A condessa viúva abriu a porta e teve uma grande surpresa, Lillian estava do lado de fora com os olhos completamente vermelhos e inchados, e a cada segundo que se passava, mais lágrimas escorriam por seu rosto.
- Lillian querida! O que aconteceu?
-Posso entrar?
- Claro, meu bem.
Lillian entrou, e Suzanne a levou para a biblioteca, em seguida pediu chá e biscoitos para elas.
- O que aconteceu, querida?
- É complexo, Suzzie.
- Posso tentar entender, Lilly. Posso ser velha, mas entendo bem as mulheres- ela riu.
- Bem...
Nesse momento alguém abriu a porta, Lillian se assustou por um segundo.
- Rose querida, pensei que havia pedido para a governanta ficar com você.
- E pediu, mamãe, mas queria ver a Lilly.
Quando a pequena Rose viu os olhos ainda vermelhos de Lillian e uma única lágrima escorrendo, seu rosto ficou vermelho de raiva e cruzou seus braços.
- O que o idiota do meu irmão fez com você dessa vez, Lilly?
- Rosalyne!- gritou a mãe- esses são modos de falar de seu irmão?
Rose apenas fez uma careta. Ela se preocupava mais com Lillian do que seu irmão mais velho.
A jovem apenas ignorou a mãe e continuou:
- Foi aquele beijo idiota não foi?
Suzanne, que estava tomando chá, engasgou.
- Beijo? Que beijo? Não brinque com sua mãe mocinha!
- Você não sabia? Então pelo menos avise ao seu filhinho esconder o diário dele em um lugar em que eu não encontre. Ele escreveu que os lábios da Lilly eram macios como nuvens- ela começou a rir.
- John tem um diário?!
- Falei demais- ela se virou para Lillian, que estava escondendo seus risos- se precisar de mim para bater nele, me avise, Lilly- ela saiu.
Suzanne estava de queixo caído pela atitude da mais nova.
- John lhe beijou?
Ela apenas assentiu com a cabeça.
- Mas não vim até aqui para conversar sobre isso, Suzzie.
- Claro que não, querida...
- A senhora sabe de minha promessa de não amar outra pessoa depois da morte de Thomas, certo?
- Você está apaixonada pelo John?
Agora foi a vez de Lillian engasgar-se.
- Perdoe-me com a pergunta, mas depois do que Rose nos contou...
- Está tudo bem- ela sorriu- bem, continuando- prosseguiu- Eu sei que é errado e realmente muitíssimo escandaloso o que vou lhe contar. Mas chegou um novo criado em minha casa, e ele me trouxe tantas memórias de Thomas... Ele é em si muito parecido com ele. E eu acabei... talvez me apaixonando por ele.
- Entendo...- ela abaixou a xícara- só saiba que irei sempre estar aqui para lhe apoiar, pois continua sendo parte da família. Siga seu coração, meu bem.
- Não irá me obrigar a mudar de ideia e me convencer de me casar com John?
A condessa começou a gargalhar, não aguentou.
- Por Deus, Lillian, claro que não- ela continuou rindo- Para mim, John já está se tornando um caso perdido, se importa apenas em encontrar amantes, não uma esposa.
Lillian riu.
- Acho que a senhora não deveria falar assim de seu filho, e se ele entrar, assim como Rose?
- Não irá ocorrer. Ele saiu daqui um pouco antes de você chegar, provavelmente para ir ao clube se embebedar novamente.
Lillian era sortuda de ter uma sogra tão bem humorada como Suzanne, às vezes parecia que ambas tinham a mesma idade.
Enquanto ambas riam, uma das criadas bateu na porta.
- Com licença, Sra. Headstone- ela estava branca como papel, o que será que aconteceu? – mas um homem chamado Michael está aqui na procura da Sra. Headstone.
- Esse é o rapaz? – perguntou para Lillian.
Ela assentiu.
- Obrigado pelo carinho que a senhora me deu nesses poucos instantes, Suzanne- ela se levantou e fez uma mesura.
- Sempre que precisar, querida, estarei bem aqui.
Lillian se despediu e foi para o lado de fora.
- Joanne? Está branca como papel, minha querida, parece que viu um fantasma.
- Na verdade, Sra...
- Volte ao trabalho, Jo.
~
Lillian foi ao encontro de Michael que estava com uma expressão de preocupação. Ele apenas correu para abraçá-la. Mas Lillian ainda estava chateada com a cena que havia presenciado, ele viera de Londres até o campo para explicar-se?
