#22 - Uma Primeira Vez Para Tudo

1K 98 11
                                    

#Lanna

Martin havia passado o treino mais cedo naquela sexta feira, afinal tínhamos saído cedo pela manhã para fazer uma corrida até o parque, então tive tempo para tomar um banho na academia mesmo, me arrumar e ir para a sessão de terapia. Meu pai já estava sendo atendido e eu aguardava minha vez na sala de espera. Não demorou muito para que meu pai saísse com cara de poucos amigos. Oh não!
— Está tudo bem? — Perguntei me levantando.
— Sim, eu só...  — Passou a mão pelo rosto e cabelo nervosamente. — Está tudo bem? Você quer que eu te espere?
— Julian virá me buscar. — disse mordendo o lábio.
— Certo, certo. Vai estar em casa amanhã? — Me perguntou travando seu maxilar.
Ele não tinha aprovado com gosto sobre eu passar a noite com Julian, mas acabei explicando do que se tratava o jantar e que poderia ficar muito tarde para voltar para casa. Com paciência Julian garantiu para meu pai que eu ficaria bem com ele.
— Sim, eu vou pra casa de manhã. — Sorri para ele e olhei para a porta quando Maia apareceu com um sorriso casto. — Já estou entrando. Boa noite, pai. — Eu já estava próxima a porta quando meu pai me chamou.
— Eu te amo. Muito. — Disse com calma me olhando nos olhos.
— Eu também te amo, pai. — Sorri e entrei no consultório quando meu pai deu as costas. Me sentei sorrindo gerando curiosidade em Maia.
— Você parece estar muito bem, Lanna.
— Sim, eu estou. O que você faz com meu pai? Ele mudou tão rápido.
— Não posso falar de outros pacientes, Lanna. Mas digamos que seu pai só precisava ser ouvido e nem ele sabia disso.
Franzi o cenho começando a sentir culpa, engoli em seco e encarei Maia.
— Eu fui muito dura com ele também, eu queria cobrar, mas não estava certa. Eu desisti do meu pai.
— Eu não quero que se culpe, mas quero que pense em tudo que deveria ter feito antes, e aplique agora para continuar melhorando sua relação com seu pai.
— Eu vou fazer isso, estou fazendo.
— Fico contente. — Maia sorriu e me olhou por mais um tempinho. — Você quer falar sobre algo mais, não é?
— Sim, Julian...
— Julian...
— Tenho medo de estragar as coisas com Julian de novo. Desde o nosso começo foi toda essa montanha russa. Nós sentamos e conversamos e prometemos não deixar nada nos afastar.
— Isso é bom, certo? Vocês estão juntos há meses. Eu sei por que está tão nervosa.
— Bem, então me diga, porque é muita coisa.
— Realmente é muita coisa. Sua mãe faleceu há pouco tempo, você está reconstruindo a relação com seu pai. Há também as lutas, seu primeiro torneio nacional e ainda o projeto de lutadores. A pressão é grande querida. Mas você dá conta.
— Bem, eu tenho que dar. É tudo o que me restou.
— É tudo o que você conquistou, Lanna.
Encarei Maia por um tempo pensando sobre tudo aquilo e então assenti concordando limpando as poucas lágrimas. Ficamos mais meia hora conversando e contei como estava nervosa pelo jantar com os pais de Julian naquela noite e quanto mais a hora se aproximava, mais sem jeito eu ficava.
Assim que desci do andar do consultório para a academia, Julian abriu a porta. Eu havia mandado mensagem dizendo que já havia terminado. Ele havia ficado com os pais aquela tarde e fora até a academia para me buscar.
— Você está bem? — Ele perguntou se aproximando e segurando em minha cintura.
— Sim, não... Meio nervosa. — Dei um sorrisinho e beijei seus lábios.
— Não precisa ficar. Vamos? Minha mãe estava começando a preparar a sobremesa quando saí.
— Sua mãe quem cozinhou?
— Sim, ela gosta.
