Capitulo Um

1K 79 26
                                    

  — Uma tartaruga pulando no coral, ela caiu e bateu a cabeça. Duas tartarugas pulando no coral, elas caíram e bateram a cabeça. Nenhuma tartaruga pulando no coral!

  Cantarolo alto enquanto flutuava de costas. As estrelas brilhavam hoje à noite, assim como a grande lua cheia que pairava naquele imenso céu. Meus braços estavam cruzados e apoiados sobre a barriga e minha longa cauda de sereia amarela balançava para cima e para baixo com as ondas da maré.

  Virei de bruços e olhei para a praia não muito longe de onde eu estava.

  "Como eu queria nascer uma garota normal" penso comigo mesma "Andar com os amigos e ir à escola. Mas não, eu tive que nascer uma sereia, com rabo de peixe, sem pernas. Somente uma cauda"

  Suspirei e fechei os olhos, não querendo fazer uma festa de piedade e me vitimizar. Como minha mãe costumava dizer, sou especial. Eu sou uma coisa maravilhosa neste mundo. Infelizmente a dona dessas lindas palavras foi levada pelos pescadores, prefiro não falar disso.

  As ondas começaram a balançar com mais força a cada minuto, abri meus olhos e olhei para cima, vejo nuvens cinzentas de tempestade cobrindo o céu. Ótimo, uma tempestade. Temos muitos no Havaí.

  Mergulhei na água e nadei até minha casa, uma caverna no fundo do oceano, pequena e acolhedora, tudo de que eu preciso. Nadei e flutuei até o meu pequeno círculo de algas marinhas e deixei meus olhos se fecharem enquanto eu dormia sem sonhos.

  No dia seguinte, abri os olhos e nadei para fora da pequena caverna, subi até a superfície. Olhei para a grande ilha e depois ouvi meu estômago roncar, preciso arranjar algo para comer.

  Mergulhei debaixo d'água e peguei uma lança que havia roubado de um barco há muito tempo e fui 'pescar'.

  Piadas do mar...

  Peguei um peixe grande e o comi cru, normalmente sereias não comem peixes, mas apenas algas não nos satisfazem e eu não conseguia cozinhar de qualquer maneira. Pensando em comida cozida, nadei até a superfície e decidi assistir os humanos surfando.

  Os humanos sempre pareciam me surpreender. Eles sabem nadar sem caldas, sabem como evitar os tubarões e a lista continua! Eu vi um garoto remar em direção a uma grande onda. Eu sorri esperando o humano fazer algo impressionante, mas quando ele se levantou, a onda caiu sobre ele e ele foi empurrado para debaixo d'água.

  Eu levantei minhas sobrancelhas e esperei que ele subisse debaixo d'água. Ele não subiu.

  "Devo salvá-lo?" Eu refleti para mim mesmo "Eu nunca cheguei perto de nenhum humano antes, essa pode ser minha grande chance."

  Eu nunca estive nessa situação antes. Após dez segundos dele não subindo, mergulhei na água e nadei o mais rápido que pude para onde ele afundou.

  Vi um corpo flutuando embaixo d'água e agarrei seus braços, preocupada. Era o cara.

  Nadei e verifiquei seu pulso - algo que aprendi com minha mãe, o humano estava vivo. Ele abriu os olhos e gemeu. Isso me assustou. Ele olhou para mim e para a minha cauda, seus olhos se arregalaram antes que ele gemesse e desmaiasse novamente. Preciso leva-lo até a superfície.

  Olhei em volta e vi um píer sem nenhum tipo de humano por perto. Nadei até ele e o deitei na areia, sorrindo para seu rosto adormecido. Sua boca estava levemente aberta e ele roncou um pouco. Voltei para a água e nadei de volta para minha caverna.

  E se ele se lembra do que viu? Ele vai me procurar? Suspirei e bolhas saíram da minha boca. Eu ri e mais bolhas subiram. Acabei rindo descontroladamente.

  Depois do meu pequeno ataque de riso, adormeci rapidamente sonhando com o homem que salvei naquele dia.

  Quando abri os olhos, a caverna estava pouco iluminada e a água fria entrou. Eu percebi que havia uma tempestade acima da água. Espero que ninguém se afogue essa noite.

A Pequena BelaOnde histórias criam vida. Descubra agora