Capítulo 2

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Todos os alunos da escola foram direcionados até o pavilhão principal, onde a Diretora Ramírez se posicionou em uma espécie de palco improvisado com a bandeira da escola em mãos. O silêncio tomou conta até ser quebrado por sua fala de abertura. 

- Para início da nossa feira anual, preciso deixar aqui o meu agradecimento à todos os alunos que, com muito empenho, formaram este grande espetáculo. - um sorriso encantador tomava conta do seu rosto - Todos os anos temos apresentações incríveis e tenho certeza que neste ano serão melhores ainda.

Mesmo sendo ovacionada por todos, seus olhos ainda demonstravam uma certa preocupação. Pensei que tudo estava certo e ocorrendo bem, mas a movimentação começou a ficar estranha quando uma das professoras de Música falou algo em seu ouvido.

- Atenção alunos!! - sua voz soava preocupação - Precisaremos fazer uma pequena pausa, pois um de nossos alunos sofreu uma queda. - sons vinham de todas as partes, não sabíamos ao certo o que havia acontecido. - Fiquem tranquilos, não ocorreu nada grave.

Aos poucos todos foram se dispersando para suas tendas, aguardando a liberação para iniciarmos as apresentações. Até que ouvimos o violino fazer uma abertura triunfante. Eram eles, a classe de Música sempre esplendorosa.

Meus ouvidos nunca ouviram algo tão maravilhoso como "1812 Overture" do Tchaikovsky. E nunca fiquei tão encantada como na abertura da nossa feira anual. Os alunos realmente foram surpreendentes.

Aos poucos os atletas do time de futebol, basquete e basebol foram entrando ovacionados por todos que estavam presentes. Nunca entendi porque eles eram tão populares, se nossos times nunca haviam ganhado os campeonatos estaduais. Mas mesmo assim, eles eram os "melhores" - pelo menos na nossa escola.

Porém um deles me chamou a atenção, com uma expressão estranha, parecendo sentir muita dor. Ninguém menos que Miles Elliott. OH CÉUS, IREMOS NOS ENCONTRAR O TEMPO TODO?

- Como era de se imaginar, o melhor de todos, o incrível, amável, adorável... - Lisa me olhava sem entender o que eu queria falar. - Elliott. Miles Elliott. - soltei um longo suspiro.

- Você o conhece? - seus olhos brilhavam como se em sua frente houvessem milhares de diamantes.

- Lembra que te falei sobre meus novos vizinhos? - meus olhos seguiam o caminhar manco de Miles, Lisa assentiu - É ele.

- E quando você iria me contar, Els? - por um instante, pensei que Lisa iria ter um pequeno ataque, um surto ou qualquer coisa semelhante. - Olhando para ele assim, é como se eu tivesse ido nas nuvens e voltado.

Não consegui conter o riso, foi a mais absurda colocação que uma pessoa de 17 anos já fez perto de mim.

- Você está sendo exagerada. - Coloquei as mãos no rosto, tentando controlar a risada que já estava alta. Notei alguns alunos olhando torto para nós duas. - Ele é um garoto comum, idêntico aos outros. Não entendi porque ficou tão empolgada.

- Será que as mocinhas poderiam fazer silêncio? - falou uma das professoras que estava ao nosso lado.

- Oh sim! Desculpa. - Lisa continuava rindo, porém tentava fazer de forma discreta.

- Controle-se ou terei que chamar seu novo crush para te ajudar. - falei cutucando seu braço - Estão olhando para nós.

- Deixe as pessoas olharem para você, E-L-E-A-N-O-R. - Sua expressão foi ficando séria e estranha - Pessoas olham pra você o tempo todo, notam você, mesmo que tente se esconder. - percebi que ainda procurava por Miles no meio do pavilhão.

- Ele foi levado para alguma sala, não parecia muito bem. - falei assim que terminou a apresentação.

- Poderíamos ver se ele precisa de ajuda.

- Com certeza não, Lisa. - Algo me incomodava em Miles. E a ideia de ir a seu encontro me incomodava ainda mais.

- Como você é chata, Els. Muito chata.

Lisa ficou emburrada comigo a manhã inteira, mas em momento algum eu iria dar o braço a torcer e ir atrás de um garoto que eu nem conhecia.

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O dia passou e com o fim da tarde veio o início do cansaço. Toda feira anual era cansativa, porém essa estava sendo desgastante, pois além do turno da manhã, fui escalada para ajudar durante a tarde. O que não fazemos para impressionar, não é mesmo?

Assim que terminamos de limpar as tendas e deixa-las organizadas para a manhã seguinte, peguei minhas coisas e corri para casa. Meu único pensamento era tomar um banho, comer e dormir, nada além disso.

Já estava escurecendo e o ar fresco batia em meus cabelos os fazendo voar, mesmo exausta pelo dia corrido, senti como se estivesse caminhando nas nuvens. Você já notou como o céu é lindo e as cores no pôr do Sol são encantadoras? Se havia um lugar por qual eu sempre fui apaixonada, é o céu.

- Pensamentos nas nuvens?

O susto tomou conta do meu corpo me fazendo tremer. Era Bryan que veio o caminho inteiro atrás de mim e nem percebi sua presença.

- Já notou como o céu é apaixonante? - Falei com ele, porém meus olhos estavam fixos em nuvens que, com o reflexo do anoitecer, estavam alaranjadas.

- Sim, é apaixonante mesmo. - Sua voz estava tão distante, como se em nenhum momento Bryan tivesse olhado para o céu.

Olhei em sua direção que, para minha surpresa, estava olhando para mim.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei desconfiada. - Você está estranho. Hoje pela manhã estava distante, agora me olha como se quisesse falar algo... - Respirei fundo, olhei para o céu, avistando um avião cortar as nuvens alaranjadas. - Pode falar o que quiser, sabe que somos amigos.

- Não é nada, Els. Eu só estava te admirando.

Nossa amizade nunca foi do tipo que admira um ao outro e expõe. Mas, mais estranho do que expor isso, era perceber que Bryan queria ter aberto um buraco na minha frente para sumir. Ele ficou nervoso, sem chão e com vergonha... Por quê?

- Eu... eu só queria que esse momento não acabasse nunca mais. - Falou Bryan gaguejando.

- Você está estranho. - Fiquei extremamente sem graça, estava acontecendo algo. Todas as vezes que encontrava o olhar de Bryan, ele estava imerso no meu.

- Vamos mudar de assunto por favor? - Sua risada era sem graça e envergonhada, mas eu sabia que no fundo, ele queria falar deste assunto.

- Sobre o que você quer falar?

- Como foi seu primeiro dia na feira?

- Você não faz ideia de como ciências é chata, ainda mais quando sou obrigada a falar disso. - Minha expressão cansada já revelou tudo o que achei da apresentação.

- Não deve ser tão ruim assim. Ou deve ser, já nem sei mais. - A conversa ficou mais tranquila.

- By, eu tenho que ficar o dia inteiro sorrindo para as pessoas, já estou com dor na mandíbula.

- Isso que dá querer falar de sorriso. Por Deus, Els, o que você tinha na cabeça quando decidiu falar disso? - Aquele era o Bryan que eu conhecia. Leve e tranquilo, ao mesmo tempo engraçado.

- Promete que não irá rir quando passar na minha tenda! - Falei em tom de ordem.

- Prometo! - Disse ele cruzando os dedos.

Eu morava a duas quadras a frente da casa de Bryan, mas mesmo assim ele me levava todos os dias até a entrada da minha casa. Era uma demonstração silenciosa de cuidado.

- Vejo você amanhã?

- Com certeza, vou estar bem na frente para ver você sorrindo... Ou sofrendo.

- Não esquecerei isso ehin! - Falei gritando, pois ele já estava distante.

Que dia foi esse???

Desembarque •CONCLUÍDA - REPOSTANDO•Onde histórias criam vida. Descubra agora