help! I created a Mary Sue!

[1] - Quem sou eu?

A escolha do nome de uma personagem, o que para muitos é um tema muitas vezes insignificante e de caráter secundário, para mim, pessoalmente, surge como uma tarefa de extrema difícil execução.

O nome é a primeira impressão que temos de uma personagem, algo que nos faz criar uma afinidade para com este e nos permite familiarizar-nos com o mesmo ao longo do enredo. Tal como nos seres humanos o nome se trata de uma individualização da pessoa na sociedade, também isto ocorre com as entidades fictícias criadas pela nossa mente. É um direito do individuo, algo que este carregará ao longo da vida, apesar de gostar ou não.

Como tal os personagens também têm direito a um nome adequado, e que merece ponderação e, se necessário, dicas para facilitar o processo:

1. Olá, o meu nome é Mary Sue!

Evita ao máximo dar o teu nome aos teus personagens!

"Been there done that", uma expressão perfeitamente adequada a esta situação. É algo perfeitamente comum que nos leva muitas vezes pelo caminho da autoinserção e que, infelizmente, se encontra diretamente relacionada com o termo "Mary Sue" pois cria no leitor a ideia de que o próprio autor está a tentar concretizar as suas fantasias e desejos pessoais através do personagem em desenvolvimento, despertando assim o aborrecimento e falta de interesse.

2. Sê fiel ao contexto!

Um dos erros mais comuns na nomeação surge no esquecimento do enquadramento da personagem na história. Não me entendam mal, muitos de nós atribuímos nomes que nos pareçam bem ou que gostamos e não existe qualquer problema, mas se estivermos a trabalhar, por exemplo, com uma personagem de uma etnia ou nacionalidade diferente é seguro presumir que o seu nome terá de ser adequado às suas condições envolventes.

Um exemplo simples, as fanfictions inseridas na comunidade K-POP, a grande maioria delas apresenta um enredo desenvolvido maioritariamente na Coreia do Sul, portanto seria natural que a personagem criada apresentasse um nome Coreano. No entanto, podem ocorrer diversas exceções, mas apenas se fizerem sentido para o desenvolvimento da história. A personagem em causa pode estar apenas a visitar o país tendo como origem uma outra nacionalidade, pelo que aí nomes estrangeiros poderão ser justificados.

Porém se a personagem é realmente de nacionalidade Coreana e apresenta um nome estrageiro, como por exemplo Elizabeth, Catarina, entre muitos outros, esta perde toda a realidade do contexto em que está inserida.

Este exemplo não é único e pode aplicar-se a múltiplas situações, tenta averiguar qual melhor se aplica!

3. Not so "Tolkienish" after all...

O nome é como uma espada de dois gumes, tanto pode fazer um personagem e torná-lo admirável, como o pode destruir, tornando-o desinteressante e irrealista. Todos nós já caímos na tentação de criar os nossos próprios nomes para tornar os personagens mais únicos aos olhos do leitor, Shakespeare e outros grandes autores das mais belas e reconhecidas obras literárias também já o fizeram, mas nem sempre será o caminho mais seguro.

Tomemos como exemplo hipotético uma história que ocorre na atualidade, situada numa cidade algures em que a personagem principal é uma simples rapariga ainda sem nome. Se a primeira coisa que te atravessar a mente no processo de escolha do nome for "Arkalina" não seria de admirar o surgimento de algumas luzes de aviso para a veracidade e irrealidade do nome.

Claro que também aqui existem exceções, muitas vezes sujeitas ao enredo e conceito da história, nomeadamente se os personagens são de uma outra etnia mitológica ou universo alternativo, até mesmo de outro período temporal em que seria necessário a utilização de nomes fora do vulgar.

4. Significados ≠ Chato!

Eu entendo, queres adequar o nome do teu personagem à sua personalidade... Mas será que chamar a uma personagem que adora flores e a Primavera, Rosa, ou mesmo a uma outra que goste do sol e do céu, Sky, é o melhor caminho?

Decerto que os pais de um indivíduo o irão conhecer como nenhuma outra pessoa, mas nem eles são capazes de prever qual a personalidade que iremos adquirir ao longo da nossa vida, o que torna este ponto algo a não esquecer.

Não procures combinar significados específicos para personificar a tua personagem, a não ser que estejas a escrever uma ficção, lembra-te que a vida real não funciona dessa forma, e mesmo assim, soa rebuscado. Significados mais genéricos como "beleza", "esperança", entre outros, de certo conseguem tornar-se mais realistas e escapar aos olhos dos críticos.

5. Easy there, Tiger!

Não será desnecessária a atribuição de múltiplos nomes a uma só personagem? Mais uma vez a irrealidade do personagem entra em ação.

Muitas vezes existe a necessidade de escolher toda uma coletânea de nomes para a personagem, como por exemplo numa situação especifica da história em que seja necessário fazê-lo ou até mesmo se for preciso enfatizar um nome específico, como o apelido se esta for casada.

Fora algumas exceções, é de evitar o exagero na nomeação para manter o realismo do personagem!

Ainda assim não te deixes influenciar na totalidade pelas regras acima descritas, na condicionante dos teus motivos serem válidos e desde que haja uma razão que justifique e sobreponha, desde que faça sentido, do it my creative friend.