Capítulo cinco

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— Eu prometi que lhe diria o motivo de Nora não receber você. Filho, por favor, volte para sua casa. Viva sua vida, siga em frente. Cora se foi e você deve ter feito por ela tudo o que podia.

Giles ergue a cabeça devagar. Ele pensa que deveria está irritado, mas o que aconteceria se fosse exatamente isso que estivesse sentindo ? Se quisesse ir e deixar a última palavra de Cora morrer asfixiada ?

Não se imaginava saindo dali, indo para um hotel, dormindo tranquilamente, pensando nos dias que iriam dar continuidade aos eventos anteriores. Era recente. Era frio, frio como a bombinha que ainda tocava bem ali.

— Não posso fazer isso — diz em tom baixo, quase um sussurro vacilante que se perde entre os artefatos velhos da sala.— A mãe dela precisa saber.

— Nora não vai se importar em saber de nada.

— Como ousa dizer isso ?

— É simples: eu a conheço. Nora pode ser muitas coisas, menos sentimental. Sabia que foi ela que mandou Cora ir embora ? Ela tinha só quinze anos...

Giles empurrou a caneca para longe em um golpe. O líquido fumegante deslizou sobre a superfície lisa do balcão, um pouco escorreu pela borda e manchou a madeira lustrada.

— Eu quero ir embora.

— Garoto, sabe quantas horas demora para deixar esse balcão brilhando ? — o velho reclamou, em seguida pousou sua xícara no balcão enquanto virava de costas para encontrar guardanapos, deixando Giles atônito com as informações reveladas.— Minha nossa! Parece um garotinho mimado.

Sabia que foi ela que mandou Cora ir embora ? Ela tinha quinze anos...

Que tipo de mãe era Nora Weasley ? Que tipo de mãe fazia aquelas coisas ? Nem sua própria mãe, fez o que Nora fez. E olha que sua infância foi difícil.

O sinos na porta da frente retumbam, era uma sineta como em toda loja de souvenir. Isso significava que alguém havia entrado. O velho, por sobre o ombro, ergueu o olhar, parecendo surpreso por ter um cliente e virou -se embasbacado. Porém, Giles não estava prestando atenção nele. Ainda estava pensando sobre Nora Weasley, o olhar perdido em um ponto invisível.

O velho se virou e observou da cozinha a silhueta envolta no casaco de pele. Não dava para acreditar que estava vendo aquilo, mas era real. Parecia que o dia tinha sido reservado aos velhos fantasmas.

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