Dançamos a noite inteira. Mesmo sem saber dançar, Miles era divertido. O Sol já estava nascendo quando caminhamos em direção ao gramado vazio. Miles tirou seu terno e o estendeu para que eu pudesse sentar.
- Sabe por quê eu gosto de olhar para o céu? - meus olhos fitaram alguns pássaros voando sobre as árvores ao longe - Se você prestar atenção em como ele está neste exato momento e olha-lo daqui a cinco minutos, já estará diferente. Sou apaixonada por sua constante transformação, assim como nós mudamos.
- Nunca pensei por esse lado.
- Não somos os mesmos de minutos atrás, imagine de dias, meses e anos antes. - Sorri enquanto via os primeiros raios de Sol atravessando as árvores e reluzindo no pequeno lago. - Todas as vezes que vejo o céu com outros tons, lembro que também somos assim.
Miles me olhava parecendo não ter compreendido. Segurei sua mão e encostei minha cabeça no seu ombro.
- Quando nos conhecemos, estava tudo branco, não havia história. E ok, eu admito, não gostei de você logo de cara. - Miles riu - Mas com o passar do tempo, tudo foi ficando azul e...
- Azul? - Questionou.
- Eu amo azul.
Miles me afastou para que nossos olhos se encontrassem. Uma pequena mecha do meu cabelo caiu sobre meu rosto, que ele suavemente ajeitou atrás de minha orelha.
- Eu amo rosê. - Miles falou enquanto olhava para os meus olhos.
- É uma linda cor. - falei com um sorriso bobo incontrolável.
- Também amo vermelho.
Eu sabia exatamente do que Miles estava falando. No nosso primeiro jantar eu usava uma saia mullet vermelha. Tenho certeza que em algum momento naquela noite, fiquei da mesma cor.
- Eu amo estar aqui... Agora. - falei enquanto olhava para seus lábios.
Sua mão direta fez carinho em meu rosto, fazendo meus olhos se fecharem. Um filme passou em minha mente. Enquanto Miles estava na minha frente, tudo veio em minhas lembranças. Desde o dia em que o conheci, a primeira vez que o vi dentro daquele carro. Seu perfume entrou pelas minhas narinas, criando uma perfeita sensação de bem estar.
Miles tocou meus lábios com o seus e tudo que consegui fazer foi sussurrar seu nome. Eu estava certa de que ele era tudo o que eu queria, ali, naquele momento. Minhas mãos deslizaram através dos seus cabelos, nossa respiração entrou em sincronia. Em um certo momento ele parou de me beijar e eu abri os olhos para o observar. Cada detalhe do seu rosto, seus olhos, sua boca, tudo era milimetricamente perfeito.
- O céu mudou. - sua voz saiu como uma bela melodia.
- Uma linda transformação. - Sorri tocando seus lábios.
Naquele gramado, ao amanhecer de um lindo dia, o céu se tornou testemunha do que senti por Miles. Eu não queria sair dali, não queria deixá-lo. Mas algo dentro de mim me fazia acreditar que eu poderia me machucar... novamente.
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Na semana seguinte trabalhei normalmente com Lisa na lanchonete. Era bom estar com minha amiga, sempre nos divertimos muito quando estávamos juntas. Ela dormia na minha casa quando queríamos maratonar filmes a noite inteira.
- Eu estava assistindo Supernatural no fim de semana. - falei enquanto juntava os pratos espalhados em uma das mesas.
- Nunca gostei. - Lisa estava no balcão contando o dinheiro. - Assisti alguns episódios e achei cansativo.
- Ah sim... Miles gosta e me indicou, aí assisti. - vi sua expressão de desaprovação.
- Como foi o casamento de sua prima? - Ela estava visivelmente tentando mudar de assunto.
- Estava lindo. O vestido dela era maravilhoso. A decoração era rústica, mas não deixou de ser romântica. - soltei os pratos na bancada - Miles foi comigo.
- Sim, ele falou.
Era tarde demais. Eu ouvi.
- Como assim? Por que ele te falou? - indaguei.
- Ele não falou pra mim. - Ela estava pensando para responder, infelizmente eu a conhecia o suficiente para saber que estava mentindo. - O ouvi comentar aqui, quando veio buscar um lanche.
- Mas Miles não veio aqui essa semana, Lisa. - minha desconfiança cresceu ainda mais.
Na verdade eu ainda não tinha o visto depois do casamento. Mas entendia, já que ele estava trabalhando com o pai em um novo negócio.
- Els, esquece isso. Foca no trabalho. Temos mais o que fazer. - Lisa estava alterada. Preferi, para o meu bem, não insistir no assunto.
Seguimos arrumando e limpando tudo em silêncio. Durante aquela semana inteira, Lisa só falava o necessário. Em alguns momentos notei que ela me evitava. Mas eu não ligava muito, nem todos os dias são bons para todos e eu sabia que sua vida não estava tão bem. Eu a entendia. Não conseguir entrar na faculdade, entrar em vários relacionamentos que não deram em nada, porque ou dava errado ou simplesmente o garoto sumia do mapa, era realmente decepcionante.
E parecia que todas as vezes que eu mencionava o nome de Miles, Lisa o odiava ainda mais. Mas não era somente ela que demonstrava não gostar dele... Samy também. Nas vezes em que ele passou em minha casa para me buscar, Samy o olhava como se ele fosse a pior pessoa do mundo. Uma implicância infantil, era assim que eu via.
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As noites de sábado eram sempre agitadas no Pancho's. Kevin, nosso chefe, planejava músicas ao vivo, alguma atração diferente e até mesmo comidas típicas que não haviam no cardápio tradicional. Um desses sábados foi temático como "Dia de los Muertos". Pintamos nossos rostos, fizemos penteados diferentes e usamos vestidos tradicionais da festa. Era uma festa mexicana muito linda e mesmo trabalhando, me divertia bastante. Dançava algumas das canções que eram tocadas, muitas delas eu já havia aprendido a letra de tanto que repetia.
Miles passou por lá, mas não tivemos tempo para conversar. Ele apenas sorriu discretamente quando me viu, e logo mudou de expressão quando Lisa passou na nossa frente.
Já Lisa não havia falado comigo desde o momento em que chegou para trabalhar. Talvez pelo fato do movimento ter começado muito cedo, ou porque não quis mesmo. E não fiz questão de puxar conversa no meio do expediente.
Terminamos de limpar tudo no meio da madrugada. Eu só queria descansar. Lisa foi embora primeiro que eu, já que fiquei para fechar a lanchonete. Depois que vistoriei tudo, fui para casa. Não tive forças para tomar banho, apenas limpei o rosto da maquiagem e tirei o vestido. Estava acabada.
Acordei na manhã seguinte com mensagens e ligações de Kevin.
"Eleanor, preciso falar urgentemente com você."
E várias repetições do meu nome, representando gritos.
Fui mais cedo para saber o que Kevin precisava tanto e com urgência falar comigo. Entrei na sua sala, que já estava me esperando. Miles também estava la. Sua expressão demonstrava tudo que poderia ser ruim.
- Miles? O que aconteceu? - Falei já ficando preocupada.
Kevin levantou a cabeça, me olhando seriamente.
- Que história é essa de vocês estarem transando aqui na lanchonete?
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Desembarque •CONCLUÍDA - REPOSTANDO•
RomanceEleanor McCain é uma jovem comum de 16 anos que conhece Miles Elliott em uma feira de ciências na escola na qual estudavam. Foram meses de uma rápida, porém intensa amizade, até os pais de Miles decidirem mudar para outro país. 10 anos se passam e...