Cicatriz Negra

Um dia não tão comum

O barulho incessante de conversas e risos preenchiam a manhã de sexta-feira em minha casa; meus olhos abriram e os primeiros feixes de luz puderam ser finalmente vistos, mesmo que já estivessem esquentando meu rosto há algum tempo.

- Esqueceram a janela aberta... - digo a mim mesma com a voz embargada.

Meu quarto era grande e espaçoso e tinha uma cor amarelo âmbar que já estava desbotando pela quantidade de tempo em que não era repintado, havia mais duas camas no qual a cama maior e com uma colcha florida de rosas multicoloridas era de Helenna e uma outra cama quase tão grande igual, apenas mudando a cor para vermelho vinho, era de Eduard, e a minha cama? Baixa e estreita, cor marrom e branco.

Sandpoint, meu lar, uma pacata cidade, localizada no estado de Idaho, a sua população era maioritariamente formada por adultos e idosos, que adoravam bisbilhotar a vida alheia. Uma extensa cadeia de montanhas se estendia ao norte e havia apenas uma escola municipal, todos os jovens juntos, eu particularmente odeio a escola, mas se não houvesse uma, eu ficaria constantemente entediada.

Tenho o costume de ativar o despertador do meu celular para eu me lembrar de fazer certas atividades diárias e naquele momento o som estridente de um alarme tocava, era sete horas e quarenta minutos, hora de ir para o colégio. Eu me levanto e passo em frente ao espelho e nele vejo uma garota magricela, de cabelos loiros cacheados que tocavam o cóccix, olhos castanhos claros e uma pele incrivelmente lisa.

- Você precisa se arrumar, não irá assim ao ninho de cobras, irá? - Entoa Helenna de repente ao entrar no cômodo.

"Ninho de cobras", era assim que eu e minha irmã chamávamos a escola.

- Pretendo me vestir! - Digo rindo.

Ando lentamente até o armário e pego uma calça camurça de cor bege que estava por cima e uma camisa social vermelha, olho para as roupas e não vejo nenhum possível defeito, uma perfuração ou mancha, passo lentamente a mão direita para ajeitar e apressadamente visto a calça que me tirava um pouco a respiração depois de vestida; já que ela estava um pouco apertada.

- Eu devo ter engordado, Helenna. A calça parece que não me serve mais, irei usar só por hoje. - Falo olhando para ela enquanto coloco a camisa.

Minha irmã estava deitada na sua cama, e olhando para cima, estava distraída com algo.

- Tudo bem com você? - Falo rindo.

- Tudo sim, mas eu estou preocupada, tenho dois exames no período vespertino...

Assinto e termino de escovar os meus cabelos.

- Estou de saída, até mais tarde - sorrio e saio do quarto que era no primeiro andar da casa.

A minha casa era toda de uma tapeçaria amarronzada com margaridas brancas, uma decoração um tanto inusitada, cada quarto tinha uma cor, a minha família era grande. Eu morava com meus pais, duas tias, um primo, uma prima e uma irmã.

Daniel, era o pai da família, ele era o dentista da região, um homem alto, de olhos azuis e cabelos bem grisalhos. Natural de Baltimore, Maryland.

Joice, nossa amada mamãe, dona de casa, acostumada com a vida no cotidiano, nascida em Washington DC e era loira, baixa e sempre sorrindo.

Minhas tias, Larissa e Mayara, eram gêmeas idênticas e possivelmente as únicas da cidade, ambas são baixas, cabelos vermelhos e olhos castanho-escuro. Foram criadas em Seattle, mas nasceram Saint Paul, no Minnesota.

Meus primos, Kauani e Eduard são filhos da tia Mayara, e nasceram aqui em Sandpoint, eles costumam ser muito chatos, mas eu gosto deles, os dois são altos, a minha prima é mais baixa, o que é pouca diferença, Ed tem os olhos negros e Kau tem os olhos verdes (por conta de seu pai).