#28 - Florida

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#Julian.

— Só queria avisar que temos tudo o que precisamos.
— Tudo mesmo? Finalmente pegamos Anthony? — Perguntei.
— Bem, demorou um pouco, mais que o esperado, mas sim. Quando você quiser formalizamos a queixa.
Sentei na cadeira do meu escritório e inclinei a cabeça para trás, suspirando com alívio.
— Achei que seria preciso uma confissão gravada.
— Seria nossa principal prova, mas o que conseguimos agora é ótimo. Temos o registro de uma conta na Suíça com o nome dele, e todas as entradas de dinheiro batem com o balanço líquido de seus lucros feito pela equipe do Adam. Eles conseguem nos dizer onde entrou dinheiro a mais, o porquê, de onde e quando saíram. Temos tudo, Julian. Valeu a pena esperar?
— Com certeza! Sim, claro. Então se eu confrontar ele não faria diferença alguma?
— Eu não recomendo ficar cara a cara com ele. Pode não acabar bem.
— Nem se eu conseguir a confissão? Adam está aí? — Perguntei para Paul.
— Sim, estamos no viva-voz. Pode falar.
Batuquei os dedos na mesa enquanto organizava os pensamentos em minha cabeça.
— Quero encontrar ele, quero a sua confissão enquanto estou com uma escuta, podemos fazer isso?
— Se você acha que consegue, podemos, mas não é mais necessário. — A voz grave de Adam soou na linha.
— Eu quero.
Não sabia de onde vinha tanta coragem e determinação, mas queria encerrar aquilo corretamente, então o plano se formava e compartilhei com Paul e Adam, meu advogado e investigador particular. Eles também me deram dicas de como eu deveria agir. O homem mal saía de Miami, e desde que Brienne havia perdido a luta em Seattle, ele ficaria com o restante de sua equipe na Florida.
— Vou organizar minha agenda para viajar até lá. Nos falamos depois.
— Aguardo seu contato.
Desliguei o telefone e saí do escritório indo para a cozinha, de onde vinha um cheiro incrível. Abracei Lanna por trás, beijando seu pescoço.
— O que está fazendo de bom?
— Não é nada, algo simples. Estou um pouco cansada.
— Muito cansada? — Perguntei deslizando a mão de sua cintura para seu seio.
— Bem, talvez nem tanto assim. — Lanna riu junto comigo.
— Vá sentar, eu termino aqui.
Após um selinho ela sentou no banco de frente para a ilha enquanto eu me movia pela cozinha com um pano de prato no ombro. O arroz já estava no forno e eu preparava a salada quando achei que era um bom momento para falar.
— Preciso ir para Miami, queria que viesse comigo.
— Quando?
— Este fim de semana? Podemos aproveitar alguns dias.
Encostei na pia cruzando os braços a encarando, enquanto ela franzia o cenho olhando de volta para mim.
— Mas eu tenho treinos.
— Não quero quebrar a sua rotina. Você pode treinar na academia que temos lá, então também podemos pegar um bronzeado. Queria que conhecessem minha amiga, Sophie Bulcão, também.
— Sophie estará lá? O que tem que ir fazer afinal?
Sorri com os olhos brilhantes e arregalados dela e me aproximei.
— Sophie está aproveitando e tirando férias também, nos falamos pouco ultimamente, mas sei que estará lá. Vocês vão se adorar.
Seus braços envolveram meu pescoço e Lanna fez beicinho.
— Qual o motivo da viagem? — Perguntou me fazendo suspirar.
— Pegamos Anthony, agora quero sua confissão.
— Meu Deus! De verdade? Não é perigoso?
— Ele é só um ladrãozinho de meia tigela. — Dei de ombros. — Quase estraguei minha investigação meses atrás, mas agora temos tudo. Apenas quero olhar em sua cara, ver se ele admite antes que ele vá preso pela extorsão, e quem estiver junto em seu esquema.
— Então... Cristina?
— Ela está em Seattle.
— Como você sabe?
— Mantenho alguém sempre de olho também. Desde que Brienne perdeu na luta e era a única residente de Seattle, Anthony não se preocupou em ficar também, aposto que em alguns dias, quando as formalidades não foram necessárias, ela irá embora.
— Quando você ia me contar essas coisas, Julian?
— Eu devia? — Perguntei confuso.
— É claro que sim. É a sua vida, mas o que te preocupa me preocupa também.
— Não quero encher sua cabeça com baboseiras.
