multiverse; don't let me close my eyes

MULTIVERSE; estou dormindo

Me disseram que eu dormi por três dias seguidos. Eu não me lembro disso, quando acordei, parecia apenas mais um dia seguinte. Eu não escovo meus dentes sozinha, Noah faz isso por mim. Heyoon é a única que eu deixo me tocar para que me ajude a ter um banho. Hina está me dando mais uma vez os movimentos das pernas e dos braços.

Eu me sinto incapaz. Me sinto totalmente despejada. Minha mãe mais uma vez está atrás de mim, até tentou atacar Any quando a negra teve que ir na rua. Eu não sei mais o quê faço.

Agora, eu saio da minha cana com calma e entro no corredor comprido do nosso Bunker. O final do corredor dava direto para o que chamamos de "Sala". Ao contrário de todos, eu não tinha curiosidade de um gato e sabia me manter quieta enquanto todos conversavam.

Any tinha aquela casa cheia de sua tecnologia.

- O que eu estou dizendo é que enquanto não entrarmos mais uma vez naquele lugar, nunca iremos saber com o que estamos lidando.

- Noah, você quase morreu, de novo. - Any reforçou que era uma péssima idéia. Já eu não faço idéia de qual lugar.

- Escuta, eu sei muito bem o que aconteceu lá. - Sabina começou a rodear a nossa "Sala" enquanto Noah explicava. Nem todos estão aqui, só quem precisa criar um plano. - Eu sei, Any. Eu vi.

Lá.

- Quando eu a vi quase morta naquela maca, eu mal soube o que fazer. Mas agora sabemos e a temos.

Meus olhos desceram para o chão que tinha un tapete vermelho. Esse tapete vermelho me lembrou meu pulso sangrando por conta das correntes. Automaticamente senti meu garganta ser sufocada. Meus braços, que estavam nos braços da poltrona, permaneceram ali. Estou presa de novo, estão me acorrentando mais uma vez. Meus pés foram grudados no chão, sinto as correntes me amarrarem aqui, eles são uma armadilha, eu nunca saí de lá, eu sempre estou lá.

- Joalin?

Me virei rapidamente para Sabina que me fitava preocupada, assim como os outros, Heyoon, Josh, Sina, Noah, Any e Hina.

- Tem alguma idéia na mente?

Eu olhei para meus braços. Não tem nada aqui.

Eu me levantei com calma e fui até eles fitando um quarto branco com uma única cama.

- Eu fiquei aqui? - Apontei pra cama e ao meu lado Any assentiu. - Eu não acho que posso ajudar vocês, eu sinto muito. Não me lembro de absolutamente nada lá. Como Noah, disse eu estava morta.

- Te entendemos. Eu prometo.

Fitei Sabina com um sorriso e me virei entrando no corredor mais uma vez. Sabina veio atrás de mim, não me segurou, não disse nada mas ficou ao meu lado até chegarmos na porta de seu quarto.

- Tenho uma cama grande aqui, se quiser. - Engoliu seco. Acho que tem medo de que eu a negue mais uma vez. - Eu posso... - Deu de ombros. - Posso te colocar pra dormir se quiser.

- Não acho que eu quero dormir agora.

- Não estava falando agora, eu estava...

- Falando sobre eu dormir com você.

- É.

Eu olhei para o S de metal que estava na porta, tambem de metal.

Eu a beijei. Eu a beijei enquanto me sentia acordar mais uma vez, esse era o meu sono, Sabina nunca me apagava. Suas mãos entraram na minha blusa e eu fechei os olhos com força. Sua língua estava na minha, meus braços estavam em seu torso, ela me beijava, ela me beijava e beijava.

Até que entramos em seu quarto. O baque da porta se fechando alto, mas não tão alto quanto meu coração. Tirei sua blusa com calma, ela fez o mesmo comigo. Não acho que eu esteja pronta pra isso agora, mas é ela, eu nem sei o que aconteceu de errado comigo pois é ela.

Eu te adoro, Sabina. Assim como adoro sentir nossos pés se roçando, adoro sentir suas unhas me arranhando, adoro sentir que você me liberta. Você sabe que eu sou apaixonada por você, Sabina. Eu não preciso te dizer.

- Eu te amo.

Mas eu disse.

No final de tudo, eu estava pronta pra você, apenas pra você. Você viu as cicatrizes que tenho em meu corpo agora. São terríveis.

- Você está bem? - Ela me perguntou enquanto me acariciava. Estamos nuas em sua cama, isso nunca me pareceu tão certo.

- Não.

Sua boca se juntou á mim.

Um. Dois. Três. Quatro.

Quatro segundos que seus lábios se tornaram meus mais uma vez.

- Eu estou com medo. - Se expôs pra mim. - Eu não sei o que fazer. Eu pensei que eu tinha perdido você sem sequer ter te tido, foi horrível. Como se eu nunca mais fosse ter uma única chance.

- Tudo que eu sinto dentro de mim é raiva, Sabina.

Sua expressão se tornou tensa.

- Eu tenho medo do que eu posso fazer se eu encarar um dos dois mais uma vez. Minha vida não era assim.

- Você seria o tipo de pessoa que eu iria me apaixonar na escola.

Eu ri e a beijei.

- Você seria o tipo de pessoa que eu iria me apaixonar em qualquer momento da minha vida.

Ela me beijou.

- Temos que saber o que iremos fazer.

- Eu não consigo ajudar vocês, eu não me lembro nem de ter chego lá. Quando Noah me acordou, eu pensei que fosse três dias, mas foram cinco meses dentro de um loop infernal. - Era a primeira vez que eu falava isso em duas semanas ali com eles. - Ele me batia, me acorrentava, me chantageava, dizia que iria matar você e os outros, eu tinha raiva dentro daquele lugar. Cada vez que eu ficava com raiva, ele sumia. E foi horrível, porquê aí estava sozinha e não tinha o que fazer, então eu me machuva pra ele voltar.

- Até você descobrir que não era real.

Tinha uma lágrima descendo seu rosto.

- Nada foi real, mas eu sinto na minha pele até hoje. Me pergunto se ele me maltratava e então me colocou naquela maca porquê sabia que Noah iria atrás mim. Não sei o que aconteceu, eu acho que aconteceu mas aí o Noah vem dizendo que me vigiava e eu estava sempre no quarto, mas doía. Eu senti cada porrada.

- Posso tocar em seus pulsos?

Me surpreendi com sua pergunta, mas assenti.

Ela calmamente pegou minhas mãos e fitou a marca das algemas que me mantinha presa na cama, aparentemente eu tinha feito algum tipo de força enquanto estava inconsciente.

Mas então ela fez algo que me surpreendou. Ela elevou meus dois pulsos até os meios de nós e aproximou sua boca os beijando, até que pediu para que eu fizesse. Então ali estávamos, beijando meus pulsos.

- Eu prometo pra você que isso nunca mais vai se repetir.

- Você quer namorar comigo, Sabina?