{11}

226 19 3
                                    

Tinha que dizer, explicar a William o que Erin fez. O mais provável é que a odiasse por fazer algo tão ruim, por lhe deixar acreditar que o projeto tinha fracassado, mas se não se justificasse com ele, seria incapaz de seguir adiante com sua vida. Ele devia saber que o inibidor de libido funcionava. Maite não queria que acreditasse que sua carreira profissional estava em perigo.

Entrelaçou os dedos e fixou o olhar em seu colo, tratando de encontrar a forma de suavizar uma verdade tão crua. Sentiu-se muito débil, emocional e fisicamente.

–A fórmula não falhou -- disse finalmente em voz baixa.

William franziu o cenho.

–Não?

Maite respirou fundo e acrescentou:

–O que corre por suas veias não é o inibidor, mas sim o potenciador.

Levantou o olhar um instante para ver em seu rosto qual era sua reação, convencida de que mudaria seu humor por completo. Mas por que parecia que suas palavras lhe resultavam divertidas?

–Erin trocou os tubos -- continuou Maite, esperando que estas palavras apagassem o esboço de sorriso de seu rosto.

–Tem feito isso? E por quê? -- perguntou ele, pondo uma mão sobre a coxa dela.

Sua pele era cálida e suave. Ela sentiu um involuntário calafrio percorrendo as costas.

–Porque lhe disse que queria acabar o que tínhamos começado e ela me disse que trocasse os tubos outra vez, mas me sentia incapaz de te fazer algo assim. É verdade que considerei a possibilidade uma vez, ou duas, ou um milhão, mas não o fiz. Sendo assim, suponho que ela tenha feito, do contrário não teria se excitado de novo -- Estava divagando, mas era incapaz de calar-se.

William levantou o queixo uns centímetros.

–Queria acabar o que tínhamos começado? -- Sua reação confundiu Maite, que tinha esperado que se zangasse ao lhe contar o acontecido.

As palavras saíram de sua boca como se tivessem vida própria.

–Sim. Bom, não teria se deitado comigo se Erin não tivesse trocado os tubos.

–Isso é tudo?

Retirou a mão da coxa de Maite, esticou os braços por cima da cabeça e deixou-se cair sobre o respaldo do sofá. Ela estremeceu ao deixar de sentir o quente contato de sua pele. Consciente de repente de sua nudez, cruzou os braços e as pernas.

–E por que pensa isso Mai?

–Porque sou um tipo estranho, um rato de biblioteca, e não uma dessas mulheres macarrão com as quais gosta de sair.

A respiração de William trocou de ritmo. Olhou-o de esguelha, tensa ante aquela reação. Baixou o olhar até a virilha e lhe pareceu ver que ali abaixo algo se movia.

–Suponho que agora seja minha vez de confessar -- disse ele, com a voz alterada pela emoção.

Maite assentiu. Permanecia com as mãos entrelaçadas sobre o colo.

–Adiante -- não tinha a mais remota ideia do que estava a ponto de escutar. Só sabia que o que ele dissesse não podia igualar a gravidade de seus enganos.

–Erin não estava no laboratório esta manhã. Telefonei para lhe dar o dia livre.

Maite ficou rígida, perplexa perante aquelas palavras.

–Mas me disse...

Ele a interrompeu.

–Sei, e sinto muito.

Prazer Sob ControleOnde histórias criam vida. Descubra agora