O supermercado

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Então... — Jimin começou assim que atendi ao telefone.

Antes que você continue, me deixe fazer uma pergunta.

Faça.

Aonde você está? Qual sua situação?

Estou no supermercado, sóbrio.

Ok, obrigado. Pode prosseguir, estou tranquilo agora.

Certo. Então, como já disse, estou no supermercado, para fazer nossas compras do mês. Mas, amor, está tãooo difícil.

Você tem uma lista?

Tenho.

Sabe ler?

Sei.

Então qual é a dificuldade exatamente?

Para chegar até o corredor de frios, eu preciso passar pelas bebidas. E eu ouvi falar que elas estão na promoção... você me fez prometer só comprar álcool nos finais de semana, mas hoje ainda é terça. — Choramingou.

Apenas dê a volta pelo corredor.

Meu corpo não consegue se mexer para os lados, ele só quer ir em frente. Tem certeza que não posso trocar o papel higiênico por vodca?

Essa troca não é muito justa, Jimin.

Porque você não vem aqui? Eu estou morrendo por dentro.

Cadê seu autocontrole, homem?

Lândio deve ter levado com ele em um de seus passeios. Por favor, se você me ama, faça isso por mim.

Você é dramático, sabia?

Eu seria se tivesse me jogado no chão chorando e gritando "me deixe entrar, me deixe entrar".

Você fez isso, não foi?

Talvez, mas os seguranças se aproximaram e eu parei.

Já estou indo.

[...]

Chegando no supermercado próximo a nossa casa, notei uma pequena multidão na entrada do estabelecimento, conhecendo o namorado que tenho, corri para ter certeza de que não era ele no centro daquela multidão.

Mas era.

Eu tento, eu juro que tento. Mas a vida parece gosta de me chacoalhar até ficar tonto, e é exatamente assim que me sinto agora, tonto.

Me enfiei no meio daquelas pessoas, até finalmente estar próximo o bastante para puxar Jimin dali e sair correndo com ele, como se nada tivesse acontecido. O problema é que nunca é tão simples assim quando tem Jimin envolvido. Principalmente quando ele está segurando uma cartolina preta gigante. E em cima de um caixote.

— Jimin — Chamei, puxando sua camisa, o loiro, me vendo ali, sorriu. — O que você tá fazendo aqui, garoto doido?

— Manifestação, não tá vendo? — Colocou o cartaz bem na minha frente.

Em letras garrafais, mas meio garranchudas, como se tivessem sido feitas com pressa, na cor vermelha, estava escrito: "tirem os frios de perto das bebidas"

— Eu deveria ter dito para você ficar parado... por que você é assim? — Resmunguei, mas Jimin continuou balançando o cartaz e gritando.

— É por uma boa causa. Assim, quem sabe, podemos diminuir a quantidade de alcoólatras no mundo.

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