Luna Dawson foi mais uma vítima do destino. Ela viu o sonho de ser mãe ser arrancado de suas mãos da forma mais cruel possível.
Sufocada entre suas dores e perdas, agora Luna acredita que sua vida se resume a sua irmã mais nova, Isabela, e seu traba...
Um coração vazio Mas sempre de pé Buscando alguma direção
Só pra te fazer lembrar - Lucas Lucco
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Os momentos seguintes são uma sequência de abrir e fechar a boca. Paro um minuto. Abro a boca, aparo uma lágrima com a língua, e fecho a boca mais uma vez. Sinto minha cabeça zonza, dormente, mas já não tenho mais consciência da dor. Tento processar o que o homem à minha frente está dizendo, mas é inaceitável. Uma faísca de um sentimento ainda não nomeável acende em meu corpo.
- Eu nunca seria capaz de te fazer aquilo, Luna. Nunca seria capaz de te trair. Você sempre foi, sempre vai ser, a mulher da minha vida. - a voz de Mário está baixa, trêmula, e ele passa as mãos pelo cabelo com algo semelhante a desespero.
Quando a adrenalina é injetada em minhas veias, percebo que o sentimento é raiva. As lágrimas que descem pelo meu rosto agora são diferentes. São amargas, e cortam o meu rosto enquanto caem de uma forma cruel. Tenho vontade de socar a cara de Mário, de tirar ele da minha frente. Em minha mente, me pergunto mil vezes o porquê dele achar que tem o direito de chegar aqui e destruir cada vez mais toda a sanidade que me resta. Toda a dor se tranforma em raiva, toda a fraqueza, em fogo. Sinto minhas veias queimarem, meu sangue ferver e meu coração ser arrancado do peito de uma vez por todas. E então eu grito. Eu apenas grito. Grito o mais alto que posso, o mais agudo que minha garganta pode suportar sem se rasgar. Grito tudo o que tenho guardado, toda a raiva acumulada por 2 anos. Em meio às lágrimas, à rouquidão, a falta de fôlego e os gritos, desfiro as palavras na cara de Mário.
- Você sabia que eu esperei por isso? - pergunto, tentando ao máximo dizer tudo o que estava entalado, fechando os olhos no meio do processo e me encurvando como se alguém estivesse me chutando; há quase exatos 2 anos eu não sentia uma dor tão esmagadora como essa, e ingenuamente pensei que nada nunca mais poderia doer tanto - Há 2 anos atrás, enquanto eu corria, eu esperava ouvir a sua voz! Esperava sentir você tocar o meu braço e me dizer que tudo havia sido um engano. Enquanto eu rolava as escadas, enquanto o meu bebê era espancado pelos degraus dentro do meu ventre, eu esperei ouvir você dizer que ia ficar tudo bem, que você podia explicar. Eu esperei sentir o seu calor, esperei as palavras doces que você diria para explicar toda aquela confusão. - aponto para Mário, gemendo e soluçando em meio as palavras, descontrolada demais para poder parar - Mas as suas palavras não vieram Mário! Elas nunca vieram! Em menos de um minuto, eu perdi toda a minha vida, e nunca houve explicação alguma. Eu vi toda a felicidade se esvair no momento em que recebi a notícia de que havia perdido meu bebê, o nosso filho, o que achei que fosse o nosso maior tesouro, e você nem estava lá naquele momento. Durante todo esse tempo, eu tive que suportar essa dor sozinha, sem nem uma pessoa que pudesse ter noção do quão cruel aquilo foi. Eu perdi a minha alma, o meu coração e a minha sanidade... Eu perdi tudo, Mário. E por sua culpa, por culpa da sua infidelidade. Não pense que esses vídeos provam alguma coisa, porque eles não provam porra nenhuma! Eu vivi me perguntando o porquê de você ter destruido tudo em mim por 2 desgraçados anos, então não venha agora dizer que tudo foi um completo engano porque o seu prazo de remissão acabou no momento em que você escolheu permanecer ao lado daquela vadia do que tentar me explicar alguma merda!
