Desvio {destiel}

Capítulo 26

Castiel estava chorando ou era só o vento gelado que batia em seus olhos? Podia ser também a dificuldade de respirar e de formular frases para iniciar a conversa. Realmente eram muitas emoções e, talvez seja o conjunto delas que fizeram os azuis se transbordarem em água

- Castiel?- chamou, Dean com o cenho franzido, estranhando a presença do mais novo em sua faculdade- você... está chorando, tudo bem?- o loiro deixou de lado a raiva que sentia e substituiu por preocupação, foi involuntário. Dean não suportava ver Castiel chorar

- Te encontrei- falou sorrindo enquanto sua boca estava seca de ansiedade. Seu corpo em momentos assim, parava de produzir saliva e isso, dificultava o procedimento da fala

- Anh... é, mas o que faz aqui? Como sabe onde estudo?- Dean se perdia nas perguntas mas na verdade, o mesmo estava inquieto, tremia ao sentir a falta do moreno

- Eu estava na igreja- iniciou cauteloso, olhando para os lados- e o Padre me disse

- Certo e unh... e você?- Dean fez um movimento com a mão apontando para Cas, com uma cara de dúvida

Estava com medo.
Medo de nada dar certo.
Havia se machucado tanto da última vez que agora, agia em instinto. Queria tanto dizer o que aconteceu mas ao mesmo tempo queria ficar calado. Porque, Dean não podia simplesmente adivinhar? Castiel era péssimo nas palavras e em se expressar.

- Ah isso...eu, bom eu estou aqui... porque- dizia gaguejando enquanto mordia o lábio inferior- sua mãe está muito preocupada, ela me pediu para vim buscar você

Ele se engasgou com sua própria covardia.
Era mais difícil do que parecia.
Verdade seja dita. Amar machuca.
Mas, só machuca aqueles que não sabem amar e, Castiel havia aprendido, Dean o ensinara tão bem.
Então porque ele simplesmente não podia só falar?
Porque, amar também é fugir. Assim ninguém se corta e todos saem felizes.
Era isso que Castiel pensava.

- Ah, que estranho. Ela não é de se preocupar assim- disse respirando fundo, cansado- Bom... desculpe te fazer perder a viagem mas... tenho coisas ainda pra fazer- era mentira mas ninguém precisava saber- tá então, thau

Dean se levantou com seu material. O vento batia em seu cabelo de forma tão natural. Podia ser uma cena tão linda se não fosse tão triste.
O dia estava no fim mas aquele era o começo de um novo Castiel, não era mais o antigo. Ele podia ser ele mesmo mas, tanto tempo vivendo em uma mentira que ela passou a ser verdade em sua cabeça.
E o que aquele Cas pensava e fazia?
Primeiro: ele não fugia
Segundo: sua mente sabia que, viver não doía e, que a felicidade que tanto desejava, estava esperando por ele logo ali, do outro lado de seus medos e receios

- Dean- chamou, Castiel, se levantando e impedindo que o loiro descesse as escadas- deixe eu me apresentar- o mais velho então, o encarou com um olhar confuso

- Eu já te conheço, Cas- falou obviamente e irônico

- Não, não conhece- afirmou com convicção- Me chamo Castiel Novak. E eu sou tudo aquilo que eu gosto e acredito, sou amizade, sou família, sou amor...- ele deu uma pausa encarando Dean- eu sou outono, sorvete, cinema, livros. Eu sou verde... porque eu amo a cor verde- as mãos geladas de Castiel acariciaram o rosto quente do loiro que, emocionado colocou seu palmo sobre a do moreno- eu sou eu mesmo, Dean e essa pessoa não se esconde mais.

- O que...- ele engoliu em seco e todo o espanto foi junto- o que quer dizer?- a voz do Winchester saiu como um sussurro

- Quer dizer que eu te amo, Dean- as palavras sairam como tiros para o mais velho que, recebeu tal frase de boca aberta e fragilizado. Ele tremia e Cas pôde perceber - namora comigo?