O rei de ouro

23 2 0
                                    

   Eles vestiram as roupas pretas que eram usadas em missões. Tampavam todo seu ante braço, para que os seus números de identificação não ficassem à mostra. Jungkook estava extremamente nervoso, enquanto Jimin, por incrível que parecia, estava mais calmo. O mais novo sabia que uma batalha era diferente do que você só falar palavras heroicas e ser salvo pelo poder do protagonismo. Não existia isso no mundo real. Ele sentia que qualquer coisa que desse errado nessa missão (o que muito provavelmente daria) seria culpa dele e ganharia um sermão longo da sua prima. Ele estava cansado só de pensar. Park Jimin estava um pouco eufórico como todos que iam na sua primeira missão. Ele pegou uma pistola, para sua segurança, embora soubesse que a chance de ter coragem de usar era mínima.

   Ambos entraram no carro sem dizer uma única onomatopeia. Estavam tensos.
Eles chegaram à região de Laguna onde ficava o orfanato. O prédio estava queimando em chamas e tudo ao redor estava destruído. Como naqueles documentários da segunda guerra mundial. Desceram do carro e procuraram sigilosamente por vítimas. Não havia ninguém.

— Um tanque passou por aqui. — Jungkook disse assim que tocou o chão e observou os rastros de destruição na continuidade da rua.

— Um tanque de guerra?

— Sim. — Jungkook apontou para o oeste.

    Jimin quase vomitou quando viu pessoas mortas. Crianças, idosos, mulheres, homens todos mortos. Por tiros, por terem sido atingidos por destroços, pessoas sem seus membros inferiores, superiores ou até sem cabeça. Mutiladas sem a menor pena. O novato caiu de joelhos, com a mão na boca e com os olhos cheios de água.

   Jungkook tirou as fotos como a missão pedia. Tocou o ombro de Jimin. O mais velho queria saber como o Jeon conseguia ser tão frio em um momento como esses.

— Eu avisei que você não estava preparado.

   Eles iriam embora dali o mais rápido possível. O que travou a dupla foi os gritos de socorro finos, como de crianças. Entreolharam-se e correram na direção dos gritos suplicantes. Esconderam-se atrás de um carro abandonado e Jungkook colocou a mão no peito de Jimin, para pará-lo.

— É o seguinte, você pega as crianças. Eu irei matar esses caras. — Jungkook disse.

— M-Matar? — os lábios de Jimin tremiam.

   Jungkook não respondeu e saiu da proteção do carro. Ele fez barulho, o que fez os humanos daquela tropa armada apontar suas armas para ele. Assim que atiraram em sua direção, Jungkook estendeu a mão e seus raios cortaram as balas ao meio. Ele correu de costas para se afastar das crianças, enquanto atacava e defendia o multidão de soldados. Um dos soldados estava com uma bazuca e mirou em Jungkook. O moreno mirou um raio para dentro do cano da bazuca, assim que o homem apertou o gatilho. Explodiu vários daqueles soldados. Jungkook continuou atacando eles, cada vez com mais poder.

   Jimin correu para onde as crianças se escondiam, em meio aos entulhos da guerra. Eram uma dúzia de órfãos famintos e sujos. Com a faixa etária de quatro a treze anos. Ele tentou cumprir seu dever, salvar aquelas crianças enquanto Jungkook continha os soldados humanos.

— Dêem as mãos, fiquem juntos de mim, não tenham medo, irei proteger vocês.

   Eles correram juntos para algumas longe da luta de Jungkook. As crianças estavam ofegantes, Jimin parou para observar o perímetro antes de prosseguir. Ele deveria dar a volta nos humanos e dar jeito de enfiar aquelas crianças todas no carro.

— Não tem ninguém, podemos continu...

   Um barulho de disparo.

   Jimin olhou para trás e suas mãos voltaram a tremer, quando ele achou que estava tudo resolvido, percebeu o quão fraco e inútil era. Uma das crianças, a mais jovem, estava atirada no chão com sangue esguichando de sua testa. De repente, ele se viu cercado de homens fardados, todos com as armas apontadas para ele.

   Ele achou que ser um herói não seria tão difícil, que salvar pessoas poderia ser real. Mas não era. Ele não sabia qual era seu poder e não conseguiu cuidar de si mesmo, como havia prometido para Jungkook. E o Jeon estava ocupado tentando salvar sua própria vida e se sacrificando para manter as crianças e Jimin vivos.

— Desculpa, Jungkook. — foram suas últimas palavras antes de fechar os olhos e esperar pela morte.

.
.
.

   Depois de segundos, Jimin abriu os olhos passando a mão pelo corpo. Não ouviu mais barulhos de disparos e nem havia balas em seu corpo. Ele tomou um susto quando viu um homem de terno vermelho, uma máscara que escondia seus olhos e se estendia até o nariz da mesma cor e uma coroa. Ele usava um centro de ouro com um rubi no topo.
Fitou sua volta. Todos os humanos do governo haviam morrido. O desconhecido tinha um sorriso perverso no rosto e uma carta de rei de ouro ensanguentada na mão.

   Park Jimin sabia quem era aquele homem.

   E aquele homem queria saber quem era Park Jimin.

Dystopia - jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora