, querida, você irá. Mas antes tem que aprender a cavalgar- ela sorriu, pegando a pequena no colo.
James olhou para Michael, e perguntou:
- Você é Michael, certo? Chegou uma visita para você, Eloisa Williams se não me engana a memória.
Eloisa, mas que diabos ela fazia em Londres? Ela mora na Bélgica, e não é nada perto de Londres.
- Irei vê-la, onde ela se apresenta?
- Na sala de visitas, junto de minha esposa.
Michael fez uma leve mesura e foi na direção da casa. Enquanto caminhava, James virou seu olhar para Lilly, que por sua vez não tirava os olhos de Michael.
- Por mil demônios, o que aconteceu lá?
- Papai!- gritou a pequena no colo- não pode usar essas palavras na frente de uma dama!
Bea tinha apenas 5 anos mas já era uma moça inteligente e sabia o que devia e não devia ser feito e falado perto de uma dama da sociedade.
- Quem disse?
- A mamãe...
Ele pegou a filha no colo e a colocou no chão.
- Vá procurar seu irmão, preciso falar com sua tia.
Ela assentiu e voltou para dentro.
- Mal ela sabe que a mãe fala coisas piores que isso- murmurou ele.
Lillian deu um leve sorriso, mas sua cara ainda mostrava tristeza.
- Vai me falar o que aconteceu?
- Jura que não vai surtar? Ou gritar? Ou fazer um escândalo?
- Não sou como minha esposa.
- Ainda não sei como você se casou com ela- ela revirou os olhos.
- Nós nos amamos, Lilly, isso é mais forte que qualquer escândalo que ela faça.
Ela assentiu.
- O que aconteceu lá?
- Michael me beijou...
Ele arregalou os olhos.
- Confesso que não esperava isso- ele passou a mão pelos cabelos.
- Mas ele... parou do nada...
- Ficou chateada por isso?
- Eu... não sei.
Eles ficaram em silêncio por um longo tempo.
- Me parece que você realmente gosta dele- ele fez um sorriso risonho- eu até diria que está apaixonada por ele.
- JAMES MITCHELL!- ela deu um tapinha no ombro dele.
- Eu, como seu fiel amigo, só estou falando a verdade.
- Como soube que estava apaixonado por Alexandra?- ela perguntou.
- Apenas soube, Lilly- ele estendeu o braço para ela, andando em direção à porta- vai atrás dele e fale o que sente.
- Agora o senhor é o cupido? Lembro-me que foi Gorgie e eu que juntamos você com Alex.
- Eu aprendi com as melhores.
Lillian apenas o deu um abraço rápido e foi procurá-lo.
Depois de tanto tempo falando para si mesma que jamais amaria outra pessoa após à suposta morte de Thomas , um simples criado fez ela voltar a vida e ter mais felicidade.
Lillian chegou na porta da sala de visitas e viu uma pequena fresta aberta, ela foi observar para ter certeza que poderia entrar. Mas esse foi com certeza o pior erro que já cometeu.
Ela viu.
Seus olhos encheram de água.
E saiu correndo.
Michael e Eloisa estavam se beijando.
~
Michael entrou na sala de visitas e fez uma mesura.
- Srta. Williams, Sra. Mitchell.
Alexandra deixou sua xícara de chá de lado e se levantou.
- Deixarei vocês a sós- ela saiu e fechou a porta.
Eloisa não esperou mais nenhum segundo e correu para abraçá-lo.
- Vejo que suas cicatrizes estão melhores, sou uma ótima médica não acha?
- Claro... mas o que está fazendo em Londres? Está muito longe de casa, Eloisa.
- Eu queria te ver!- ela fez beiço- não está feliz em me ver?- ela choramingou.
- Claro que estou, só... surpreso.
- Então vá se acostumando, porque pretendo ficar aqui por um longo tempo- ela sorriu.
Mas que diabos ela pretendia fazer em Londres?
- Poderia saber o motivo?
- Ora, seu bobinho, te ajudar, é claro!
- Não precisa se preocupar com isso Srta. Williams, minhas buscas andam muitíssimo bem.
Ela se aproximou ainda mais.
- Não quer minha ajuda?- ela falou manhosa.
- Não disse isso, Srta. Williams. Apenas acho que seus pais irão ficar preocupados.
- Eu acredito que ficarão felizes...
Ele levantou uma sobrancelha, confuso.
- Sabe... desde quando você saiu da Bélgica, a casa pareceu mais triste- ela deu uma leve pausa antes de continuar- meus pais esperam que eu me case bem, com um homem gentil- passo- e carinhoso- outro passo.
Ela se aproximava cada vez mais até ficar praticamente colada nele.
- E eu vim até aqui na esperança que esse homem seja você.
Ela o beijou.
Ele estava surpreso por ela ter tomado tal atitude, e tentou sair desse gesto que com certeza não queria que estivesse ocorrendo.
Mas quando ele ouviu alguém correndo do lado de fora ele voltou para a realidade e se afastou dela.
Ele saiu da sala e viu Lillian sentada no meio do corredor chorando.
- Lillian?
Quando ela o viu, ela se levantou novamente e saiu em disparada para fora da casa. Thomas foi atrás dela, mas ela conseguia ser mais rápida. Lillian subiu em seu cavalo e saiu de perto da casa.
- Lillian! Espere!
Mas já era tarde, ela se foi.
E sabia a quem procurar consolo.