- Lillian, eu sei que o que você viu não lhe agradou. Mas eu vim até aqui apenas para lhe falar que não é o que parece.
- Como me achou?
- Olivia me contou que provavelmente viria para cá.
Claro.
Olivia.
Ela não descansaria até juntar Lillian com Michael, não é?
- Eloisa foi quem me ajudou enquanto estava inconsciente, pelo o que parece ela queria saber se havia a possibilidade de casar-se comigo, ela me beijou e eu recusei.
- O quê? – ela estava confusa.
- Recusei por você- ele acariciou a bochecha dela.
- Você o quê?!
Ao invés de se explicar ele apenas levou seu rosto até o seu e começou a beijar. E por Deus, aquele beijo foi muito melhor que o anterior.
- Eu sei que é loucura, Lillian. Mas eu sinto que lhe conheço desde sempre e eu não aguento mais guardar isso em meu peito. Apenas me diga o que sente por mim e lhe deixarei em paz.
- Bem- ela pegou a mão dele- se você fizer isso de novo eu posso até ter uma resposta- ela sorriu.
- Com prazer, Sra. Headstone.
E novamente ele a beijou, com muita mais paixão, e então se afastou para ver seus olhos.
- E então?
- Eu sinto o mesmo, Michael...
~
Eles voltaram de mãos dadas o caminho inteiro, até mesmo enquanto estavam cavalgando. E Lillian depois de tanto tempo, encontrou um novo porto seguro, alguém para que cuidasse de seu coração triste. Ela se sentia livre e feliz.
Enquanto a Thomas? Bem, ele ficou cada vez mais perto de relembrar que é e sempre foi a maior paixão de Lillian. Começou a suspeitar, é claro, mas não tinha completa certeza.
- A encontrei! – gritou Michael ao entrar na casa, ainda segurando a mão dela.
A primeira pessoa a chegar surpreendeu Lillian, como era possível?!
-Gorgie! – ela correu ao encontro da irmã.
- Por Deus, Lillian! Como você cresceu! Da última vez em que lhe vi, você tinha 18 anos!
- Que bom que recebeu minha carta, Sarah e William ficaram com Colin?
- Acreditei que depois de tanto trabalho, ele merecia uns dias com os gêmeos- ela sorriu – e por que não me contou antes?
- Contei... o quê?
- Que acabou de noivar! Alexandra me contou um pouco antes de sua chegada.
NOIVAR?!
Mas... como...?
Michael não a pediu em casamento, e recusou todas as propostas que recebeu desde a morte de Thomas. A não ser que...
-Me agradeça depois, irmãzinha- Alexandra estava descendo as escadas com Richard.
- O que você fez, Alex?
- Algo para o seu próprio bem, Lilly. Já era hora de se casar, então tive que fazer na moda antiga, escolhi seu noivo.
Lillian apenas ficou a observando de boca aberta, como ela pode fazer isso?
- Espere, então está me dizendo que a senhorita pode se casar por amor, e eu não?
- Não disse isso.
Se fosse possível piorar, piorou. Catherine apareceu de trás de Alexandra. E levantou a mão, pedindo permissão para falar.
- Veja, Lilly...
- O que ela está fazendo aqui, Alexandra?!
- Você escuta a opinião da Kate, e acredite ou não, ela está do meu lado.
Thomas não sabia nem mesmo o que fazer, não achava certo entrar no meio de uma reunião de família. Mas jurava que estava quase gritando para todas de lá que ELE iria se casar com Lilly.
- Lilly, você vai gostar dele! Na verdade, já até se conhecem.
- O que você disse, Kate?
- Parece que nós vamos nos casar, querida Lillian- falou uma voz vindo de trás dela.
Ah não.
Qualquer um menos ele.
- Eu te avisei que não desistiria até tê-la como minha.
Ela se virou e viu.
Como Alexandra poderia ter feito isso com ela?
Seu noivo era...
John Headstone!
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Memórias de um amor perdido (irmãs Benningfield, livro 1)
RomanceLillian tinha uma vida perfeita: Era uma condessa, tinha um marido apaixonado e esperava seu primeiro bebê. Mas tudo que é bom tem hora para acabar. Um dia, Thomás decide se alistar e parte para a guerra. Meses depois ela recebe uma carta falando so...