Arrumei minhas coisas sem que ninguém soubesse e decidi me mudar. Não queria mais ficar dependendo do apartamento dos médicos, sendo dependente de Fernando. Decidi ir morar em um apart hotel com um valor em conta.
Quando Laís chegou em casa e não viu mais as minhas coisas procurou saber sobre mim. Responderam que eu havia ido embora com todas as minhas coisas.
- Eu não acredito que ela foi embora. Como ela pode fazer isto? E sem nem se despedir?
- Talvez por que ela não seja tão sua amiga como dizia ser.
- Laiana, não fala comigo não, tá bom? Foi você quem causou isso tudo!
- Eu? Eu não fiz nada!
- Não fez nada? Você simplesmente falou com a Melissa que eu estava interessada no Fernando, sendo que você sabe muito bem que isso é mentira!
- Ah, jura? Pensei que fosse verdade.
- Não fala mais comigo não. - Laís saiu de perto de Laiana, deixando ela sozinha.
***************
- Melissa, já falei com você que você não precisa ir para um apart. Fica lá em casa.
- Melhor não, Pietro. Eu prefiro ficar no apart. Vou me sentir melhor assim.
- Você quem sabe. Mas se preferir é só me falar, tá bom?
- Tá. Agradeço por você ser tão compreensivo.
- Beijo. Fica bem.
Desliguei o celular e, em seguida, ele chamou novamente. Era da minha casa.
- Alô!
- Alô! Ei, minha filha! Que bom ouvir tua voz!
- Nossa, dona Minerva, não faz nem duas semanas que falei com vocês!
- Para nós é uma eternidade! E aí? Como você está?
- Tô indo, mãe. Saí do apartamento dos médicos. Estou morando em um apart hotel.
- Uai, Melissa, o que foi que aconteceu?
- Uns problemas aqui. Prefiro não depender de lá. Me virar por mim mesma. E aí? Me conta como estão.
- Estamos bem, graças a Deus! Seu pai está com uma gripe, mas já está medicado. Mas, minha filha, me conte mais sobre o que te fez sair de lá?!
- Ah, mãe, esquece isso! Mãe, por acaso pai está por aí por perto de você? Ou algum dos meus irmãos?
- Só a Cristal. Curiosa. Tá aqui perguntando quando ela vai poder ir praí. Que assunto é este?
- Ah, mãe, é coisa dela!
- Coisa minha nada! Você prometeu! -Falou minha irmã.
- Cristal, você não pode vir para cá agora. Estou passando por uns problemas.
- Minha filha, por que sinto que está me escondendo algo?
- Impressão sua, mãe. Mas tenho uma coisa para te contar sim.
- Eu sabia! Fala logo!
- Estou namorando!
- O que?!!
- É com o Dr Fernando, né mana?! Aquele sonho de homem!
- Fica quieta, Cristal! Pára de falar besteiras! Não sei por que mãe deixa no viva voz! Não é com Fernando nada!
- Hum... Fernando... -Cristal estava demais, viu!?
- Mãe, tira do viva voz, por favor!
- Não. Já parei. Pode falar!
- Estou namorando com Pietro, aquele amigo que fiz aqui. Estamos indo a igreja juntos e nosso namoro tem sido com o maior respeito que existe.
- Minha filha...
- Calma, mãe, ainda tem mais.
- Tem?! Meu Deus!
- Mãe, é coisa muito boa.
- Fala, então.
- Ele gosta de mim de verdade, eu sinto isso. Já chegou até falar em casamento comigo.
- Já?!! - As duas se espantaram juntas.
- Sim. Ele disse que sente que sou a mulher da vida dele e que me respeita tanto que tem vontade de namorar para casarmos. Sabe que não sou uma mulher como outras.
- Ai, como fico feliz por você, Mel!
- Basta saber se pai vai pensar assim também!
- Ai, Cristal, que coisa! Parece que está torcendo contra!
- Não, mana, jamais! Mas sabe como o velho é.
- Respeita seu pai, Cristal!
- Mãe, Pietro me disse que está pensando em irmos aí no mês que vem, quando irei ter uns 15 dias de folga. Virão pessoas daí para treinamento e aí alguns de nós teremos essa folguinha.
- Ah, vem mesmo! Aí quando vocês voltarem praí vou com vocês!
- Vai nada!
- Mãe, vou trabalhar lá!
- Mãe, se ela estiver pensando em trabalhar mesmo é uma boa. Aí trago ela se vocês deixarem.
- Viu?
- Mas pai não vai deixar! - Falei, devolvendo na mesma moeda.
- Poxa! Agora é você quem está torcendo contra!
***************
No hospital...
- Onde está a Dra Melissa?
- Ela só vem mais tarde hoje, Dr Fernando. -Respondeu Dr Arthur.
- Ela anda muito afastada daqui. Será que está pensando que é uma colônia de férias isto aqui?
- Dr Fernando, posso ser sincero?
- Claro Arthur. Você, além de médico aqui e meu assistente, é meu amigo também.
- A Dra Melissa é uma ótima profissional e ela tem as suas folgas quando cumpre seus plantões. Falando sinceramente para você, eu acho que você está assim por que discutiram. E está magoado por ela estar namorando com seu amigo. É isso!
- Você está completamente enganado. Estou falando na área profissional e não pessoal. Se ela realmente é profissional precisa agir como uma. E é isso que vou falar com ela assim que ela chegar.
Ele saiu de perto de Arthur, que me mandou mensagem: "Se prepare quando chegar. O Fernando está atacado hoje e quer conversar com você assim que chegar aqui!" Respondi: "Já estou chegando. Daqui a uns 10 minutos estarei aí."
Passando os 10 minutos eu cheguei ao hospital e fui direto para a sala dele.
- Até que enfim! Onde você estava?
- Você sabe que hoje é minha meia folga.
- Você anda abusando muito dessas folgas.
- Dr Fernando, não adianta tentar me irritar, não vai conseguir.
- Isso é jeito de falar comigo? Sou seu chefe!
- Mas isso não lhe dá direito de querer passar por cima de direitos meus. As folgas após plantões são direitos de todos os médicos. Por que comigo seria diferente?
- Sabe, Dra, tenho pensado seriamente em conversar com Richard e lhe enviar de volta ao Brasil, para a equipe dele. Já que no próximo mês virá uma equipe de treinamento eu já peço alguém da equipe dele para o seu lugar. O que você acha?
- Acho ótimo! -Respondi, sem nem pestanejar.
- Como?! -Estranhou ele. Se ele achou que eu ia me abalar, caiu do cavalo!
- É como disse, acho ótimo! Lá estarei com minha família e aprenderia muito com a experiência de Dr Richard.
- Aqui você não tem aprendido?
- Tenho. Muito. E uma das coisas mais importantes que aprendi e que não existem homens perfeitos, logo os que nos parecem perfeitos mostram suas garras, principalmente quando se sentem incapazes de conseguir o que querem. Homens perfeitos tem defeitos, sabem tratar bem a quem amam e não fazem mal a ninguém, principalmente por vingança.
- O que está insinuando?
- Não estou insinuando, estou afirmando. Afirmando que eu não estou mais disposta a trabalhar com uma pessoa tão tóxica como você.
- Tóxico?! Eu?!
- Sim. Desde o dia em que nos conhecemos você só tem feito mal para mim e eu achando que isso era coisa da minha cabeça. Eu pensei que o sentimento que você dizia sentir por mim era real mas, na verdade, você só queria me seduzir para que fosse mais uma em sua cama. Eu fui burra, uma grande tola ao imaginar que um homem como você, Dr Fernando Quartz Sanromeo, renomeado, com vários prêmios de medicina, um dos maiores nomes da história no ramo fosse se interessar por uma médica simples e rústica como eu. Ainda bem que eu não caí em sua lábia e que despertei a tempo. E quando você percebeu isto, que eu havia despertado e que um homem de verdade se interessou por mim, você não aguentou perder a batalha e decidiu tirar a máscara, revelando sua verdadeira personalidade. E eu não desejo ficar perto de pessoas assim.