— Sua ex maluca já me disse baboseiras e está na cidade! Você mantém pessoas espionando pra você. Estou me sentindo num filme aqui!
— Não estão espionando pra mim. É apenas por segurança.
— Para quem?
— Eu, você. Nossas famílias? Eu já deixei esses malucos brincarem com a minha vida, não vão fazer isso de novo.
E estava certo disso. Um dia fui muito ingênuo e cego por permitir tais intimidades e tiraram vantagem disso, agora não mais. Então eu faria o que seria preciso para manter pessoas assim longe da minha vida. E longe de quem eu amava.
— O que me diz?
— Eu preciso falar com meu pai e Martin.
— Eu resolvo com Martin, seu pai pode vir também, precisam de férias.
— Diga isso pra ele.
Ri ao beijar ela bem na hora que o timing do forno apitou. Jantamos enquanto eu contava minhas poucas histórias com Sophie, ela de fato era minha melhor amiga, mas como eu, tinha a vida muito corrida não nos víamos com frequência. Antes nos encontrávamos para treinar ou nos eventos e lutas agendadas no mesmo dia. Ela era campeã na categoria feminina e ninguém até então alcançou seu lugar, no entanto, Sophie agora tinha dado uma pausa na carreira para se dedicar ao filho que estava esperando e apoiar o marido que era piloto de Fórmula 1.
Foi fácil convencer Martin a deixar Lanna mudar sua rotina de treinos por alguns dias, isso porque eu estaria com ela o tempo todo. Por incrível que pareça, Robert também concordou facilmente com a viagem de última hora. Eu havia planejado tudo nos dois dias seguintes depois da ligação do meu advogado e agora estava segurando a mão de Lanna enquanto o jatinho decolava.
Eu queria que Lanna aproveitasse a estadia e conhecesse as academias de minha família, era uma viagem rápida, mas eu arranjaria tempo para aproveitar tudo. Quando chegamos em casa, ainda cedo, o sol tinha acabado de nascer, tudo estava em silêncio, então rapidamente fui para meu quarto com ela, carregando nossas pequenas malas.
— Vamos dormir mais um pouco e então tomamos um café com meus pais, tudo bem?
— Parece bom pra mim. — Lanna sorriu de volta.
Quando vinha para Miami sempre ficava na casa dos meus pais, já que residia em Nova York quando estava com Cristina, mas sempre senti que era ali com eles, que era minha casa de verdade.
— Assim que estiver bem com o fuso horário, te mostro a academia pra que você treine enquanto eu estiver fora, tudo bem?
Lanna tirou o casaco franzindo o cenho.
— Você não vai treinar comigo?
— Eu vou, claro. Só que um pouco mais tarde, vou ter uma reunião com Adam, mas depois sou todo seu!
A beijei calmamente e ela assentiu, não demorou muito estávamos em roupas mais leves e abraçados na cama. Duas horas depois eu estava sentado na poltrona ao lado da cama, já de banho tomado, observando Lanna acordar. Ela sorriu e o sorriso se transformou numa gargalhada quando sentou na cama coçando os olhos, apontando para mim.
— O que é isso em sua cabeça?
— Ah — Eu ri e ajeitei o chapéu de cowboy que eu usava — Encontrei no meu closet, fazia muito tempo que eu não usava, é o meu favorito!
— Então você tem outros?
— Hey — Toquei o chapéu novamente dando uma piscadela para ela — Eu sou do Texas!
— E porque não usou um desse quando estávamos lá?
— Humm, boa pergunta. — Por fim eu levantei e fui até ela, cada mão apoiada na cama, prendendo-a em meus braços para conseguir roubar um beijo. — Você tirou toda a minha concentração enquanto estávamos lá, não tive tempo de pensar em chapéus.
Ela riu e se inclinou puxando-me para deitar com ela. Relutante eu me afastei.
— Meus pais estão esperando para o café, estão ansiosos em te ver. Se me beijar assim de novo, não sairemos desse quarto.
— Julian! Porque não me chamou antes? — Ela foi em direção a mala pegando roupas.
— Você estava dormindo tão bem e precisava descansar. Se quiser já pode se vestir para treinar, vou te esperar bem aqui.
Me joguei na cama deitando com as mãos atrás da cabeça, deixando o chapéu frouxo. Ela riu e correu para o banheiro.

Thunder - Lutar é Preciso [LIVRO 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora