𝑏𝑜𝑛𝑢𝑠: 𝑏𝑙𝑖𝑛𝑑𝑖𝑛𝑔 𝑙𝑖𝑔ℎ𝑡𝑠.

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Eu olho ao redor e
A cidade do pecado está fria e vazia
Eu não consigo ver direito quando você vai embora
Eu não posso dormir até sentir seu toque
Quando eu estou assim, você é o único em quem confio

— 𝑏𝑙𝑖𝑛𝑑𝑖𝑛𝑔 𝑙𝑖𝑔ℎ𝑡𝑠.

🎰

𝐽𝑒𝑜𝑛 𝐽𝑢𝑛𝑔𝑘𝑜𝑜𝑘

Nem sempre foi fácil ser um coreano-americano. Apesar de, sim, eu ter nascido na Coréia, eu não tenho recordação nenhuma dos meus primeiros três anos lá. Tudo que sei é que minha mãe biológica não tinha condições de cuidar de mim e, por ser obrigada a manter a gravidez, a melhor opção que teve foi me deixar em um orfanato. Eu não a culpo. Apesar de não me lembrar, sei que tive um bom início de infância.

Meus pais estavam em uma época onde tinham que fazer viagens de negócios entre Las Vegas e Busan por causa da editora, que naquele momento estava fazendo uma parceria com uma outra editora coreana promovendo eventos para gerar maior interesse na literatura.

Ashley não poderia ter filhos biológicos. Sofria abortos espontâneos e isso a deixava frustrada, mas com uma boa psicóloga e Christopher ao seu lado, os dois decidiram que adotariam uma criança. E, felizmente, eu tive a sorte de ser essa criança.

Minha infância foi alegre; cresci em Las Vegas e tive a oportunidade de visitar diversos lugares dentro e fora do país. Meus pais nunca optaram por esconder minha origem e, quando completei dezesseis anos, fiquei seis meses na Coréia do Sul e consegui aprender o básico da língua coreana, além de que não parei de praticar quando voltei e, sempre que tinha a oportunidade, eu voltava a meu país natal.

Meu período na escola pode ser consideravelmente razoável. Os seis meses em que passei em Busan até podem ser julgados como os mais inquietos. Foram os meses que me apaixonei por Choi Seungyeon.

O ano letivo havia começado e eu tinha acabado de completar dezessete anos na madrugada em que cheguei ao meu goshiwon¹ que seria alugado pelo período em que eu ficaria no país. Apesar de ter estudado um pouco da língua coreana antes de viajar, eu mal sabia pedir um copo de água e estava morrendo de medo do início das aulas dali dois dias.

A escola inteira ficou sabendo de Jeon Jungkook, o garoto coreano que não sabia nem formular uma frase em coreano. Foi difícil nos primeiros dias, os professores que mais falavam comigo eram os que sabiam falar inglês. Até que, em um dia, no meio da terceira semana de intercâmbio, um dos professores pediu a um dos alunos que me ajudasse, já que ele era o melhor em inglês da turma.

Seungyeon sempre fora um garoto bonito, mas naquela época eu não pensava muito na possibilidade de poder me apaixonar por um garoto. Eu já havia beijado outras garotas durante o período do ensino médio, mas nada muito além disso.

Ele tinha os cabelos pretos assim como eu, tínhamos a mesma idade e descobri que ele, assim como eu, adorava livros.

Seungyeon foi minha primeira paixão que durou poucas semanas.

Assim que voltei para os Estados Unidos eu me senti um pouco assustado, demorei algumas semanas até ter a confirmação do que eu já suspeitada: eu era gay.

Os dias foram passando e, em uma das ligações que eu tinha com o meu melhor amigo da época, jurei ter visto minha mãe por ali, até que dias depois ela me chamou para conversar e me perguntou se eu gostava de garotos. No momento eu fiquei um pouco mais assustado e rapidamente tentei me explicar para ela, o que a fez apenas segurar o riso e dizer que estava tudo bem e que na verdade ela já até esperava isso de mim.

𝐹𝑎𝑙𝑙𝑖𝑛𝑔 4 𝐻𝑖𝑚 • 𝑝𝑗𝑚 + 𝑗𝑗𝑘Onde histórias criam vida. Descubra agora