- Terminou? - Não falei nada em resposta e ele continuou: - Você se acha a mulher mais pura do mundo, não é Dra? A mulher virtuosa que não pode ser tocada mas que, no entanto, se engraça com o primeiro que aparece e nem sequer conhece. E ainda vai para a cama com ele! E olha que não estou falando de mim, viu, e sim do seu adorável namoradinho. Acorda, Dra tola! Você acha mesmo tudo o que pensou de mim ou foi instruída por seu namorado a dizer isto para mim? Sim, por que até ontem você se dizia apaixonada por mim, o que aconteceu? Da noite para o dia vai dizer que desencantou? Ou será que achou um com uma enorme conta bancária e resolveu acreditar que sentem amor verdadeiro um pelo outro? Bem oportuno isso, não é mesmo? Primeiro durmo na casa do, até então, amigo e no outro dia já me tornei namorada, com direito a jóias e tudo mais. Por que será, em? Abandono o apartamento dos médicos e vou morar com ele para que tudo ocorra como eu desejo. Posso apostar que já até falaram em casamento em um futuro bem breve, não é mesmo? - Eu, com a cabeça baixa, já deixava rolar em meu rosto todas as lágrimas que podia. Sentia uma enorme espada dilacerando meu coração. Ele realmente estava pensando que dormi com Pietro! Pior! Que transamos! - Melissa, não nasci ontem! Eu sou o tóxico, e você? É o que? Eu realmente sentia algo por você sim, de verdade. Mas você matou. Você quis assim. Felizmente eu não fui burro o suficiente para me separar da minha noiva! Ah, essa sim me ama de verdade! Sempre comigo, me alertando dos perigos em me aproximar demais de você. Parecia que ela já havia enxergado quem você realmente era e eu não. Eu é que não quero mais que fique em minha equipe! Não trabalho com pessoas como você, oportunistas, que só esperam uma oportunidade para se darem bem e subirem na vida! Pior, pagando de boa moça, colocando religião na frente, para disfarçar quem você realmente é. Uma aproveitadora, isso sim! Maldita hora que te conheci e senti este sentimento por você! -Olhei para ele, chorando muito, e pude perceber ódio em seus olhos. Ele, enfurecido, me olhou bem fundo e vi que ele não esperava que eu estivesse chorando daquele modo. - Tudo em você me soa falso! Até este choro é teatral!
Neste momento eu não aguentei, saí correndo dali, correndo muito, e ainda pude ouví-lo dizer: - Ah, não vai fugir de mim não! Eu ainda não terminei!
Corri o mais rápido que pude pelos corredores daquele hospital. Sabia que ele vinha atrás de mim pois ouvia ele gritar o meu nome. Consegui sair para fora do hospital e, ainda correndo, atravessei a rua como uma louca, sem parar. Foi meu grande erro. Um carro que vinha me acertou em cheio e eu voei para cima do pára-brisas, vindo cair com tudo no chão.
- MELISSAAAA!!! -Gritou Fernando, que vinha atrás de mim e viu toda a cena. Ele colocou as mãos na cabeça e o choro já veio instantaneamente aos seus olhos. Ele correu até onde eu estava caída, abaixou-se perto de mim e viu muito sangue saindo de meu nariz e um corte enorme em minha testa que também sangrava muito.
- Chamem o socorro! Chamem uma ambulância ali no hospital! -Falou ele, desesperado, e ninguém entendeu seu idioma. Ele continuou falando e uma moça se aproximou, dizendo:
- Pode deixar, moço. Eu já chamei a ajuda ali no hospital. Deixe-me ajudá-la. Sou médica! -Fernando olhou para a tal mulher e não a conhecia.
- Sou o Dr Fernando, trabalho neste hospital.
- Rápido, vamos removê-la daqui, paramédicos! -Deu ordem aos paramédicos, que vieram me socorrer. - Você vem, Dr?!
- Claro que sim.
Voltando para dentro do hospital Laís, que havia chegado, nos viu chegando e, em meio ao desespero, perguntou:
- O que aconteceu com ela, por Deus?!
- Você a conhece? - Perguntou a tal Dra.
- Sim. Ela é minha amiga. Trabalho com ela aqui no hospital. -Respondeu, indo atrás da maca.
- Ah, então ela também trabalha aqui? Precisamos correr com ela. Se não agirmos imediatamente ela vai morrer!
Todo procedimento médico foi realizado comigo. A médica não permitiu que Fernando participasse de nada pois estava muito nervoso e abalado emocionalmente. Ele ficou com Laís do lado de fora, no corredor de espera.
- Me diz, Dr, o que fez Melissa sair correndo como uma louca e ser atropelada por um carro?
- Estávamos discutindo. Muito. Aí ela me falou um monte de coisas ruins e eu falei coisas que já me arrependi. E acabou acontecendo este acidente.
Pietro chegou correndo e Fernando perguntou a Laís:
- Quem chamou esse cara aqui?
- Fernando, se controle! Ele é namorado dela. Precisava avisá-lo.
- Onde ela está?!
- Calma, Pietro! Ela está fazendo vários procedimentos médicos. -Respondeu Laís.
- Pietro, vem comigo, por favor! - Chamou Arthur.
Eles saíram juntos e Fernando falou:
- Idiota! Acha que me engana com esta pinta de bom moço preocupado.
- Fernando, essa demonstração de ódio por Pietro só significa uma coisa. Que você ama muito a minha amiga! O ódio é o oposto do amor.
- Ah! Uma hora dessas e você falando besteiras, Laís!? Faça-me um favor! -Fernando saiu de perto dela, aborrecido. Ela, séria, falou sozinha:
- Está só enganando a si mesmo! Teimoso! Espero que minha amiga fique bem logo. Não sei o que seria de mim sem ela aqui.
Horas se passaram e a médica misteriosa que estava comigo saiu do centro cirúrgico com cara de exausta. Laís, que cochilava no ombro de Pietro, acordou assustada e perguntou:
- E então, doutora? Como minha amiga está? - Fernando, que estava de pé perto de uma janela, se aproximou rapidamente delas para ouvir.
- Bom, o caso dela é bem grave. Olá, Pietro! Como é bom te ver! Como está? -Como assim? Ela conhecia o Pietro?!
- Oi Milena! Estou bem! Até agora! Quando voltou de Tokyo?
- Cheguei fazem dois dias. Mas, voltando para a paciente, ela tem parentes aqui em Londres?
- Não. Os parentes dela estão no Brasil. -Respondeu Fernando, sendo encarado sério por Pietro.
- Sugiro, Dr, que entre em contato com eles e que, se possível, traga eles para cá. Não sei se essa moça vai aguentar aos ferimentos, muito graves.
- Não pode ser! -Fernando colocou as mãos na cabeça, se encostando na parede, sendo observado com o mesmo semblante sério por Pietro.
- Calma, Fernando! -Pediu Laís. -Dra, faça o que for possível para salvar a vida da minha amiga. Se precisar de mim é só me avisar.
- Bom saber que tenho uma excelente equipe médica aqui e que a maioria conhece ela. Vamos precisar mesmo do auxílio, uns dos outros. Dr Fernando, preciso conversar com você. Richard me mandou vir para cá. Mas vejo que não é o momento por estar abalado devido a moça. Desculpe-me perguntar, mas qual a sua relação com ela? São namorados?
- Eu sou namorado dela, Milena! -Respondeu, já aborrecido, Pietro.
- Você?!! Como assim?!! Eu acho que eu saberia, não? Ou pelo menos deveria saber! -A Dra respondeu, meio brava.
Fernando e Laís os olharam e, Pietro, bem sério, disfarçou.
*Quem será essa doutora que chegou misteriosamente de Tokyo? E qual a relação dela com Pietro? E Melissa? Será que sobrevive a este grave e inesperado acidente?
Ansiosos pelos próximos capítulos!*
C.
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Mundos Diferentes!
RomanceQuem foi que disse que dois mundos, completamente diferentes, não podem se cruzar? Plágio é Crime! *TODOS OS DIREITOS DESTA OBRA SÃO RESERVADOS!* Art 184. Violar direito de autor de obra literária, científica ou artística. Violar direitos autorais. ...