Após cinco anos...

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Eu estava mentindo pra mim mesma há todo instante. Não queria que ele me visse de tal forma. Me sentia vulgar e brega de uma maneira estranha e parecia que ela não ia me escutar por mais que eu berrasse em seu ouvido. Wheein havia se tornado uma excelente amiga, mas era uma péssima crítica pra moda. Estávamos na quarta loja de vestidos e artigos pra noivas, Wheein dizia que eu deveria experimentar de tudo para ver com qual eu iria me encaixar melhor e que as vendedoras iriam me ajudar a encontrar o meu estilo. Mas que estilo era esse? Ela não parava de falar no meu pé do ouvido, eu já não tinha espaço para dar opiniões e as vendedoras só sabiam obedecer aquela que me mandava entrar em um vestido atrás do outro sem parar. Estava ficando doida. Já fazia horas que mandava mensagem para Lisa. Decidi apelar para uma mulher mais... Madura. Quem sabe assim ela poderia colocar ordem na bagunça que isso estava se tornando?

Quando eu ia mandar mais uma mensagem, vejo Lisa entrar apressadamente na loja vindo ao nosso encontro enfim. Ela deu um olhar de repulsa a Wheein e logo se dirigiu a mim para poder me abraçar. “Espero que as coisas se ajeitem agora!”:

– Desculpa a demora S/N... Mas que porcaria é esta que você está vestindo? – Lisa desce o seu olhar para o vestido que eu estava usando no momento. Obviamente um dos milhares que Wheein havia feito eu colocar naquela loja.

– Porcaria? – Wheein se levantou rapidamente. – Esse é um dos modelos mais requintados de todo o estado. Uma relíquia! – ela gesticulava com as mãos enquanto falava.

– É... Wheein. É por isso que eu chamei a Lisa aqui... – disse me virando para um enorme espelho atrás de mim. – Até agora eu não me senti bem em nenhum vestido que você escolheu. Chegou a hora de termos uma segunda opinião, já que a minha não está contando mesmo...

– Como não está contando? O casamento é seu garota! – disse Lisa em um tom alto – Eu vou fazer melhor... – Me virando para as duas novamente eu pude ver lisa pegar Wheein pela cintura a colocando sobre o seu ombro e a carregando para fora da loja aos berros.

Todos na loja estavam com os olhos voltados para Lisa e não tinha como ser diferente. A força da chefe do departamento da zona Leste era algo de dar inveja em qualquer um. Lisa se permitiu virar a cabeça rapidamente para me dar uma piscadela de longe e sibilar a frase 'A escolha é sua!’. Com toda certeza eu estava me sentindo mais a vontade sem Wheein na minha cola, e por falar nela, a mesma estava dando um show de berros e gritarias até a porta principal. Eu não estava afim de dar muita atenção e não podia estar me divertindo mais com todo aquele drama:

– EU SÓ ESPERO QUE VOCÊ NÃO FIQUE PRESA POR MAIS CINCO ANOS! – após essas palavras, elas passam pela porta principal e então não é mais possível escutá-las direito.

Respirei aliviada por estar sozinha enquanto remoía em minha cabeça as últimas palavras que Wheein havia gritado. Eu realmente havia me prendido há cinco anos. Cinco anos se passaram desde o meu pedido de casamento, desde a morte de Wooyoung, desde a loucura de Yeosang e a prisão de Hongjoong. Pedi para o meu noivo, Mingi, esperar todo esse tempo para nos casarmos pois queria que Hong estivesse comigo no dia do meu casamento. Aliás, nós tínhamos uma história inteira de vida e eu não podia negar o passado. Hoje era o dia de ir tirá-lo da prisão. Eu havia prometido há ele que o ajudaria a se estabilizar e também o ajudaria em tudo mais que fosse necessário.

Mingi havia parecido compreender muito bem o meu pedido. Disse que estava disposto a esperar o tempo que fosse preciso para o nosso casamento e que não ia me forçar a nada. As vezes eu acho que tenho mais do que mereço. Uma noivo mais do que compreensivo, amigas pra toda hora e uma afilhada incrivelmente esperta. Wozi, filha de Wheein, estava em casa aos cuidados de Mingi. Como padrinho ele era extremamente bagunceiro, então eu confesso que estava preocupada com o estado da minha casa ao chegar.

Perdida em meus pensamentos eu nem me dou conta de que um homem para bem atrás de mim. Eu mantinha a minha cabeça baixa com o corpo virado de frente para o espelho e só ao ver um par de sapatos bem polidos ao lado dos meus saltos, que saio do transe em que me encontrava.

– Ah, oi... – digo atrapalhada ao me virar e quase cair, mas o homem a minha frente é mais rápido e me segura pela cintura dando apoio.

– É melhor tomar cuidado com estes saltos! – levanto a minha cabeça e me deparo com um homem lindíssimo de rosto. Ele aparentava ser apenas alguns anos mais velho do que eu e tinha como vestimenta um paletó fino em tom azul marinho “Pra combinar com os seus sapatos bem polidos!” pensei. – Está precisando de ajuda? – o homem perguntou se afastando.

– Ah sim! – respondi – Ainda não sei qual vestido usar. São muitas opções e eu não consigo me decidir... – ele levantou a sua mão esquerda a pedido de silêncio e saiu apressadamente do meu campo de visão. “O que deu nele?” me perguntei.

Ele havia virado a direita em um corredor cheio de vestidos de diferentes modelos logo sumindo entre eles. Eu tentei o acompanhar mas fiquei com medo de me perder, então resolvi deixar como estava. Volto para a frente do espelho e decido ir me trocar de uma vez e ir pra casa. Pego a minha bolsa que estava no estofado onde Wheein estava sentada e sigo para o vestiário. Entro nele, fecho as cortinas e começo a me despir. Não aguentava mais experimentar vestidos. Quando eu ia colocar a minha calça, ouço uma batida na parede do lado de fora do vestiário. Por estar apenas de lingerie, decido abrir um pequeno espaço da cortina no qual só se dava para ver a minha cabeça:

– Ah, aqui está você! – o homem que havia surgido e desaparecido minutos antes estava do lado de fora com um outro vestido em mãos. – Fiquei com medo de não te achar, mas enfim... – ele esticou o seus braços a fim de me entregar o vestido – Só mais este por favor?! – ele perguntou enquanto fazia um bico exagerado.

Dei um sorriso de canto e decidi esticar o meu braço para pegar o vestido. “Mais um não irá lhe fazer mal S/N”. Tiro o vestido do cabide e começo a vesti-lo devagar. Este vestido era bem diferente de todos os outros no qual eu havia experimentado. Ele continha mangas longas de renda, um decote simples na frente, pedrinhas por toda parte superior e uma saia longa e reta com direito a mais rendas na barra. Era um vestido bem confortável e eu estava doida para ver como eu ficaria com ele na frente do espelho. Após fechar os botões na lateral do vestido, eu levanto a saia com as mãos e sigo para fora do vestiário. O homem desconhecido parecia estar a minha espera e ao me ver sair abre um largo sorriso satisfeito com a sua escolha:

– Pois é... Eu realmente nunca erro! – Não dando muita importância em suas palavras eu me direciono até o espelho e começo a me observar de todos os cantos. Era um vestido simples comparado a todos os outros que havia experimentado, mas esse tinha algo mais. Fazia com que eu me sentisse muito bonita e especial.

– É realmente maravilhoso! – soltei enquanto ainda me admirava. O homem atrás de mim não podia se sentir ainda mais feliz e satisfeito ao ouvir as minhas palavras. Cada detalhe, cada parte dele... “Acho que este é o meu vestido ideal” pensei.

Tudo parecia estar correndo bem e eu já estava decidida de que era este que eu levaria para casa, mas de repente um barulho alto e forte de tiro é escutado de dentro da loja. Todas as mulheres e vendedoras estavam gritando eufóricas enquanto corriam de um lado para o outro sem entender nada. Perto da porta principal eu pude ver uma figura masculina mascarada segurando a arma para o alto. Suas mãos e braços tremiam e ele não sabia para onde olhar direito. Provavelmente era um assaltante iniciante, o que me deixou aliviada. Seria mais fácil de resolver:

– I-ISSO É UM ASSALTO! – ele gritou e deu um outro tiro para o alto assuntando a todos novamente. “Assim vai gastar todas as balas antes de roubar algo!” pensei.

Rapidamente eu puxo o homem que havia me ajudado com o vestido pelo braço e o levo até o vestiário. Não falo nada e começo a revirar a minha bolsa a procura da minha arma:

– Deveríamos chamar a polícia! – ele fala calmo. Ainda concentrada eu continuo revirando a minha bolsa até achar a minha arma. Eu a pego e a destravo de uma vez para enfim me virar para ele.

– Qual é o seu nome mesmo? – perguntei.

– Pa-Park Seonghwa! – ele respondeu mirando para a arma em minha mão. Ele estava confuso e eu não podia o culpar por isso.

– Não se preocupe Seonghwa! – segurei a arma com as duas mãos corretamente – Eu sou a polícia! – saí do vestiário para seguir em frente e acabar com o assalto.

Devaneios - ATEEZ (VOL.2 de Uma Bela Mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora