Dystopia - jikook

uma promessa

7 de agosto de 2035

   Dias de treinos deixavam Jungkook dolorido. Ele tinha esse problema que podia ser solucionado com pomadas. Poderia ter uma noite de sono decente, se não tivesse acordado no meio da noite com um pesadelo com sua irmã, Jieun. Em seu sonho, Jungkook estava revendo em looping a última vez que viu sua irmã com vida. Ele estava tentando impedir de todas as formas que Jieun entrasse na máquina. Namjoon e Nayeon tentavam segurá-lo pelos braços enquanto Heejin gritava com ele com o rosto recheado de lágrimas. Ele não podia mudar o que aconteceu e por isso seu subconsciente repetia incansavelmente aquela cena dolorosa que doía mais do que ter raios queimando seu peito.

   Sete dias se passaram desde que Jungkook e Jimin se tornaram oficialmente uma dupla do C.A.R.D., o que era bem estranho pois a organização nunca tinha feito uma dupla e sim, esquadrões. Mas Heejin havia conversado com Nayeon e elas sabiam que Jungkook deveria ir para combate, as habilidades do moreno eram uma das melhores e ele era bem treinado. Um soldado que não podia ser jogado fora. Porém o Jeon mais velho não aceitaria participar de algo com mais do que duas pessoas, um esquadrão estava fora de cogitação. E Park Jimin necessitava de treinamento urgente, se ele fosse para a selvageria de uma luta despreparado, iria morrer. Até pessoas treinadas já haviam morrido nessa guerra. Era isso que Jungkook estava fazendo: treinando Jimin para que ele não morresse por despreparo e burrice.

— Jungkook, para por favor! Eu vou morrer! — Jimin gritou esbaforido.

   Ele estava correndo dos raios que Jungkook lançava na direção dele. Já o moreno estava sentado no chão, jogando os raios com um único dedo, rindo da performance escapatória de Jimin.

— Que morra por mim, melhor do que morrer pro governo e eles usarem seu corpo em experiências. — Jungkook deu uma risadinha e tentava acertá-lo com os dois dedos, dessa vez.

   Claro que se Jungkook quisesse mesmo, Jimin já tinha virado churrasquinho. Mas ele estava pegando leve com o loiro, pois uma morte prematura não era o que queria carregar no currículo. Não entrava na cabeça de Jungkook que Jimin não havia manifestado seu poder mesmo com tantas de suas tentativas. O que restou a ele foi tentar manifestá-la através do medo da morte.

— Eu cansei! — Jimin parou e um raio passou rente a suas costas.

   Ele se arrepiou.

— Você é um caso perdido. Não conheço um Cardinal que nunca nem sentiu do que era capaz, mesmo na época da vacina. Desde pequeno, quando vejo relâmpagos, sentia no fundo do meu âmago que aquilo fazia parte de mim. Como você não se sente assim com nada? — O Jeon aumenta a voz inconformado.
Ele levantou do chão e começou a ir em direção a Jimin, que estava repousando contra a parede.

— Não. Talvez meu poder seja tão insignificante que eu nem sei como expelir. — diminuiu a voz à medida que o outro se aproximava.

   Jungkook sabia que existia casos raros onde o cardinal não tinha proximidade especial com nada. Eram casos específicos onde o poder não tinha ligação com questões visíveis ou que se possa sentir.

— Nenhum poder é insignificante. Se ele existe dentro de alguém é por que pode fazer algo com ele. — Jungkook disse. — E além disso, só de você ter nascido um cardinal, significa que você é forte e especial. Era isso que minha mãe dizia.

    Jungkook não se considerava uma pessoa boa com conselhos, ele estava testando até onde sua paciência poderia suportar. Viver seus dias ajudando Jimin a se fortalecer estava tomando todo seu tempo. O Park estava morando no complexo da organização, pois conseguia ficar em segurança. Ele tinha melhorado o reflexo, estava mais forte e mais rápido. Jungkook já estava ficando com fama de exímio treinador. Coisa que ele não gostava, ele odiava ser o centro das atenções. E mesmo que não admitisse, ele tinha anseio no melhoramento de Jimin, toda vez que o menos experiente conseguia alguma conquista nos treinos, Jungkook sorria.  Park Jimin era uma pessoa melhor do que ele imaginava e não se estressava tanto com sua companhia.