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O corpo exausto da Maite queria seguir dormindo, mas o canto dos pássaros penetrou em suas horas de descanso e despertou. Abriu os olhos e imediatamente voltou a fechá-los, cegada pela intensa luz da manhã que se filtrava pelas cortinas. Deu a volta e tratou de conciliar o sono de novo.

Sentiu uma intensa dor em todos os músculos de seu corpo e recordou certo episódio sexual que tinha compartilhado com William.

Fora, os pássaros continuaram cantando até que Maite já não pôde estar mais dormir. Espreguiçou-se, sabendo-se descansada como fazia muito tempo que não se sentia. Olhou a hora no despertador da mesinha de noite e imediatamente abriu os olhos espantada. Dez e meia! Se o pôs para as cinco. Que demônio tinha passado?

Levantou-se rapidamente e olhou ao seu redor em busca de William. Estaria no laboratório?

Notou uma sensação pesada na boca do estômago. Precisava falar com Erin a todo custo. Saltou da cama e sentiu o frio chão de parque sob os pés nus. Encontrou umas sapatilhas junto à mesinha de noite e as pôs e também colocou um robe de William.

Avançou pelo corredor, penteando o cabelo com os dedos.

–Poncho? Está aí? -- Foi até a cozinha e ali encontrou uma nota sobre a mesa.

Leu, reconhecendo imediatamente sua letra. Tinha deixado a cafeteira ligada e fruta e pão-doces frescos na geladeira. O que sempre tomava no café da manhã. Acariciou as palavras com os dedos. Assombrava-a o atento e observador que era com ela, como conhecia nos detalhes o que gostava e o que não.

Então soou o telefone. Maite seguiu o som até que finalmente encontrou o aparelho sobre uma mesa pequena.

–Alô -- apertou o fone contra a orelha e começou a procurar nos armários da cozinha uma xícara para o café. Necessitaria uma boa dose de cafeína para sobreviver a aquele dia.

–Mai, não te despertei, verdade? -- A voz de William chegou até o último nervo de seu corpo.

–Não. Estava a ponto de me servir uma xícara de café.

–Estou a caminho de casa e queria saber se precisa de algo.

O coração deu um tombo. Era a forma como havia dito aquelas palavras, a naturalidade com que saíram de sua boca. A caminho de casa. Maite imaginou como seria compartilhar uma casa, um lar, com ele. As tardes a sós depois de um comprido dia de trabalho no laboratório. Deixar cair na cama cada noite e fazer amor apaixonadamente. Lutou contra aquele amontoado de emoções que lutavam por apoderar-se dela.

–Preciso falar com Erin -- conseguiu dizer por fim, ignorando o nó que apertava sua garganta.

–Não estou no laboratório. Estou no carro, a um quarteirão do apartamento.

Maite mordeu o lábio inferior.

–Injetou o inibidor?

William pareceu duvidar um segundo antes de responder.

–Sim -- Em sua voz detectou algo estranho.

–Erin quem te injetou? -- perguntou ela, aguentando a respiração.

–Sim.

Deus!

Tratou com todas suas forças de manter um tom de voz calmo.

–E como... como se sente?

William, ignorando a pergunta, respondeu:

–O que está vestindo, Mai? -- A excitação era evidente em sua voz e fez que Maite sentisse pânico... e excitação.

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