Ardente

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Sinto o meu coração disparar, uma injustiça estava acontecendo e aquelas pessoas não iriam acreditar que eu era inocente, eu precisava provar de algum modo e Kauani não acordava para me auxiliar, eu estava exasperada e não conseguia dormir desde o momento que Isadora Black adentrou a enfermaria para anunciar a minha prisão.

Sozinha estava naquele quarto de hospital, eu queria fazer alguma coisa... o tédio e a sensação de desprezo tomavam conta de mim e me sentia a pior pessoa do mundo. Adentro em meus pensamentos e me recordo da cena que eu passei a algumas horas, e penso que se não tivesse desviado daquele golpe fatal da Kukri eu estava morta, mas também me sinto culpada por não levantar e ajudar minha prima, estava consumida pelo choque e pela dor. Ela não podia e não pode morrer, tivemos uma infância e uma vida incrível até então... brincávamos de cozinhar, inventávamos todo um mundo novo para sonhar e ser o que a gente queria sem nada nos atrapalhar.

Sento-me em uma cadeira, pois já não estava mais algemada, e fico olhando o céu radiantemente azul e infinito. Meu corpo estava esmaecido, eu deveria estar surpresa? Acredito que não.

Uma batida na porta assusta-me e ouço uma voz conhecida entrar no cômodo.

— Achei que iria querer companhia. – Fala Fabian. Seus olhos eram azuis e seus cabelos negros até a altura dos ombros e absolutamente lisos.

Fabian Previty era uma aluna do último ano da escola e a melhor amiga de minha prima, mas isso não me impedia de falar com ela de vez em quando.

— Não esperava você aqui, achei que era Carol. – Digo.

— Melhor eu do que ninguém. – Vejo um sorriso sem graça em sua fala.

— Verdade. – Sorrio.

— Eu acredito que você não é uma assassina, jamais faria mal a alguém. – Pronuncia ela me lançando um olhar bondoso.

Levanto-me e ando até a janela, fico parada olhando para fora enquanto me corroía por dentro.

— Sabe algo sobre a minha liberdade? – Pergunto sem virar-me para olhar para ela.

— Não sei nada, perdão.

— Eu sei que você está aqui de boa intenção, Fabian. Mas você não é quem eu quero ver agora. – Falo.

— Eu entendo, Bella.

— Você sabe algo sobre a Kau?

— Eu sei que o corte da faca foi profundo e isso danificou alguns órgãos, ela está desacordada até então. – Afirma.

Finalmente, olho para ela e vou até a cama e me deito um pouco. Fabian aquieta e me segue com os olhos.

— Você precisa ficar bem, Bella.

— Eu sei quando tenho que ficar bem. – Digo rispidamente.

Ela se levanta e caminha até a porta e por um instante para e me encara como se quisesse falar algo, mas continua a andar e some da minha vista.

Olho para o teto e percebo as deformidades que tinha, como minúsculas rachaduras e novamente tudo fica entediante, eu não devia ter destratado a Fa, mas agora era tarde demais para chorar pelo leite derramado. Uma ideia surge a minha cabeça. Ir ao banheiro. Vou até a porta e bato nela.

Passados alguns minutos, entra um policial alto e robusto.

— O que você precisa? – Fala grosseiramente.

— Quero ir ao banheiro! – exclamo com uma expressão de indignação.

— Se você fugir será pior, mocinha. Tem guardas em todas as saídas do prédio...

Cicatriz NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora