Capítulo 5: Mais que irmãos.

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Gênesi chegou frustrado, e em seu semblante jazia um desgosto inexplicável. A ação tantas vezes repetidas permanecia fiel como todas as outras vezes que ele passara pela porta após um dia ou noite que passou atrás de ajudar Crawn. Mesmo com seu poder e força incomparáveis, havia muitas coisas que Gênesi não conseguia controlar. Nem a maior das boas intenções parecia ser capaz de ir contra toda a desgraça que assolava a cidade, e ele sabia disso. Talvez isso explique um pouco do tal desgosto.

Assim que entrou, o rapaz retirou os coldres e consequentemente, os equipamentos. Jogou todos eles de canto, buscando um pouco mais de conforto. Em seguida, encaminhou-se ao seu grande amigo sofá, e se jogou no macio material da mobília, alcançando maior relaxamento. Esse pequeno processo o destruiu, nem percebendo Lince sentada bem do seu lado.

— Eai... – Gênesi começou uma conversa monótona, claramente desanimado.

— Oi. – Uma resposta curta foi o que teve.

Ambos mantiveram-se naquele mesmo estado, sem nem mesmo esboçarem alguma reação. Barry, numa quebra de estática, pegou o controle que se encontrava abaixo de si e ligou a televisão.

"Onda de aparições fatídicas em Crawn. Encapuzado vermelho dá as caras mais uma vez." – Barry trocou de canal, percebendo a mesmice que se passava na televisão.

"Justiceiro de Unit City obtém sucessos notáveis na sua luta contra ataque terrorista que aflige a cidade nos últimos dias. Mesmo contra o consenso governamental, sua intervenção tem se provado cada vez mais eficaz." – Com um teco de inveja do desconhecido vigilante, tornou a mudar a frequência mais uma vez.

"Hoje no cozinhando com a Gil, vocês irão aprender uma receita de um prato típico da América do Sul, uma belíssima feijoada!" – A doce senhora que apresentava o programa foi a mais aceitável para Barry, que largou o controle remoto de lado. Em seguida, sem aviso prévio, aproveitou que estava deitado e recostou sua cabeça sobre a coxa de Lince. Entretanto, nenhum dos dois se sentiu incomodado.

— Achou quem estava procurando? – A moça surgiu com a pergunta de repente, sem intensidade alguma em seu tom.

— Pelo contrário. Acabei revendo coisas que não queria.

— O mesmo para mim.

Ambos estavam claramente desanimados, tendo uma inexpressão acomodada na fala. Enfim, Lince, na mesma espontaneidade de Barry, começou a passar os dedos pelos cabelos descuidados do rapaz.

— Quer falar sobre o que está te incomodando? – A gentileza dela não deixava de existir mesmo em meio a morbidez no recinto.

— Nada que seja novidade. Há algum tempo, eu não consegui salvar uma pessoa muito importante, e essas memórias me vieram como alucinações.

Os dois suspiraram quase que ao mesmo tempo. Ambos compartilhavam de parecidos problemas, ainda que não soubessem.

— Acho que não seja tão efetivo agora, mas eu estou contigo nessa. Não precisa ter seus pesares só para você. Eu entendo que você não consiga lidar bem com qualquer que seja o problema.

— Hm? E por quê?

— Não é óbvio? Apesar da sua longa existência, você só está consciente há dois meses. Você é como uma criança.

— Faz sentido. – Mesmo sendo algo deveras intrigante, Barry não se impactou com o revelado. — Mas o que aconteceu com você? Não tive mais sinal nenhum depois que você sumiu de repente.

— Eu tive um ataque de pânico. – Ela falara com a maior tranquilidade. — Enquanto eu estava a procurar o que você pediu, uma energia obscura tomou-me de fora para dentro.

Gênesi - Queda em AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora