Capítulo 16

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- Faltam muitas malas lá dentro? - ouvi minha mãe falar enquanto eu colocava mais alguns pertences dentro do carro de Brooke.

- Deixei apenas duas na sala. - falei enquanto recuperava o fôlego - Samy irá trazer aqui.

Levantei o olhar e vi duas crianças brincando em frente a casa onde Miles morava com os pais. "Para onde foram?" me questionei. Mas logo desviei os pensamentos , já que não deveria ficar pensando nele.

Samy, por um milagre, levou minhas malas até o carro. Enquanto isso minha mãe me abraçou, o que posso comparar como uma eternidade. Sentiria falta de casa, mas estava na hora de seguir um novo rumo. Deixar Dover e toda sua história para trás. Deixar Bryan, Lisa e Miles no passado.

- Primeiramente, quero que vocês se cuidem. - mamãe olhava para Brooke e eu como se fossemos aprontar - Brooke, não deixe Eleanor comer porcarias o tempo inteiro, faça ela te ajudar nas tarefas de casa e se divirtam com cautela.

- Sim, senhora McCain. - Brooke piscou para minha mãe de maneira engraçada. Todas rimos.

- Els, eu quero que você se cuide. Não se jogue de cabeça em nada que não tenha total certeza se valerá a pena ou não. Olhe para todos com afeto, não seja mesquinha, coloque-se sempre no lugar dos outros... - sua voz era doce e agradável - E por fim... Não seja como quem te feriu. Você nasceu para brilhar, não para apagar os demais.

Fiquei sem palavras. Apenas sorri e abracei firmemente. Estava indo em busca de um sonho, sem ao menos saber se daria certo ou não, mas precisava tentar.

Me despedi de minha família e entrei no carro. Levamos duas horas para chegar no apartamento que havíamos conseguido para dividir. Dupont Circle não era um bairro extremamente rico da cidade, mas o clima entre os moradores era muito bom. As cores, a vegetação, as pessoas, tudo dava um ar de "estamos em casa".

- ENFIM WASHINGTON DC! - gritei no meio da rua assim que descemos do carro.

- Já começou a me fazer passar vergonha. - Brooke ria alto.

- Ninguém nos conhece.

- Ainda. Não esqueça disso.

Eu não estava preocupada com absolutamente nada, naquele momento eu só pensava no quão alto iriamos voar dali por diante.

Tiramos nossas malas do carro e fomos conhecer o apartamento. Seria temporário, já que pretendíamos morar em uma casa um pouco mais afastada dos bares e pubs da cidade. Precisaríamos de descanso pleno, pois a profissão exigia isto.

- A vista é linda. - falei olhando pela janela da sala de estar, não tão espaçosa, mas suficiente para nós duas.

- O quarto cinza será meu. - Ouvi os passos de minha amiga indo até o cômodo. 

- Sem problema nenhum. - falei rindo - O Sol bate ai a tarde inteira.

Meu quarto era bem arejado, com paredes claras, uma cama box de casal, uma mesa de estudos e um pequeno closet com um espelho do chão ao teto. Era tudo o que eu precisava para começar um novo momento da minha vida.

- Venha! - Brooke estava encostada na porta do quarto me observando. - Vamos dar uma volta e conhecer a cidade. Nossas aulas começam na próxima semana e eu quero estar por dentro de tudo o que acontece por aqui.

Organizei minhas roupas no closet enquanto Brooke tomava banho. Fui até a cozinha conhecer meu mais novo paraíso culinário, já que o segundo melhor lugar da casa depois do sofá, com certeza é a cozinha. 

Assim que minha amiga saiu do banho, fui me preparar para sairmos. Tomei um banho rápido, apenas para tirar o calor do corpo e conhecer o banheiro novo. Vesti uma camiseta branca básica, calça mom jeans clara, meu Vans Old School preto e envolvi meu cabelo em uma bandana vermelha.

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Já estávamos no meio da cidade quando avistei uma linda cafeteria em uma esquina próxima à Avenida Connecticut. Todo trabalhado em madeira, flores e baixa iluminação, o lugar me encantou a primeira vista. E não era para menos, já que tudo ali era aconchegante.

- Encontrei meu lugar! - eu estava exultante.

Uma senhora simpática surgiu atrás do balcão segurando uma belíssima torta de limão. Seu olhar era ternuroso, acolhedor e muito suave.

- Boa tarde meninas. - ela nos lançou um sorriso - Ou já posso dizer boa noite? - riu enquanto olhava para a rua.

- Já está quase anoitecendo, boa noite. - sorri em retribuição. - Me chamo Eleanor, e esta é Brooke, minha amiga.

- Boa noite, senhora...? 

- Sarah Orsini. Mas podem me chamar apenas de Sarah.

- Sobrenome lindo. - pontuei.

- Grazie! É italiano. Minha família veio para cá durante a Primeira Guerra Mundial. Meu pai era comerciante, vendeu tudo e fugimos.

- Mas já conheceu o país? - questionei.

- Passei três semanas em Florença. É um lugar encantador. Você precisam conhecer. - seus olhos brilhavam, vinha-lhe boas memórias.

- Iremos sim. - falamos ao mesmo tempo.

Eu já estava completamente apaixonada pelo lugar e as histórias que Sarah contou, mas Brooke queria me levar para conhecer a cidade. Prometi que voltaria sempre que possível para conversarmos.

Washington era uma cidade muito movimentada e isso me alegrava. Vi pessoas de vários países pelas ruas, ouvi vários idiomas e comecei a entender que nossa vida só muda quando decidimos mudar. E era isso que estava acontecendo com minha vida: mudando.

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Chegamos no apartamento somente no início da madrugada. Pedimos pizza para comemorar o novo ciclo, ouvimos música, dançamos e conversamos muito. 

- Isso é a realização de um sonho! - exclamou Brooke olhando pela janela.

- Se tudo não passar de um sonho, só me acorde daqui a dez anos. - falei pegando no sono.



Nota da autora!!

Meus amores... Eu estou tão feliz por ter concluído a primeira fase de Desembarque do Amor que queria realmente dormir por dez anos. Foram dois meses escrevendo sem parar e procurando dar meu melhor à vocês.

A segunda (e última) fase não será tão extensa, mas garanto que teremos momentos que ficarão gravados em suas memórias. 

Meu muito obrigada à você que está acompanhando a história até aqui.

Desembarque •CONCLUÍDA - REPOSTANDO•Onde histórias criam vida. Descubra agora