4° Capítulo

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── ROSEANNE PARK CHAEYOUNG - Lisa literalmente gritou assim que entrou na casa. Rose não demorou a surgir em seu campo de visão; estava com os cabelos loiros presos em um coque extremamente mal feito, mãos e a gola da camiseta molhada e um micro short de lycra qualquer. Lisa rapidamente imaginou que estivesse tentando cozinhar, mesmo sendo péssima nisso.

── Que foi? - Chae encarou a amiga enquanto enxugava as mãos no tecido de algodão; esperando que ela falasse.

── Eu conheci o amor da minha vida hoje. - A voz escapou dos lábios rosados de Lalisa quase como um suspiro, enquanto ela se jogava preguiçosamente no sofá. ── Eu preciso ver ela de novo...

── E como exatamente você pretende fazer isso? - Rose murmurou, ignorando o fato da última frase ter sido mais falada de Lisa para si mesma do quê para a loira.

── Eu estava pensando em pedir ajuda... Pra você... - Murmurou baixinho a estirada sobre o móvel de tecido. Chaeyoung revirou os olhos, fingindo já não saber que aquele seria o desfecho da situação.

── Eu acho incrível como você nunca chegou em mim dizendo que iríamos numa mega viagem em que você pagaria tudinho pra compensar tudo que eu já fiz por você. - Rose resmungou mais uma vez, se sentando no único cantinho do sofá que a outra não ocupava. ── Qual é o plano?

O rosto de Lisa se iluminou e ela se jogou sobre a melhor amiga, distribuindo beijinhos estalados pelas suas bochechas e testa; a outra se comentava em rir e esfregar as mãos por onde os beijos passavam para se limpar.

── Eu acho que é recíproco, sabe? Eu podia sentir que ela também não parava de me olhar; além de ter praticamente perdido o ar quando me viu. - Um sorriso de canto surgiu nos lábios de Lalisa. Ela sabia que era bonita o suficiente para chamar atenção por onde passava. ── Ela era bem branquinha, olhos puxados japoneses ou coreanos, donos do olhar mais doce que eu já vi... A boca dela era quase do formato de um coração de tão perfeita, o arco era arredondado e bem definido, enquanto a parte de baixo era mais pequenininha. O cabelo era castanho escuro, liso e bem grande, ela tinha jóias lindas que custam nossas vidas, e, é claro, o nome dela é Jennie.

Os olhos de Chae se abriram abruptamente quando sua mente ligou todas as pontas soltas. Ela sabia que poderia ser somente uma grande coincidência, mas não acreditava muito em destino.

── Lisa... Eu sei que você é uma gata, mas, acho que essa moça estava no show, ontem. - Rose quase balbuciou e a mandíbula da outra caiu, num profundo choque. ── Uma mulher pediu duas bebidas ontem; um pouco antes do seu solo... Essa boca e esses olhos combinam perfeitamente, e a moça que estava com ela, muito bonita, por sinal, a chamou de Jennie.

Uma onda de calor se acendeu dentro de Lalisa. Ela tinha feito uma de suas melhores apresentações bem no dia que o amor de sua vida estava sentadinha bem ali a assistindo? Isso era a melhor notícia que ela já podia ter recebido e isso só aumentou seu desejo em revê-la.

── Ela estava com uma senhora. Devia ter uns 60 anos, olhos azuis igual ao céu e que chama Elizabeth. - Manoban suspirou após esvaziar para a amiga todas as informações que possuia.

── Meu amor... - Rose suspirou, rindo, como se a amiga tivesse lhe contado uma ótima piada. ── Nós estamos na Europa, praticamente todo mundo aqui tem olhos claros... E, nossa RAINHA se chama Elizabeth, Lalisa, metade das mulheres do país tem esse nome.

Lisa suspirou, frustrada, notando a coerência perfeita nos argumentos da amiga.