Julian pegou em minha mão e desceu comigo até o carro. Ele perguntou sobre o treino e a consulta e a cada semáforo vermelho ele se inclinava para me beijar, me deixando viciada e menos nervosa. O hall e sala estavam vazios, mas era possível ouvir risadas vindo da cozinha quando chegamos. Julian segurando minha mão foi naquela direção.
— Do que estão rindo?
— Filho, vocês chegaram! — A mãe de Julian se aproximou com um enorme sorriso. — Estávamos lembrando o dia em que seu pai foi tentar preparar o jantar e tornou tudo um desastre! — Ainda sorrindo ela olhou na minha direção. — Olá, você deve ser Lanna, a garota que botou juízo em meu filho.
— Mãe! — Julian repreendeu rindo, fiz o mesmo nervosa. — Lanna esta é minha mãe, Carmin, e este meu pai, Benjamin. Pessoal, Lanna minha namorada. Não a deixem nervosa.
— Ora, jamais querido... Lanna você é muito linda.
Carmin se aproximou e beijou os dois lados do meu rosto, assim como Benjamin. Carmin tinha os cabelos mais puxado para o cobre e olhos esverdeados, já o pai de Julian tinha uma cabeleira branca, olhos pequenos e castanhos, ambos tinham um sorriso fácil e eram muito gentis também. Eu já me sentia relaxada e não conseguia parar de sorrir com o que diziam.
— Porque vocês, rapazes, não vão pra sala conversar sobre seja lá o que e me deem um tempo com minha nora?
Corei olhando para Julian que nos servia com um suco.
— Ok, Dona Carmin. Já que está nos expulsando. — Ele levantou as mãos em sinal de rendição e veio até mim. — Não deixe que ela te encha de perguntas. Minha mãe costuma ser muito curiosa!
— Costumo ser tagarela também, prefere ficar e me ouvir contando seus podres para Lanna? — Desafiou Carmin.
— Já estou saindo! — Os três riram juntos. Julian beijou meus lábios rapidamente antes de se juntar a seu pai na sala de estar.
Logo foi possível ouvir suas risadas e uma música baixinha sendo tocada.
— Menino bobo, mas posso dizer que está feliz por ter você, querida.
— Eu estou muito feliz também, a senhora quer ajuda?
— Oh, eu gostaria que não me chamasse de senhora para começar. — Carmin riu e acenou com a cabeça a porta do forno. — Pode tirar o assado do forno, por favor? Isso aqui jajá vai pra geladeira.
Assenti, lavei as mãos e coloquei as luvas para retirar a travessa do forno, o cheiro estava ótimo, e havia batatinhas do jeito que eu gostava, deixei sobre o descanso e retirei as luvas indo tomar um gole do suco no mesmo momento que Carmin, que me analisava.
— Obrigada querida. Quantos anos você tem mesmo?
— Dezoito.
— Ah certo, uma boa idade, saudades desse tempo. Só me resta lamentar.
— De jeito nenhum, você não é... Velha.
— Também não sou jovem como você, mas... — Suspirou. — Eu aceito.
Carmim se aproximou pegando minhas mãos.
— Estou feliz que tenha entrado na vida de Julian, era exatamente o que ele precisava.
— Eu... eu também precisava de alguém como ele.
— Estou falando do fundo do meu coração, querida. Sei que já passaram por altos e baixos. Quando ele estava com aquela vaca da Cristina, Julian era alguém... Rude, fútil. Ele está bem melhor agora, por causa de você.
Sorri corando enquanto assentia.
— Sei que é uma vida difícil, toda essa publicidade e atenção, mas estou sabendo que é uma ótima lutadora e em breve irão atrás de você por isso. Não tenha medo, ok? Julian vai te ajudar no que for preciso.
— Ele já me ajuda bastante, ele é incrível. — Sorri acanhada. — Estou feliz por conhecer vocês.
— Nós também querida. — Carmim esticou os braços e não recusei o abraço.
— Está tudo bem? — Perguntou Benjamin espiando pela cozinha.
— Sim querido. Vamos jantar?
— Achei que nunca chamaria. Vamos.
Carmim fechou a cara, balançou a cabeça e deu de ombros quando o marido se foi chamando pelo filho. Ela colocou a sobremesa na geladeira e a ajudei levando o restante da comida para a mesa já posta. Nos sentamos a mantivemos uma conversa boa. Julian envergonhado pelas coisas que seus pais falavam dele e de seu irmão. Na hora da sobremesa a conversa continuou leve, Carmim cozinhava divinamente e acabei conseguindo uma promessa de que ela viria cozinhar mais vezes.
Continuaram a conversa sentados na sala com música de fundo, aparentemente a preferida de Benjamin que puxou a esposa para dançar. Carmim havia contado sobre suas escolas de dança a qual ela gerenciava e com a ajuda do marido e filhos conseguiu aumentar seu negócio. Julian ficou olhando os pais, uma mão segurando a taça de vinho que tomava e outra em volta do meu ombro.
— Vem dançar comigo? — Ele perguntou finalizando seu vinho.
— Julian, eu...
— Você sabe dançar — Ele riu. — Só relaxa.
Ele se levantou e me segurou pela mão indo ao centro da sala ao lado dos pais, que sorriram e aplaudiram quando ele segurou na minha mão e cintura, enquanto dançamos eu não parava de sorrir e ficar vermelha.
— Obrigado por hoje. — Julian disse próximo ao meu ouvido.  — Vocês são muito importantes pra mim.
— Eu adorei conhecer seus pais. — Olhei em seus olhos. — Eles são maravilhosos.
Julian sorriu e beijou meus lábios rapidamente. Dançamos mais uma música rindo pelos passos errados que Benjamin dava, que irritava Carmim.
— Ainda bem que não dançamos em público, seria uma vergonha que só. É melhor nós irmos, querido.
— Está cedo... — Reclamou Julian.
— Vamos levantar cedo amanhã querido, seu pai tem coisas para resolver e tomou vinho demais.
Benjamin a encarou erguendo uma sobrancelha.
— O que quer dizer querida?
— Que você dormirá feito pedra e será impossível de te acordar.
— Isso é verdade, pai.
Benjamin pareceu pensar sobre aquilo e deu de ombros dizendo que tinham razão. Antes de ir arrumamos os quatro a cozinha, mesmo Julian falando que isso seria feito por sua contratada, sua mãe era irredutível e colocou todos para fazer uma tarefa.
— Vou levar vocês.
— Nós estamos de carro, Jules. Não se preocupe, vocês precisam descansar também. — Disse Benjamin e se virou para mim. — Foi um prazer te conhecer, Lanna. — Se inclinou beijando os dois lados de meu rosto.
Carmim fez o mesmo após se despedir. Fiquei dentro do apartamento falando com meu pai enquanto Julian levava os pais até o elevador. Quando voltou me encontrou em frente a janela olhando para fora.
— Está tudo bem, amor?
— Sim — Virei-me sorrindo. — Acabei de mandar uma mensagem para meu pai, fiquei preocupada pela consulta dele.
— Ele está bem? — Julian já estava próximo agora, segurando em minha cintura.
— Sim. — Sorri e me inclinei para beija-lo.
Após um tempo me deliciando com seu beijo, Julian me pressionou contra a parede descendo beijos por meu pescoço, apertando minha cintura, me puxando de leve pela nuca, enquanto o arranhava nas costas por debaixo de sua camisa, tornando o beijo ainda mais quente. Eu podia sentir a ereção de Julian em minha barriga quando ele interrompeu o caminho de beijos e encostou sua testa na minha.
— Não vou conseguir parar com você me tocando assim. — Sussurrou.
Ofegando, me inclinei para frente tomando seus lábios novamente.
— E se eu não quiser que pare? — Desafiei subindo a bainha da camisa de Julian revelando um peitoral bronzeado com poucos pelos ao tirar a camisa dele. — E se eu quiser que vá até o fim?
Julian praticamente rosnou quando me ergueu em seu colo prensando-me contra o vidro da janela.
— Então só precisa me dizer. E assim eu vou te fazer minha, Lanna. Só minha.
Ele ficou me encarando ofegante esperando por minha resposta, que veio com um beijo ardente, prendendo as pernas em volta de seu quadril.
— Me faça sua.

Thunder - Lutar é Preciso [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora