Capítulo 2 - Feliz Natal!

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Perto da meia noite, o barulho que eu estava acostumada a ouvir, tinha se transformado em um constrangedor silêncio. Todos haviam brigado, e ameaçado ir embora, mas como em toda a festa, vovô tinha que bancar o herói.

— Deise! Cala essa boca! — a voz grossa surgiu por de trás das cabeças furiosas ao redor da mesa.

Todos pararam no mesmo segundo, lançando um olhar de medo para o vovô. Ele, sustentando o rosto severo, bateu o punho na mesa, causando um enorme estardalhaço.

— Já chega dessa palhaçada! Eu não quero ouvir mais ninguém falando nessa mesa. O único som que quero ouvir, até o relógio marcar meia noite, é o som dos talheres. Estamos entendidos? — ele vociferou, todos anuiram com a cabeça.

Vovó, atordoada, não sabia para onde ir  nem o que fazer. Mostrando uma figura mais serena, ele indicou a cadeira ao lado dele, para que ela se sentasse. Minutos depois, olhando em minha direção, deu uma picadinha, para confirmar que aquilo havia sido apenas um teatrinho.

Por duas horas, só se ouviu o barulho dos garfos e facas cortando os alimentos do jantar, e isso foi até um alívio para os meus ouvidos. Até as crianças haviam se aquietado no sofá da sala, assistindo TV.

Alguns minutos antes da meia noite, vovó se levantou, pegando taças pra todos os adultos da mesa, e servindo cada um com espumante. Nos reunimos em frente à TV, acompanhando a contagem regressiva, as crianças já se alvoroçavam na árvore para atacar os presentes.

Estava concentrada na contagem da televisão, quando algo tapou minha visão. Toquei o rosto, assustada, querendo encontrar a fonte da minha perda de visão. Ao mesmo tempo que todos gritavam "feliz natal", uma voz bem conhecida sussurrou em meu ouvido, arrepiando minha nuca de uma forma constrangedora.

— Feliz Natal. — foi o que a voz sussurrou, me forçando a virar abruptamente.

— Henry! — gritei.

O abracei com toda a força que eu tinha disponível e ele fez o mesmo. Minutos depois, concentrei minha atenção no fato dele realmente estar materializado na minha frente. A 450km de casa. Sem nem ao menos ter me avisado, ou respondido às minhas mensagens!

Meu rosto ficou sério, e ele percebeu minha mudança brusca de humor, e se preparou para o que viria: meus tapas.

— Por que você não respondeu as minhas mensagens! — gritei, estapeando seu braço.
Ele pareceu achar graça, e isso me deixou com mais raiva ainda.

— Quer parar? A sua família toda tá olhando. — ele segurou meu pulso.

Olhei em volta, todos nos encarando com um sorrisinho besta no rosto. Não sabia se aquilo era uma demonstração de alegria por eu estar espacando meu melhor amigo, ou a prova de que a minha família adorava uma fofoca.

— Feliz Natal? — falei, tentando quebrar o silêncio e entender os olhares esquisitos.

Felizmente, isso fez com que eles lembrassem o real motivo de estarem reunidos na casa. Em cinco segundos, todos já haviam se abraçado, beijado e trocado presentes.

A família engoliu Henry, o enchendo de perguntas. Elogiando a altura dele, os músculos novos, o início da barba no rosto e mais outras perguntas que eu realmente não gostaria de saber. Vez ou outra ele olhava em minha direção, fazendo uma careta, só pra que eu mudasse a expressão séria.

— Já tá mais calma? — ele se aproximou, depois que todos já tinham conversado com ele.

— Eu nunca estive tão calma na vida. — forcei um sorriso.

— Tá bom, eu fiquei até com medo agora. — ele recuou um passo.

— É, você deveria ter medo de esconder da sua única amiga, que estava vindo pra cá! — gritei, tentando parecer ameaçadora.

O Irmão Da Minha Melhor Amiga 3 Onde histórias criam vida. Descubra agora