── Mas... - Rose recuperou a confiança e a atenção os olhos negros profundos. ── Nós só sabemos o primeiro nome dela. Jennie sabe seu nome e seus dois lugares de trabalho, bebê... Se você estiver certa e ela tiver interesse, vai acabar voltando pra te procurar; só precisamos esperar.

Lalisa deu de ombros, assentindo com a cabeça para a amiga. Não era o plano perfeito a qual estava esperando conseguir, mas também nada melhor que isso passava pela sua cabeça; apoiou a cabeça no ombro de Roseanne e sussurou

── Sorvete de comemoração?

[...]

Jennie não abriu a boca durante todo o caminho de volta para casa. Sua mente rodopiava em uma bela sinfonia de confusão e questionamentos, sendo o mais frequente deles qual o tipo de brincadeira sem graça o universo estava fazendo com ela. Precisava chegar logo em casa e conversar com Jisoo, por isso se contentou em dirigir um pouco mais rápido do que o usual e nem mais insistir em puxar conversas apáticas com Elizabeth.
Quando o Ômega estava devidamente estacionado na garagem de sua casa, Jennie mal teve tempo de murmurar um "tchau" para a sogra antes de se jogar para fora do carro e andar a passos rápidos na direção da porta, se segurando para não correr. Abriu a porta num empurrão desengonçado e deu de cara com Ethan sentado no sofá, lendo um livro qualquer.

── Ethan... - Ela murmurou nervosa e ao mesmo tempo impaciente para as perguntas do marido. Apoiou duas mãos sobre as clavículas do homem quando este tentou a abraçar, empurrando-o lentamente. ── Sua mãe quer... Eeeh... Falar com você! Sabe que não deve deixa-la esperando - As palavras foram quase cuspidas contra o homem, que só lhe entregou um riso fraco de concordância e saiu andando jardim a fora.

Devidamente sozinha, Kim se deixou correr escadas acima em direção ao telefone fixo que ficava no quarto do casal. Em frente ao aparelho, discou o número da casa de Jisoo e se manteve segurando o aparelho contra a orelha, praguejando baixinho devido a demora da mulher para lhe atender.

── Alô? - A voz tipicamente sonolenta, fofa e tão aguardada soou do outro lado da linha.

── JISOO - Jennie literalmente gritou. ── Você não sabe quem eu encontrei hoje. De novo.

── Err... Não sei mesmo...

Jennie revirou os olhos. Parecia conseguir ver claramente a expressão debochada e ao mesmo tempo perdida da amiga.

── Você lembra da Lisa? A cantora... Do dia do bar - A última parte fora devidamente sussurrada, já que as paredes tinham ouvidos por ali. ── Ela era a garçonete do restaurante que eu fui almoçar hoje, Jisoo.
A sul coreana do outro lado da linha se limitou a suspirar. Tinha ouvido Jennie falar por toda a noite sobre a tal mulher e ao mesmo tempo agradecer aos céus por nunca mais ter de vela, mas parece que o universo tinha outros planos para as duas.

── Você precisa ir comigo ao restaurante amanhã. - A frase soou igualmente como uma ordem e um pedido.

── Você não acha que vai dar muito na cara indo lá amanhã mais uma vez? - Jisoo ponderou, ouvindo um suspiro da amiga. ── Vamos dar um pequeno intervalo. Podemos almoçar lá quarta-feira, eu já ia te chamar mesmo.

Jennie suspirou mais uma vez. Queria que Jisoo visse uma mulher loira normal e lhe dissesse que estava perdendo a cabeça e que nada passava de uma coincidência nominal; mas ela sabia bem o que tinha visto e com quem tinha conversado. Murmurou um "ok" seguido por um "Até quarta-feira" com a boca semi-colada ao aparelho e o desligou, jogando-se sentada na poltrona ao lado do eletrodoméstico. No fundo, sabia que estava perdendo o controle da própria cabeça e se metendo na maior enrascada de todos os tempos, mas o lado racional de seu cérebro ainda falava mais baixo do que o lado aventureiro e curioso a qual ela tentava constantemente reprimir.

Paradise  - JenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora