Capítulo 12: Honra, legado e glória.

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A vida não é fácil. O que todos fazem é simplesmente negarem o fato de que têm rumo, tentando acumular bens que julgam que lhe trarão um bem estar medíocre e trivial, levando a busca incessante por mais e mais. Para resumir a vida mais detalhadamente, não pode faltar a dificuldade dos problemas, junto com as responsabilidades. É um tanto controverso sofrer com momentos conflituosos, afinal, tudo vai passar, porque um dia vamos todos morrer. Porém, preenchem a vida. Talvez você seja alguém que tenha poucos problemas e sofra com eles como um bebê chorão, ou talvez tenha muitos problemas e não sofra com nenhum, como um psicopata fudido. Mas em suma, tudo se baseia no quanto você decide se empenhar pra dar certo, mesmo que nunca vá. Uma boa maneira de fazer isso é escrever uma história sobre um super-herói sem perspectiva de vida alguma, mas que mesmo assim, não consegue deixar de sofrer com as consequências de estar vivo e não poder morrer. Um tanto similar, não acha?

Mas o que eu tô fazendo enrolando tanto assim? Há uma história pra ser contada, e nela, uma pessoa em estado crítico.

Gênesi, desesperadamente apressado, destruiu a saída, ou entrada, carregando Lince em seus braços. Ela estava viva, porém inconsciente, e ficaria assim pra sempre se não houvesse uma intervenção rápida. O rapaz pressionava o ferimento na cabeça dela para impedir perda demasiada de sangue. Subiu na moto, pondo Lince a sua frente, segurando-a com uma mão, e quando começou a dirigir, controlava o veículo com a outra. Mas havia um detalhe muito importante: não havia um hospital sequer que funcionasse naquela cidade. Provavelmente, teriam que ir para outra cidade, no entanto, temia não ter o tempo necessário para isso, mas era a única viável.

Só que, numa coincidência incrível ou nem tanto, ele topou com o grupo de soldados em seu caminho mais uma vez. Da mesma maneira, eles exigiram a parada de Gênesi, só que dessa vez, o rapaz atendeu.

— Todos os civis devem seguir aos abrigos de emergência. Siga-nos. – Interceptou um dos soldados.

— Ela está ferida! Levou um tiro, tá com a bala alojada na cabeça. – Gênesi informou com os olhos já marejados, carecendo de suporte.

Os oficiais se entreolharam, vendo a infeliz situação do herói, se apressaram com a ajuda.

— Tem um campo... uma base central, não é tão longe. Deixe ela conosco e_

— Eu vou! Me diga onde é, por favor.

— 14 horas. – E a soldado ali presente indicou também com o braço.

— Valeu! – Então, Gênesi arrancou em toda a velocidade, deixando a marca de pneus no chão.

— Calma Lince. A gente já chega lá. – Disse ele a moça desacordada.

Dito e feito. Em poucos minutos que foram eternizados pelo desespero de Gênesi, ele encontrou o posto avançado indicado. Era incrivelmente parecido com os dos filmes, onde vários soldados circulavam, os desalentos recebiam suporte e os veículos militares íam e vinham. Mas enfim, Gênesi parou antes dos sentinelas o interceptarem. Ele levou Lince nos braços, correndo para dentro. Uma equipe de assistência logo veio ao seu encontro, já preparados para o pior.

— O que houve com ela? – A médica especialista interrogou espanto.

— Um tiro, na cabeça. – O rapaz respondeu, sem fôlego.

Com um gesto, a moça ordenou que trouxessem a maca, e assim foi feito. Deitaram Lince ali e a levaram para um casebre onde realizavam as atividades médicas, e claro, Gênesi ia acompanhando.

— Perdão, a partir daqui você não pode acompanhar. – Um dos cirurgiões o impediu de entrar na determinada sala onde iria acontecer o procedimento.

— Tá... – Ele compreendia a solicitação, mesmo com o aperto no peito o incomodando.

Lince atravessou aquela porta, da qual talvez não voltasse viva, e tudo o que Barry podia fazer era esperar. Durante os primeiros minutos impacientes, de repente surgiu uma fumaça fétida no ar, indicando a aproximação de um desconhecido.

— Rapaz de fibra, hein. – Essa voz rouca intrigou Barry, tanto que se virou prontamente para indentificar a figura. — Você tá sendo acusado de um monte de coisa, e até de explodir essa cidade inteira sozinho.

Era um militar, mas não um soldado comum. Em seus lábios, um charuto característico o dava um ar de fodão do lugar. E como qualquer outro personagem dessa história, começara uma conversa exótica com Barry.

— Se eu disser que não fui eu, vai adiantar de alguma coisa?

— Quem sabe? Não sou eu que faço as regras. Só sei que sua fama não tá boa pra você vir direto pros homens do governo.

Barry encarou como uma ameaça, e quem não iria? O pior era sua situação, que estava rodeado de soldados e Lince com eles.

— Eu juro que se vocês fizerem alguma coisa com ela... eu mato todo mundo desse lugar. – Falou com convicção, e realmente, não era uma boa hora para testar as capacidades de Gênesi.

— Ahahahah – A gargalhada grossa do homem foi de quebrar o clima. — Como eu disse, um rapaz de fibra. – Então, ele passou por Barry, dando uns tapinhas em seu ombro. — Não se preocupe filho, ela vai ficar bem. Temos os melhores aqui com a gente.

Assim, o jovem ficou ali esperando, apenas contando com a capacidade daqueles que estavam lhe ajudando.

Uma hora se passou, e ele andava de um lado para outro, tomado pela ansiedade.

Duas horas se passaram, e ele se sentara, mas seu corpo involuntariamente se mexia.

Três horas se passaram, e ele começou a se culpar pelo que aconteceu com Lince, até perceber que ele sempre fazia isso e não adiantava de nada.

Quatros horas se passaram, e ele se perguntava se uma cirurgia demorava tanto assim. Mas foi então que daquela porta, saiu a médica – que é descrita assim porque cuidava dos feridos. – pronta para falar com Barry. Só que antes, saiu Lince por aquele porta também.

— Lince!! – E partiu para o abraço. — Eu pensei tanta coisa cara. Fiquei com medo de te perder.

— Tenha um pouco de cuidado. É recomendado um pouco de repouso. O mais estranho é que ela já começou a andar assim que acordou.

— Ela é especial. Muito obrigado por tudo, mas nós temos que ir agora. – Pegou a mão de Lince e começou a conduzí-la para sair dali.

— E-Espera! É perigoso sair assim. Podem haver danos nos canais cerebrais dela que são_ – Ela foi interrompida, mas não necessariamente ela, e sim os dois que estavam indo embora.

A saída estava cercada de soldados, todos bem armados, impedindo a saída de ambos.

— Lince, pra trás. – Ordenou Gênesi, protegendo-a da eminente batalha.

No entanto, os militares, um por um, foram batendo continência perante o herói, formando uma trilha para fora. Desacreditado, o rapaz deu até uma risada sem graça, gostando da homenagem prestada ali. No final, o homem do charuto os esperavam.

— Rapaz, a gente sabe quem liberou a passagem para o exército e meteu bala nos desordeiros que mereciam. Alguém que faz isso não é capaz de explodir uma cidade. – Após as palavras, bateu continência também. — Considere isso como um agradecimento.

Uma felicidade enorme invadiu Barry. Finalmente as coisas pareciam estar dando certo que ele até se emocionara. Então, retribuiu o gesto com a feição risonha.

— Eu que agradeço capitão!

— É sargento.

— Sargento!

Depois de tudo, Barry e Lince puderam voltar para a moto e por fim, retornar ao lar. Ele, completamente animado, entrou vibrante no local, comemorando o sucesso. Contudo, ela mantinha a mesma expressão desde que saíra daquela sala. Quando Barry a sentou no sofá, perguntou:

— Lince...? Você está bem?

— D-Desculpa, mas quem é você?

Fim do capítulo 12

Gênesi - Queda em AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora