Família

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Amor, aquilo que era considerado a base da humanidade e que se bifurcava em outros caminhos como paixão, desejo, carinho e empatia. Tudo tinha um significado e o porquê de estar ali, só eu não encontrava meu lugar.

A escola estava o mesmo lugar de sempre, pessoas passarelando pelo prédio em torno de sua rotina monótona e cansativa, tudo tinha o seu intuito que era trabalhar e estudar. Fecho meus olhos e penso nesse longo dia e tento esvair todas as sensações pessimistas e que não agregava em nada.

Os armários que outrora foram de meus primos parecem pequenas e minúsculas floriculturas enfeitadas com rosas brancas e chumaços de azaléias que tinham cheiro de terra e vegetação úmida. As pessoas que passavam, se lamentavam silenciosamente balançando a cabeça, já outras preferiam parar e fazer uns segundos de silêncio.

Eu tinha muitas aulas para repor e assistir por conta das faltas, mas em momentos como aquele, estudar era a menor preocupação. Fico feliz que a Diretora Sato tenha feito um excelente memorial, eles merecem.

Uma mulher alta e sorridente vem em minha direção e reconheço de longe ser a professora Estela com seus cabelos encaracolados e brilhosos.

— Olá, Isabella! Animada para a nossa aulinha de reposição?

— Mais animada impossível. – sorrio em tom irônico.

Acompanho seus passos até uma sala de aula vazia no qual me sento na primeira carteira de frente a lousa.

— Vamos revisar por cima as aulas para você não ficar totalmente perdida. E eu darei meu melhor, pois sou formada em psicologia, e não é bem a minha área, é apenas um favor para a diretora, combinado?

— Ok.

—Vamos aprender juntas!

Ela fala incansavelmente sobre geometria nesse primeiro período e como ela achava as formas uma maneira de expressão utilizada pelo matemático que as pois em prática. As palavras entravam por um ouvido e saía pelo outro, até que ela chama a minha atenção.

— Querida, sem distrações...

— Desculpe.

— Eu sei que as coisas não estão boas, mas pense positivo, certo?

— Claro...

Eu estava cansada de todos sempre dizerem que tudo vai ficar bem, parece que essas palavras haviam se fixado em suas línguas e sempre queriam ser despejadas em cima de qualquer situação negativa que percebessem estar acontecendo. Mas como poderia culpar aquela mulher ingênua que felizmente não estava na minha pele para saber e só queria ajudar.

Acho que já estava na hora de mais uma reunião com Karina e Raynara, e seguir em frente é inevitável, elas saberiam o que fazer e falar. Não quero ir pra casa e ficar em frente a televisão vendo programas fúteis de entretenimento, já que a polícia nada fará... Dizem estar investigando, mas eu mesma já havia descoberto muito mais que eles que são profissionais no assunto.

Vejo que a professora está de costas e apanho meu celular para reenviar uma mensagem para Fabian que dizia para avisar os outros e nos encontrarmos no lago Pend Oreille assim que a aula terminar, que já havia sido a sede dessa gang do Scooby-Doo, de Chernobyl. Antes que ela perceba guardo o aparelho novamente no bolso e finjo estar prestando atenção.

Quando o sinal do almoço soa nos corredores me levanto para ir até a cantina, onde possivelmente encontraria Fabian e Carol. Enquanto caminho percebo que elas já me esperavam no fim do corredor e me olhavam surpresas, será que eu estava toda suja e não sabia?

— Por que estão olhando assim?

— Você querendo uma reunião com Karina... achei que a odiasse. – exalta Fabian.

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⏰ Última atualização: Jul 02, 2021 ⏰

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