Capítulo 9

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O domingo chegou e com o passar do dia minha curiosidade só aumentava. O Sol estava se pondo quando estendi uma pequena toalha no gramado da minha casa.

Sentei e peguei meu livro. Fiquei alguns segundos olhando para a capa, buscando coragem para abri-lo, tirar o envelope e descobrir o que havia dentro dele. Respirei fundo e fiz o que deveria fazer.

Meus olhos encheram-se de lágrimas quando abri a folha de caderno dobrada em quatro partes. Era a letra de Bryan... eram suas palavras.

"Querida Els,

Sinto muito por não ter me despedido como deveria. No momento em que você foi embora da minha casa, tive a impressão que parte de mim ficaria em Dover.

Nossa amizade foi muito além do que eu podia imaginar. E hoje somos a prova viva de que o amor nasce nos melhores e piores momentos. Eu sempre te amei e não sabia. Sempre foi você, Els. Era você quem eu queria que estivesse comigo nos passeios da escola, nas festas de família, no silêncio, na paz ou na guerra. 

Era com você que eu queria passar cada minuto do meu tempo. Nossas conversas, nossas mensagens, sua voz... sentirei saudades.

Eu vi você se tornar uma mulher incrível, tão forte e decidida, mesmo que escondida atrás de uma menina. Uma menina que muitos não tiveram o privilégio de conhecer, mas eu sim. Continue assim... Pensando bem, não continue assim! Eu quero que você mude, mas não por mim... Eu quero que você mude por você, para que se sinta orgulhosa de si mesma.

Um dia você vai olhar para trás e ver que tudo a fez se tornar ainda melhor. E eu quero fazer parte dessa história. Nunca me esquecerei de você e do que vivemos.

Mas eu preciso te pedir que, se eu não voltar, por favor, siga sua vida. Seja feliz. Seja a Eleanor McCain que o mundo precisa conhecer.

Eu te amo assim como você ama olhar para o céu.

Com amor, Bryan." 

Eu não sabia ao certo se chorava ou sentia raiva do que havia acabado de ler. Bryan se despediu de mim a alguns dias atrás já sabendo que o tratamento de Dylan não duraria pouco tempo. Mas eu não queria me precipitar, tomar alguma atitude que viesse a nos afastar ainda mais.

Decidi que falar diretamente com ele seria o melhor a se fazer.

Já havia tentado ligar por dois dias seguidos e Bryan não me atendia. "Talvez a viagem tenha sido muito cansativa e ele precisa descansar" pensei.

Eu ainda estava sentada olhando para a carta quando meu celular tocou ao meu lado. Era ele.

- Eu estava preocupada com você. - falei num tom que beirava o autoritário.

- Me desculpe, Els. Ainda não tivemos tempo para parar e respirar direito. - sua voz estava baixa e triste.

Respirei fundo. Falei sem pensar, Bryan não estava no seu melhor momento.

- Sou eu quem deve pedir desculpas. Errei ao agir no impulso.

- Sem problemas. - senti sua respiração no fundo da ligação. - Leu a carta?

Meus olhos marejaram, minha voz embargou, minha respiração acelerou assustadoramente.

- O que você quis dizer com "se eu não voltar"? - falei segurando as lágrimas que insistiam em sair.

- Els, não sabemos quanto tempo vamos ficar aqui.

- Por isso seu pai estava tão preocupado por só ter conseguido valor para vocês passarem três meses?

Desembarque •CONCLUÍDA - REPOSTANDO•Onde histórias criam vida. Descubra agora